O elétrico custaria o mesmo que um Camaro, cerca de R$ 310.000 (Divulgação/Chevrolet) O consumidor norte-americano é famoso pelo exagero na hora de comprar carro. Em geral, o pensamento é simples: quanto maior, melhor. Picapes, SUVs e sedãs grandalhões determinam a largura das faixas e das vagas de estacionamento, sempre gigantescas. Mas, aos poucos, eles vêm mudando essa relação de consumo. Estados como o da Califórnia contam com uma eficaz política de incentivo à compra de carros menos poluentes, como híbridos e elétricos. E são justamente esses modelos o passaporte para o futuro da indústria automotiva. É mais ou menos esse o papel do Bolt dentro da GM. Fomos até Detroit, em Michigan, nos Estados Unidos, para avaliar o modelo cuja relevância para a marca vai muito além da pretensão das vendas. Meio hatch, meio minivan, O Bolt lembra um Fit avantajado (Divulgação/Chevrolet) “Claro que esperamos uma boa receptividade do consumidor, mas a função real do Bolt é projetar o que a marca tem a oferecer em termos de carros de um futuro próximo, que são os híbridos (como o Volt) e os elétricos (como o próprio Bolt). O primeiro choque (com o perdão do trocadilho), vem com o design. Com apenas 4,17 m de comprimento, o Bolt parece um Honda Fit anabolizado, com porte semelhante ao do Kia Soul. Diferentemente do Volt, seu irmão híbrido, o Bolt tem linhas discretas, sem elementos exagerados que comumente são vistos em carros ecofriendly (amigos da natureza), como é o caso do Toyota Prius, o mais famoso dessa turma. Recarga rápida de 30 minutos garante uma rodagem de 145 km (Divulgação/Chevrolet) Na dianteira, a equipe de design pegou leve: para não intimidar o cliente, algumas partes pretas ocupam o lugar que seria das grades em um carro com motor a combustão. A tomada de ar, de fato, ocupa apenas uma pequena porção do para-choque, uma vez que o sistema de arrefecimento (a líquido) das baterias é bem menos complexo do que o de um motor convencional. A tampa do sistema de “abastecimento” no para-lama dianteiro lembra a que dava acesso ao tanquinho de partida a frio do antigo Fit. Mas no Bolt ela protege os plugues do sistema de recarga. E por falar em recarga… O sistema de baterias de lítio tem capacidade máxima de 60 kWh e é composto por 288 células divididas em três conjuntos, todos dispostos abaixo do assoalho da cabine. O bom comportamento nas curvas se deve ao baixo centro de gravidade: o conjunto de baterias, com 435 kg, está instalado no assoalho do Bolt (Divulgação/Chevrolet) Pelo equivalente a R$ 2.500, o comprador leva um kit de recarga rápida, com preparação do próprio carro e uso de um plugue especial. Com ele, uma recarga de apenas 30 minutos garante energia suficiente para rodar 145 km. Recarga rápida de 30 minutos garante uma rodagem de 145 km (Divulgação/Chevrolet) Segundo a marca, completar uma bateria do zero em uma tomada convencional de 220 V demora pouco mais de nove horas, ou seja, enquanto você dorme, seu Bolt recarrega completamente suas energias na garagem. Em uma tomada convencional de 220 V as baterias precisam de até nove horas para carregar totalmente (Divulgação/Chevrolet) Isso feito, surge o grande trunfo do Bolt: a boa autonomia de 383 km. Claro que esse número varia em função do estilo de condução, e condições de uso, clima e topografia, mas também é verdade que o número foi obtido segundo o teste-padrão americano, assim como os rivais Focus Electric (apenas 122 km) e o Nissan Leaf (172 km). A GM liberou para a nossa avaliação uma versão top do Bolt, Premier, com todos os opcionais, de US$ 43.510 (cerca de R$ 143.000 em conversão direta). Mas desconsidere esse valor, pois em muitos estados americanos, a lei de incentivo concede descontos relevantes (de quase 20%) para híbridos e elétricos. Na Califórnia, por exemplo, o Bolt básico (LT, de US$ 37.495, ou R$ 123.750) sai por US$ 29.995, ou R$ 98.980. Ainda é caro, afinal um Cruze top de linha sai por US$ 24.350, ou R$ 80.350. E para um consumidor acostumado com modelos gigantes, pesados e com beberrões motores V8, um sedã compacto, peso-pena e com um eficiente 1.4 turbo como o Cruze já parece ser uma opção de carro ecofriendly. Mas a despeito do que o americano acha do Bolt, nós fomos até Detroit para tirar as nossas impressões do elétrico que começa a chegar a toda a rede Chevrolet nos EUA. Até no sistema multimídia, o elétrico inova: de maneira fora do convencional, ele não tem um sistema nativo de GPS. Faz sentido, afinal seus potenciais donos são conectados e em sua enorme maioria vão preferir ser guiados pelo navegador do celular, conectado à central via Apple CarPlay ou Android Auto. Bolt Premier: espelho com câmera e dez airbags (Divulgação/Chevrolet) Ao volante, o Bolt empolga com respostas instantâneas do acelerador e não chega a ser incomodamente arisco. Seu sistema de freio regenerativo também introduz uma novidade. Além de poder ser inibido, permite ao piloto aumentar a força de frenagem em paradas longas por meio de uma borboleta atrás do volante, no lado esquerdo, ampliando a quantidade de energia (convertida de cinética para elétrica) enviada para as baterias. Os bancos dianteiros e traseiros são aquecidos (Divulgação/Chevrolet) Mas o Bolt seria um carro sem graça, se tudo nele fosse racional. O retrovisor interno é um grande barato. Seu espelho interno encobre uma tela capaz de exibir as imagens captadas por uma câmera na traseira. Uma vez ativado, o motorista vê um ângulo mais aberto do que se passa atrás, sem a interferência de eventuais passageiros do banco traseiro. Segundo uma fonte ligada à GM, a vinda do Bolt para o Brasil está completamente descartada: “Custaria o mesmo que um Camaro (R$ 310.000), o que inviabilizaria a venda”. Câmbio joystick traz sofisticação ao interior (Divulgação/Chevrolet) Ainda que distante da maioria dos americanos e inatingível para os brasileiros, não há como negar: o Bolt, com sua autonomia campeã, vai deixar muita gente ligada nele. Veredicto Com autonomia mais próxima do cotidiano do consumidor, o Bolt é uma alternativa elétrica real, mas ainda é preciso estar disposto a pagar alto para rodar com a consciência mais tranquila.
Fonte:
Quatro Rodas
Ficha técnica – Chevrolet Bolt
Chevrolet Bolt, um elétrico com autonomia de quase 400 km
Mais Novidades
Morre Nelson Fernandes, o criador do primeiro carro 100% nacional
Não se engane pelaampla grade: o motor é traseiro (Sergio Berezovsky/Quatro Rodas)Nascido em 24 de fevereiro de 1931 e falecido nesta quarta-feira (29), Nelson Fernandes foi uma espécie de Preston Tucker brasileiro. Com ótimo tino empreendedor, nos anos 1950 ajudou a construir o clube de campo Acre e o Hospital Presidente, ambos em São Paulo capital.Os dois empreendimentos foram erguidos através de um sistema de venda de ações que, na prática, financiou sua construção. É algo que...
Leia mais
Chevrolet Cruze sai de linha no mundo inteiro, menos na América do Sul
Chevrolet Cruze se tornou um carro exclusivo da América do Sul (Divulgação/Chevrolet)Em menos de dois anos o Chevrolet Cruze passou de carro global a um produto comercializado apenas na América do Sul.A General Motors encerrou a produção do sedã médio na fábrica de Shenyang, na China, para abrir espaço para novos produtos.O modelo rapidamente foi retirado do site local da Chevrolet, que passa a ter apenas Onix (o equivalente ao nosso Onix Plus), Monza e Malibu XL em sua oferta de...
Leia mais
Segredo: SUV popular da VW terá frente de Golf e base de projeto indiano
Dianteira do Golf 8 inspirará o visual do projeto A0 SUV (Divulgação/Volkswagen)A Volkswagen já desenvolve para lançar entre 2021 e 22 globalmente, inclusive na Índia, a nova geração do Skoda Fabia, hatch subcompacto da marca checa (subsidiária do grupo) posicionado abaixo do VW Polo.Caso seja lançado, o novo Fabia será responsável por estrear uma família de subcompactos usando uma versão simplificada da plataforma MQB A0, conhecida como MQB A0 IN.Dessa base também deve surgir...
Leia mais
Novo Seat Leon é um Volkswagen Golf mais simples e sem grife
Dianteira lembra a do Golf e também os Audi de entrada. Pudera: a espanhola Seat faz parte do Grupo Volkswagen (Seat/Divulgação)A fabricante espanhola Seat, integrante do Grupo Volkswagen, lançou esta semana na Europa a quarta geração do hatch médio Leon.O modelo será vendido por lá com múltiplas opções de matriz energética: TSI (gasolina, híbrido e híbrido plug-in); TDI (diesel) e TGI (gás natural comprimido).A modalidade plug-in do carro é a que mais chama atenção. A...
Leia mais
Os bizarros carros para PcD soviéticos que eram conduzidos com uma só mão
SMZ S-3D tinha motor de moto e foi produzido até 1997 (Reprodução/Internet)Os carros voltados a clientes PcD podem estar na moda no Brasil hoje, mas nos longínquos tempos da extinta União Soviética eles já eram comuns.Após a Segunda Guerra Mundial (ou Grande Guerra Patriótica, como era chamada na União Soviética), a Rússia e outras repúblicas soviéticas enfrentavam problemas de mobilidade para o grande número de veteranos de guerra com deficiência física.Buscaram a solução...
Leia mais
Fake news do hodômetro: como escapar de carro com quilometragem adulterada
– (Mauro Souza/Quatro Rodas)A desconfiança é comum no mercado de usados. E costuma recair naqueles seis dígitos no quadro de instrumentos. Então vem a dúvida: a quilometragem exibida no hodômetro é real ou fake news? Para ter certeza do crime (está previsto no Artigo 171 do Código Penal), precisaríamos de um equipamento que se conectasse à central eletrônica, como as concessionárias têm. Mas você pode ter uma ideia só com a inspeção visual. Afinal, com os hodômetros...
Leia mais