Novidades

18 JAN
Operários das fábricas de carros dos EUA falam de suas dificuldades

Operários das fábricas de carros dos EUA falam de suas dificuldades

Detroit, capital da indústria do automóvel, registrou uma sangria de empregos nas últimas décadas, após uma onda de demissões que afetou fortemente a classe trabalhadora.

Após pressões do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, 4 montadoras já anunciaram novos investimentos no país: General Motors, Ford, FCA e Hyundai. Trump ameaça taxar veículos vindos do México, apesar de nenhuma das montadoras declarar que os novos aportes sejam frutos dessas cobranças.

Situação dos trabalhadores
Quando, aos 46 anos, Janet Parker, que saía de uma crise de estresse, soube que a Ford a contrataria, pensou que fosse o começo de uma vida profissional mais tranquila, mas oito anos mais tarde, veio a desilusão.

"As coisas mudaram para pior. Vejo isso também pelo meu marido, funcionário da Fiat Chrysler há 25 anos", conta esta afro-americana que trabalha na fábrica Ford de Sterling Heights (Michigan) especializada em eixos, e que ainda não tem um contrato com todos os benefícios trabalhistas.

As incertezas que cercam essa precariedade tornam-se cada dia mais insuportáveis e os procedimentos para remediar a situação, respaldados pelo poderoso sindicato United Automobile Workers (UAW), são infrutíferos.

"Se eu não fosse meu marido, eu teria que ir de bicicleta. Tenho colegas que não podem nem comprar um carro Ford", lamenta.

Rebaixamento de categoria
O rebaixamento de categoria dos trabalhadores da indústria automotiva, que contribuíram para a prosperidade da famosa classe média americana, começou nos anos 2000 e ganhou força em 2009 com a queda das chamadas "Big Three" (General Motors, Ford e Chrysler).

Naquele ano, GM e Fiat Chrysler, motores da economia dessa região industrial de Michigan (norte), quebraram, e a Ford fechou fábricas, cortando milhões de postos de trabalhos.

"Nossa fábrica funcionava a todo o vapor", conta Michael Gilliken, chefe de equipe do centro de Dearborn (Michigan), que constrói as caminhonetes F-150. No entanto, a partir de 2005, as horas-extras foram abolidas, o que foi considerado um primeiro alerta.

Uma após a outra, as vantagens desapareceram (comidas gratuitas, centros de formação contínua) que antes haviam convencido os jovens da região a renunciar os estudos universitários para seguir o exemplo de seus pais e tios, integrando o trabalho na fábrica.

"Estávamos em choque. Ninguém estava preparado para isso", conta Michael, obrigado a aderir a uma paralisação técnica durante três meses.

"Você começa a se perguntar: Vender o carro? Vender a casa?", conta esse pai de cinco filhos, que manteve seu emprego graças à antiguidade no posto.

Em contrapartida, precisou aceitar o congelamento de seu salário e uma revisão em baixo de seu contrato de trabalho.

Resignação
A crise de 2008 forçou as "Big Three" a reduzirem a produção, à automatização e à perda da competitividade por causa da concorrência asiática. O Nafta, tratado de livre-comércio integrado por Estados Unidos, Canadá e México, provocou também perdas importantes.

"O Nafta desencadeou deslocamentos (de indústrias para outros países onde a produção seria mais barata) e empurrou os salários em baixa", explica Scott Houldieson, funcionário da fábrica Ford de Chicago.

Michael Gelliken denuncia, por sua vez, as decisões "ruins" adotadas pelos gigantes de Detroit: "Nós não fabricamos veículos de qualidade neste país. Elegemos quantidade mais do que qualidade".

Consequência: embora a General Motors e a Ford continuem sendo os dois maiores vendedores de automóveis dos Estados Unidos, são acompanhados de perto pela Toyota, enquanto a Fiat Chrysler avança lado a lado com a Honda e a Nissan.

A tendência é a mesma no sul do país, onde fabricantes estrangeiros como a alemã Volkswagen abriram fábricas para aproveitar um clima anti-sindical e impôr salários baixos.

Apesar de o ressurgimento da indústria do automóvel americano em 2012 permitiu criar empregos e permitir em 2015 o primeiro aumento dos salários há uma década, o estatuto dos trabalhadores não foi reforçado.

Um jovem novato ganha entre 14 e 20 dólares por hora, não contribui para a aposentadoria, frequentemente não tem plano de saúde e tem que esperar vários anos para um contrato com todos os benefícios trabalhistas.

"Quando eu comecei, nos davam todos os benefícios aos 90 dias", lembra Jeff Brown, que trabalha na fábrica de montagem da Flat Rock (Michigan), para a qual a Ford acaba de anunciar um investimento de 700 milhões de dólares diante das pressões de Donald Trump.

Os trabalhadores consultados pela AFP parecem resignados. Embora confessem não ter simpatia por Trump, aplaudem seu protecionismo, como Janet Parker, para quem essa política poderá permitir a manutenção de seu emprego, apesar da precariedade. Apesar de seu estatuto precário. Nas últimas eleições, o estado de Michigan votou pelo republicano Trump, após 28 anos de voto democrata.

 

 

Fonte: G1

Mais Novidades

05 AGO
Novo Hyundai Sonata estreia inédito teto capaz de captar energia solar

Novo Hyundai Sonata estreia inédito teto capaz de captar energia solar

Painel solar está localizado no teto do Sonata (Divulgação/ Hyundai) (Divulgação/Hyundai)A nova geração do Hyundai Sonata estreia em sua versão híbrida um teto solar dotado de um painel para captação de energia solar. A tecnologia será disponibilizada, em princípio, a consumidores da Coreia do Sul e da América do Norte.Além do painel solar, será instalado um controlador de voltagem que converterá a energia do sol em uma energia elétrica utilizável para o veículo.De acordo... Leia mais
05 AGO
Carro voador: veja projetos em desenvolvimento

Carro voador: veja projetos em desenvolvimento

Notícias de carros voadores estão se tornando mais frequentes a cada dia. Essa corrida para ver quem domina primeiro esta tecnologia, e a coloca no mercado, envolve gigantes como Boeing, Airbus e Uber, mas também tem projetos nas mãos de várias startups pelo mundo. A mais recente vem do Japão com o modelo da Nec Corp, que fez um voo de 1 minuto a 3 metros de altura. Alguns se parecem mais com um carro de verdade, enquanto outros utilizam tecnologia mais similar a de drones.... Leia mais
05 AGO
Mercedes mais caro, AMG GT R Pro chega ao Brasil por R$ 1,7 milhão

Mercedes mais caro, AMG GT R Pro chega ao Brasil por R$ 1,7 milhão

A Mercedes-Benz anunciou nesta segunda-feira (5) a chegada ao Brasil de seu carro mais caro. O AMG GT R Pro custa R$ 1.699.900. Ele faz parte de uma edição limitada a 750 unidades. Ficou interessado? Tarde demais. A Mercedes disse que todos os 4 exemplares destinados ao país já foram vendidos. O AMG GT R Pro é a opção mais extrema do esportivo alemão. Ela é mais potente do que as demais, além de trazer melhorias na suspensão, aerodinâmica e alívio de peso. Seu... Leia mais
05 AGO
BMW i3 ganha nova versão totalmente elétrica por R$ 237.950

BMW i3 ganha nova versão totalmente elétrica por R$ 237.950

O BMW i3 passa a ter uma nova versão na linha 2020. Nesta segunda-feira (5), a fabricante alemã lançou a configuração BEV Full, por R$ 237.950. Ela traz motor elétrico de 170 cavalos e 25,5 kgfm, e tem autonomia de até 335 km, de acordo com o ciclo europeu. Segundo a BMW, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos, com velocidade máxima de 150 km/h. O i3 BEV Full é a quarta versão disponível para o modelo, e é a mais completa entre aquelas que não possuem o... Leia mais
05 AGO
Com vendas baixas, Ford EcoSport 2020 fica quase R$ 11.000 mais barato

Com vendas baixas, Ford EcoSport 2020 fica quase R$ 11.000 mais barato

Ford EcoSport (Divulgação/Ford)A vida realmente não anda fácil para a Ford no Brasil. Após descontinuar Fiesta e Focus, a fabricante promoveu uma queda brusca nos preços da linha 2020 do EcoSport.Reflexo das vendas baixas do SUV compacto, que entre janeiro e julho de 2019 emplacou pouco mais de 17 mil unidades.Nos dois últimos meses, por exemplo, o modelo foi responsável por vender menos de 5 mil exemplares, ficando abaixo de rivais como VW T-Cross e Renault Captur no período. Veja... Leia mais
05 AGO
Land Rover convoca recall de apenas uma unidade do Range Rover Velar

Land Rover convoca recall de apenas uma unidade do Range Rover Velar

A Land Rover anunciou um recall envolvendo uma unidade do Range Rover Velar de ano/modelo 2019, fabricada entre outubro e novembro de 2018, de chassi SALYA2BV9KA202359. Há risco de quebra da ponta do virabrequim, com possíveis danos ao motor. De acordo com a marca, o parafuso da polia do virabrequim principal central pode ter sido fabricado fora das especificações corretas. Com isso, ele pode se quebrar, levando à oscilação na polia e, por fim, à quebra da ponta do virabrequim... Leia mais