Novidades

28 AGO
A feira que revelou ao Brasil a TV a cores, o VW SP2 e o Mercedes C-111

A feira que revelou ao Brasil a TV a cores, o VW SP2 e o Mercedes C-111

Mercedes-Benz C111 deixando visitantes boquiabertos no Ibirapuera (Mercedes-Benz/MIAU/Divulgação)

O que o lendário carro-laboratório Mercedes-Benz C-111 e o protótipo do VW SP-2 têm em comum?

Além de serem veículos-conceito, ambos dividiram as atenções dos brasileiros na exposição A Alemanha e Sua Indústria, mais conhecida como Feira da Indústria Alemã.

Parece evento realizado em terras germânicas, mas na verdade ele ocorreu na área do Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera – o Salão do Automóvel já havia se mudado para o Anhembi em 1970 –, entre 24 de março e 4 de abril de 1971.

A exposição foi impressionante: em 45 mil metros quadrados divididos em cinco pavilhões, 573 empresas alemãs de vários segmentos industriais mostraram seus últimos desenvolvimentos tecnológicos.

Para receber a feira, o pavilhão foi todo reformado, com a instalação de 65 quilômetros de fios e tubulações para que o público pudesse ver 400 máquinas funcionando – o consumo diário de energia equivalia ao de uma cidade de 30 mil habitantes.

Só para contextualizar bem o que era aquela época, um grande sucesso da feira foi a exibição do sistema PAL de TV a cores: a televisão brasileira então só transmitia em preto e branco.

Feira da Indústria Alemã: um evento grandioso no Brasil para impressionar… alemães (Mercedes-Benz/MIAU/Divulgação)

O impacto da mostra foi tamanho que começou fora do Ibirapuera, no Aeroporto de Viracopos: pela primeira vez vinha ao país o que era então o maior avião de passageiros do mundo, um Boeing 747 (na época apelidado de “Jumbo”) operado pela Lufthansa.

Veio de Frankfurt trazendo 300 convidados para a feira, entre empresários e autoridades alemãs.

Cinco mil pessoas foram ver a chegada do avião, e a segurança teve que ser reforçada para evitar que a pista fosse invadida pelos mais entusiasmados após o pouso.

Ainda um conceito, Volkswagen SP2 foi agilizado às pressas para estar no evento (Volkswagen/MIAU/Divulgação)

Na Bienal as empresas automotivas se destacavam: além da Mercedes e da Volkswagen participaram a Porsche, que trouxe um 914, um 911 e um 911 Targa, e a BMW, com um 2800 CS.

O estande da Volkswagen era um dos maiores e mais imponentes da mostra não à toa: o presidente mundial da empresa na época, Kurt Lotz, era também presidente do comitê organizador da feira.

Objetivo da VW era agradar o presidente mundial, Kurt Lotz (Volkswagen/MIAU/Divulgação)

A fabricante, portanto, não podia fazer feio. O problema é que não havia nada muito espetacular à mão: apenas o TL e a Variant com frente nova e o inédito TL quatro portas.

Para o nosso mercado na época seria mais do que o suficiente, mas não para impressionar o presidente mundial da empresa.

SP2 logo ganhou um apelido: “Volks esporte” (Volkswagen/MIAU/Divulgação)

Decidiu-se então exibir pela primeira vez o protótipo de um carro esportivo que ninguém no mundo fora dos portões da VW do Brasil já tinha visto, totalmente concebido e desenhado no país. Foi um assombro.

Naquele momento o carro não tinha nem nome nem previsão de lançamento. Foi apresentado como “Modelo de Estudo”, mas ganhou rapidamente apelido de “Volks esporte”. Era o SP2, que chegaria efetivamente ao mercado mais de um ano depois.

Modelo caiu logo nas graças do público. Afinal, como resistir a esta traseira? (Volkswagen/MIAU/Divulgação)

Só que a Mercedes não queria ficar atrás – afinal era uma mostra para explicitar toda a modernidade tecnológica da então Alemanha Ocidental.

No estande já haveriam os modelos 300 SEL, 600, 280 SE, 280 SL e 250 CE com injeção eletrônica, além de um Unimog.

A discrepância de ter um C-111 exposto ao lado de caminhões e ônibus feitos pela Mercedes no Brasil (Mercedes-Benz/MIAU/Divulgação)

Mas, para não correr riscos, a matriz mandou embarcar para o Brasil nada menos do que o C-111 II, o carro mais absurdamente impressionante da época: “Totalmente projetado por computador”, gostavam de repetir, assombrados, os jornais.

As imagens aqui mostradas do C-111 no Ibirapuera são em sua maioria absolutamente inéditas, oriundas do acervo da Mercedes-Benz do Brasil, que gentilmente permitiu acesso com exclusividade ao Miau (Museu da Imprensa Automotiva).

O carro havia sido mostrado anteriormente apenas no Salão do Automóvel de Genebra de 1970.

C-111 ficou exposto com bastante destaque no estande (Mercedes-Benz/MIAU/Divulgação)

Era uma espécie de laboratório futurístico da Mercedes-Benz: além do design arrojado, muito à frente de seu tempo, tinha portas estilo asa-de-gaivota e carroceria em fibra de vidro.

O motor era um Wankel com quatro rotores instalado em posição central, 7,2 litros com injeção direta de combustível e 380 cv. Fazia de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e alcançava os 300 km/h.

C-111 era um esportivo de linhas quase pornográficas (Mercedes-Benz/MIAU/Divulgação)

O câmbio era manual de cinco marchas com duplo disco de embreagem – em terceira o C-111 já beirava os 200 km/h.

A ideia era produzi-lo em série, mas os altos consumo e nível de emissões, ajudados pela crise do petróleo, barraram os planos. Mais tarde a Mercedes-Benz ainda trocou o motor por um diesel 3.0 cinco cilindros com turbo e intercooler, de 193 cv.

Para mostrar do que o carro era capaz houve uma prova no circuito circular de Nardò, na Itália, onde o C-111 II D percorreu absurdos 16 mil quilômetros em 64 horas, com média de 252 km/h.

C-111 foi a sensação do evento (Mercedes-Benz/MIAU/Divulgação)

No Ibirapuera o carro permaneceu imóvel, mas as filas que se formaram para vê-lo de perto comprovaram que ele foi o maior destaque da feira alemã, deixando os fanáticos por carros da época simplesmente alucinados.

Para tristeza geral, ele foi embarcado de volta à Alemanha logo ao fim da mostra, para nunca mais voltar.

Para os brasileiros o jeito de matar as saudades foram os brinquedos da época: a Glasslite tinha um C-111 bate-e-volta que foi bastante popular até meados dos anos 80.

Se você gostou dessa e curte outras histórias envolvendo carros, visite o Miau (Museu da Imprensa Automotiva): seu grande acervo conta essas e outras curiosidades por meio de revistas, fotos, livros e materiais de imprensa especializada.

O museu fica na Rua Marcelina, 108, na zona oeste de São Paulo. O site é o www.miaumuseu.com.br e o telefone o (11) 98815-7467.

É jornalista especializado em automóveis e fundador do Museu da Imprensa Automotiva.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

25 JUL
Nissan anuncia corte de 12.500 empregos em todo o mundo

Nissan anuncia corte de 12.500 empregos em todo o mundo

A Nissan anunciou nesta quinta-feira (25) a demissão de 12.500 funcionários em todo o mundo. O corte chega depois da a empresa apresentar fraco desempenho nos Estados Unidos e Europa, além de enfrentar a crise causada pela prisão de Carlos Ghosn, ex-presidente da marca. O atual presidente da empresa, Hiroto Saikawa, disse que os trabalhadores de fábricas serão os mais afetados pelas demissões, porém, não apontou em quais localidades, de acordo com informações da AP. "A... Leia mais
25 JUL
Mercedes lança Classe C cupê e conversível renovados no Brasil

Mercedes lança Classe C cupê e conversível renovados no Brasil

A Mercedes-Benz lançou nesta quarta-feira (24) os Classe C Coupé e Cabriolet renovados no Brasil. Oferecidos exclusivamente na motorização 300, custam R$ 289 mil e R$ 313,9 mil, respectivamente. A dupla traz motor 2.0 de 4 cilindros com 258 cavalos e 37,7 kgfm. Eles são comandados por um câmbio automático de 9 marchas. Segundo a Mercedes, o Coupé acelera de 0 a 100 km/h em 6 segundos, marca 0,2 s mais rápida do que o Cabriolet. Classe A Sedan chega ao Brasil a partir de R$... Leia mais
25 JUL

Carros elétricos usados em Noronha podem poluir mais que uma van a diesel

Elétricos em Noronha: ecológicos, pero no mucho (Divulgação/Renault)No último mês a Renault cedeu por comodato à administração de Fernando de Noronha (PE) seis veículos elétricos, sendo um Kangoo Z.E., dois Twizy e três Zoe.A iniciativa ocorreu no momento em que a região decretou o banimento da compra de veículos a combustão a partir de 2022, e visa tornar a mobilidade local sustentável. Só faltou combinar com a Celpe.A empresa pernambucana é responsável por gerar energia... Leia mais
25 JUL

Top Ten: carros nacionais que inovaram com itens que rivais nem sonhavam

O Saga não tinha o vinco lateral típico dos Miura (Acervo/Quatro Rodas)Na aridez de tecnologia que era o mercado fechado aos importados dos anos 80 e 90, o fora de série Miura Saga arrasava: portas com controle remoto, freios ABS e bancos e coluna de direção com ajuste elétrico. A expressão “só faltava falar” nem caberia, pois o esportivo gaúcho trazia um sintetizador de voz que dispunha de sete alertas falados.Chevrolet Chevette Junior: esta versão depenada do Chevette foi uma... Leia mais
25 JUL

Correio Técnico: como funciona o ajuste automático de altura do farol?

O ajuste automático de altura é obrigatório em alguns mercados europeus dependendo da tecnologia do farol (Divulgação/Volkswagen)Como funciona a regulagem automática de altura do farol? –  Yana Garcia, Curitiba (PR)Um sensor compensa a mudança na atitude do carro para evitar o ofuscamento dos outros motoristas.A lógica é simples: quando o veículo está mais pesado, sobretudo no porta-malas, a suspensão traseira afunda mais que a dianteira. Isso faz com que os faróis apontem... Leia mais
24 JUL

Esclarecimento: Caoa Chery divulga anúncio incorreto com QUATRO RODAS

Caoa Chery Tiggo 7 (Caoa Chery/Divulgação)A Caoa Chery iniciou nos últimos dias uma campanha publicitária na televisão em que citou um comparativo feito por QUATRO RODAS envolvendo o SUV médio Tiggo 7.O texto do informe afirma que o modelo “ultrapassou Toyota RAV 4, Honda CR-V, e venceu o Jeep Compass no comparativo da revista QUATRO RODAS”.De interpretação dúbia, a frase levou espectadores a acreditarem que QUATRO RODAS promoveu um comparativo múltiplo entre o Tiggo 7 e os... Leia mais