Novidades

08 NOV
Em 1989, VW Gol trocou cultuado motor AP pelo CHT; e mudou para pior

Em 1989, VW Gol trocou cultuado motor AP pelo CHT; e mudou para pior

Gol GL testado pela revista Quatro Rodas. 1989 (Acervo/Quatro Rodas)

Publicado em novembro de 1989

De repente o Gol passou a andar menos, gastar mais combustível na estrada e fazer outro tipo de barulho. O que mudou?

Na visão da Volkswagen – e só dela -, o carro que mais vendeu no país nos entre 1987 e 1988 continuava sendo o mesmo, ainda que sob seu capô estivesse agora um motor 17 cavalos mais fraco, de concepção antiga e que até então equipava o Escort, a Belina e o Del Rey.

Esse motor é o antigo CHT, da Ford, que passa a ser chamado de AE e que começou a equipar as linhas Gol, Voyage, Parati e Saveiro, nas versões CL e GL, substituindo o tradicional e bem sucedido Volkswagen AP 600 – uma das melhores coisas que a Volkswagen já produziu em seus mais de trinta anos de Brasil.

Em suma, o melhor motor nacional acabou e o resultado disso está nos números deste teste.

Em relação ao Gol tradicional, o novo modelo gastou um segundo a mais para acelerar de 0 a 100 km/h (12,60 segundos, contra 11,56), foi quase 10 km/h mais lento na velocidade máxima (153,1 km/h contra 161,4 km/h) e precisou de mais dois segundos para retomar a velocidade dos 40 a 100 km/h – uma diferença sensível quando se trata, por exemplo, de ultrapassar um caminhão numa estrada de mão dupla.

E no único item onde a própria fábrica esperava considerável melhora – o consumo – não aconteceu nada de excepcional.

O Gol com motor AE a álcool só conseguiu ser mais econômico na cidade, e ainda assim por escassos 5% – metade da vantagem que a Volkswagen esperava , que era de 10%. Ele fez 7,85 km/l, contra 7,47 km/l do Gol tradicional. Nada tão significativo que justificasse a manutenção do preço para um carro mais fraco.

Se o consumo na cidade ficou aquém da expectativa, na estrada a situação foi ainda pior: o novo carro gastou mais combustível que o velho. A 100 km/h, só com o motorista, fez 11,30 km/l contra 11,68 km/l do mesmo carro com motor VW 1.6. Carregado, foi mais beberrão: 10,49 km/l contra 11,10 do antigo.

A explicação para essa diferença está no próprio motor AE: com 17 cv a menos de potência, é preciso calcar mais o acelerador para manter a mesma velocidade.

Gol GL testado pela revista Quatro Rodas. 1989 (Acervo/Quatro Rodas)

A rigor, a única real vantagem da troca de motores foi o nível de ruído, que baixou consideravelmente. Agora é possível conversar com o carro em movimento sem precisar elevar o tom da voz.

Apesar de tudo, um usuário comum pode não notar de imediato as diferenças entre o novo e o velho Gol. É que o carro chega a causar boa impressão em velocidades baixas.

Na cidade, as respostas do motor ao acelerador são rápidas e ele até dá a sensação de ter potência. Quando se imagina que o motor continuará crescendo de giro, há uma estancada e o carro demora para atingir velocidade.

Além disso, com três quartos do acelerador pressionado, surgem vibrações na alavanca do câmbio (que, aliás, continua sendo VW) e na direção.

Com exceção do motor, nada mudou no Gol – daí a definição da fábrica de que o carro é o mesmo. A carroceria é exatamente igual, o painel não ganhou nenhum botãozinho a mais (embora merecesse um conta-giros no lugar do relógio) e o conforto continua precário.

Na frente, até que há espaço, apesar dos bancos serem baixos demais. Mas, atrás, até os baixinhos são vítimas de cabeçadas involuntárias no teto. Em compensação, a visibilidade geral é boa, os freios trabalham com folga, por causa da menor potência do motor, e a estabilidade permanece adequada.

Um carro, enfim, equilibrado e confiável, apesar de ter o menor porta-malas do mercado. Culpa do estepe, que vai dentro dele.

Tamanho sucesso, entretanto, pode ter ficado comprometido por causa do motor AE.

Ao contrário do modelo anterior, o novo Gol parecia destinado a quatro tipos específicos de compradores: as empresas com frotas de veículos, os motoristas de táxi (ambos por causa do baixo custo de manutenção), as pessoas que, como as donas de casa, não se preocupam tanto com desempenho, mas com o preço do carro e o consumo, e, finalmente, os participantes de consórcios – estes os mais prejudicados com a novidade, porque já vêm pagando por um produto melhor e irão receber algo mais fraco no lugar.

Para atenuar esse problema, a fábrica talvez adote o critério de segurar o preço do carro daqui para frente, aplicando sobre ele índices menores de aumento – até, quem sabe, desbancar o Chevette da posição de carro mais barato do país.

Não é uma tarefa muito difícil, mesmo porque a morte do Chevette estava próxima. Difícil mesmo será mesmo será convencer os compradores de que mudando o motor o carro continua o mesmo.

Motor AP do Gol 1989 (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

Desde o começo de novembro de 1989, as concessionárias Volkswagen estavam vendendo o Gol com motor Ford.

Contudo, era bem possível que, durante algum tempo, que alguém conseguisse comprar o Gol tradicional, com motor VW AP 600 – além do que, em breve, o novo modelo já estaria no mercado de carros usados.

O problema é que, como os dois carros são idênticos na aparência, não há como descobrir se o Gol em vista tem motor Volkswagen ou Ford, a não ser abrindo o próprio capô.

Feito isso, um comprador mais atento logo perceberá a diferença. Mas um leigo pode continuar na dúvida. Afinal, um motor é um motor sem grandes diferenças aparentes.

Para estes, a grande saída é atentar para dois detalhes que caracterizam o motor AE: o símbolo da Auto Union (quatro aros entrelaçados) em relevo na tampa de válvulas (topo do motor) e – mais fácil – o filtro de ar, que no Gol com motor VW é redondo e grande feito uma panela, enquanto no novo modelo é quadrado, pequeno e montado sobre o pára-lama, com uma ligação de borracha até o carburador.

Motor AE do Gol 1989 (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

Conferir o motor é a maneira mais segura de não comprar gato por lebre. De resto, não há como avaliar um carro ou outro. As siglas das versões são as mesmas e até o barulho do motor AE foi alterado através do escapamento para ficar igual ao ruído do antigo Gol. Na verdade, ficou até melhor, mais silencioso.

Na tentativa de tornar iguais carros diferentes, a fábrica chegou a requintes como desenvolver uma ponteira de escapamento visualmente igual à do Gol com motor AP 600 – aquele que, lamentavelmente, não existia mais.

Na época, quem quisesse comprar um Gol zero-quilômetro com legítimo motor VW só tinha uma alternativa: recorrer à versão GL, que opcionalmente viria com motor 1.8. Segundo a fábrica, a diferença de preço entre os dois motores fica por volta de 8%. Para o Gol CL, no entanto, não há saída: o único motor disponível é mesmo o AE.

 

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

10 SET
Mercedes-Benz confirma GLB para o Brasil e divulga planos de eletrificação

Mercedes-Benz confirma GLB para o Brasil e divulga planos de eletrificação

A Mercedes-Benz confirmou nesta terça-feira (10), durante o Salão de Frankfurt, a chegada do GLB ao Brasil para o segundo semestre de 2020. Inicialmente, a versão escolhida foi a GLB 35, trazendo motor de 310 cv. O SUV é o primeiro modelo assinado pela AMG que pode levar até 7 passageiros. A marca também mostrou uma versão "convencional", a GLB 200, ainda sem confirmação para o Brasil. A configuração que será vendida por aqui é equipada com um motor 2.0 turbo de 4... Leia mais
10 SET
Longa Duração: infiltração faz porta-malas do VW Virtus virar uma piscina

Longa Duração: infiltração faz porta-malas do VW Virtus virar uma piscina

Certo dia, o pneu furou. E esta foi a cena encontrada quando fomos pegar o estepe. Não dá pra dizer que não cabem muitos litros no porta-malas do Virtus (Fernando Pires/Quatro Rodas)Pouco antes da revisão dos 50.000 km, alguns motoristas relataram ter encontrado água escorrendo no interior do porta-malas. Outro incômodo, consequência natural da infiltração, foi o mau cheiro típico de carpete molhado. Pedimos uma solução à concessionária Original, de Guarulhos (SP), onde fizemos a... Leia mais
10 SET
Autodefesa: Hyundai Creta 1.6 e o estranho barulho das válvulas do motor

Autodefesa: Hyundai Creta 1.6 e o estranho barulho das válvulas do motor

Motor que parece máquina de costura? Reclamação comum para o Creta (Acervo/Quatro Rodas)Barulho de motor batendo válvula é coisa de carro com alta quilometragem, correto? Errado.Não é só automóvel velho que apresenta o som típico de máquina de costura. O problema é tão conhecido entre donos do Hyundai Creta 1.6 que conseguimos reunir pelo menos 16 casos.Um deles é o representante comercial Kleber Ribeiro, de Osasco (SP), dono de um Creta Attitude 1.6 2018.“Depois de 4.000 km, o... Leia mais
09 SET
Toyota Camry TRD é um coroa acelerado com motor V6 de 300 cv

Toyota Camry TRD é um coroa acelerado com motor V6 de 300 cv

Tiozão Camry TRD tem ajustes em grade, freios, rodas, freios e suspensões (Divulgação/Toyota)A Toyota já havia anunciado a chegada do Camry TRD em novembro do ano passado, mas somente agora todos os seus atributos foram revelados.TRD, caso você ainda não conheça, é a sigla de Toyota Racing Development, departamento de preparação para competições automobilísticas da fabricante nos Estados Unidos.Traseira traz aerofólio, saída dupla de escape e difusor (Divulgação/Toyota)A... Leia mais
09 SET
Os incríveis veículos da Toyota para levar atletas nas Olimpíadas de 2020

Os incríveis veículos da Toyota para levar atletas nas Olimpíadas de 2020

Toyota disponibilizará cerca de 3.700 veículos para equipes de atletas e público em geral (Divulgação/Toyota)Como patrocinadora dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020, a Toyota ficará responsável pela mobilidade das pessoas durante o evento.Para isso, a empresa vai disponibilizar cerca de 3.700 veículos (incluindo aí não só automóveis, mas também diferentes dispositivos de transporte) para atletas, técnicos, médicos e público em geral.Desse total de veículos,... Leia mais
09 SET
Lamborghini apresenta seu primeiro carro híbrido, o Sián

Lamborghini apresenta seu primeiro carro híbrido, o Sián

A Lamborghini apresentou nesta segunda-feira (9), na véspera do Salão de Frankfurt, seu primeiro modelo híbrido, o Sián. O hipereresportivo tem 830 cavalos de potência (ou 819 hp), desenvolvidos por um motor 6.5 litros V12 a gasolina, o mesmo do Aventador, e por um elétrico de 48 volts. Isso faz dele o carro mais potente já produzido pela marca italiana, superando o próprio Aventador, com seus 780 cv. A máquina acelera de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e chega aos 350 km/h,... Leia mais