Novidades

15 JUL

Ford sabia de falhas do câmbio Powershift antes de lançar Fiesta e Focus

Ford Fiesta (Divulgação/Ford)

O jornal Free Press, sediado em Detroit (Estados Unidos), publicou na última semana uma reportagem que mostra, a partir de documentos obtidos pela publicação, que a Ford tinha ciência dos problemas relacionados do câmbio Powershift mesmo antes de colocar à venda as penúltimas gerações do compacto Fiesta e do médio Focus.

A empresa lançou os modelos ao mercado em 2010 e 2011, respectivamente, nos EUA. Desde então se tornaram comuns reclamações a respeito de rápido desgaste interno da caixa, além de aceleração repentina, lentidão nas trocas de marchas e trepidações.

O jornal americano analisou 72 arquivos (somando e-mails, documentos internos e judiciais), e constatou que mesmo após os avisos dos advogados da empresa, engenheiros e gerentes, a Ford se recusou a fazer mudanças na caixa DPS6 (código interno), fornecido pela Getrag (empresa especializada em sistemas de transmissão e que tem a Ford como uma das proprietárias).

Além disso, as concessionárias eram orientadas a dizer aos clientes que eventualmente fizessem alguma reclamação que os carros funcionavam normalmente.

Hoje rodam pelas vias americanas cerca de 1,5 milhão de veículos da marca com o câmbio Powershift. A Ford acumula ações coletivas nos EUA, que alegam que os clientes foram defraudados e apesar das negações da Ford, há também ações coletivas na Austrália e Tailândia.

Em agosto de 2010, seis meses antes do lançamento da nova geração do Focus nos EUA, o engenheiro de desenvolvimento de produtos, Tom Langeland, enviou um e-mail interno relatando que o câmbio Powershift apresentava uma “desagradável trepidação”.

Outro correio eletrônico, enviado por Craig Renneker, diretor de engenharia de transmissão, para Richard Bonifas, gerente de atendimento ao cliente da fábrica da marca em Dearborn, Michigan, recomendava que unidades do Focus fossem encaminhadas às concessionárias mesmo assim, independentemente das falhas detectadas:

“Os veículos Focus equipados com a transmissão DPS6 podem sofrer uma trepidação no arranque ou enquanto reduzem [a velocidade] até parar. Vamos enviar os veículos aos concessionários com o nível de trepidação que temos atualmente e continuar os nossos esforços para uma resolução o mais rápido possível. Essa é apenas a minha opinião e não é popular.”

Os documentos também mostram que os advogados da Ford disseram aos engenheiros, ainda em 2008, que estavam preocupados com a segurança da tecnologia de dupla embreagem, devido a problemas de uso com a caixa DSG, da Volkswagen, na Europa.

Apurações internas da Ford e reclamações da NHTSA (Administração Nacional de Segurança no Trânsito dos EUA) mostram que muitos veículos equipados com DPS6 exibiram problemas imediatamente após serem comercializados.

Ford Focus (divulgação/Quatro Rodas)

Apesar dos avisos, a Ford insistiu em lançar os modelos com o Powershift, para em seguida pesquisar soluções a fim de aprimorá-lo.

Em 2012, a fabricante realizou uma análise confidencial e reconheceu que tomou atalhos para economizar dinheiro, comprometendo os protocolos de qualidade instituídos pelo então presidente-executivo, Alan Mulally.

No documento, também foi dito que “as transmissões seriam eliminadas e uma tecnologia diferente seria usada no futuro”. Entretanto, somente nos últimos dois anos os modelos começaram a trocar a caixa Powershift por sistemas automáticos com conversor de torque.

Isto porque, também em 2012, o engenheiro de sistemas, Tom Hamm, enviou um e-mail interno que dizia: “Não há conserto [para a caixa DPS6] neste momento. Temos uma força-tarefa trabalhando no problema, mas eles não identificaram nenhuma correção”.

Em 2014, a Ford recusou uma investigação formal sobre o tema, alegando que os “veículos nos quais o DPS6 foi instalado eram e permanecem seguros”, pois a direção é hidráulica e as outras funções do carro continuavam a trabalhar e, assim, não havia riscos de acidente. Por isso, nunca a fabricante realizou um recall global a respeito do tema.

Ainda assim, ações coletivas em diversos países estão em andamento, forçando a Ford a fechar acordos de reparo gratuito e extensão de garantia da caixa.

No Brasil, por exemplo, a Ford reconheceu as falhas do sistema e estendeu a garantia dos modelos envolvidos de três para cinco anos ou 160 mil quilômetros rodados.

Segundo um relatório interno de 2016, os gastos da Ford até 2020 “relacionados à qualidade” da caixa DPS6 poderão chegar a US$ 3 bilhões.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

13 NOV
Ministro da Saúde diz que Tesouro vai ter que 'alocar recursos' para compensar verba do DPVAT no SUS

Ministro da Saúde diz que Tesouro vai ter que 'alocar recursos' para compensar verba do DPVAT no SUS

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, minimizou os possíveis impactos que a extinção do Seguro DPVAT (Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) poderá ter sobre o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, o valor mínimo constitucional garantido para a pasta vai impedir que haja redução no atendimento. “A saúde é financiada pelo que chamamos de mínimo constitucional. Por isso, se perdemos uma fonte como o DPVAT, o próprio... Leia mais
13 NOV
Toyota Yaris ganhou linha 2020… de novo! O que mudou?

Toyota Yaris ganhou linha 2020… de novo! O que mudou?

Novo Yaris 2020 chega ao mercado com Android Auto e Apple Car Play, mas DRL segue vendida à parte como acessório (Divulgação/Quatro Rodas)O Toyota Yaris ganhou linha 2020 há menos de dois meses. Mas a marca preparou uma surpresa para quem decidiu se antecipar – e evitar a futura desvalorização: lançou uma segunda atualização para o ano que vem.Em agosto, o principal destaque era a central multimídia igual à do Corolla, com Android Auto e Apple CarPlay, a partir da versão... Leia mais
13 NOV
Renault Duster e Oroch têm recall por falha no airbag do motorista

Renault Duster e Oroch têm recall por falha no airbag do motorista

A Renault anunciou um recall para o Duster (7.094 unidades) e a Oroch (3.758 unidades), todos fabricados entre 14 de setembro de 2016 e 19 de junho de 2019, pela possibilidade de funcionamento incorreto do airbag do motorista. De acordo com a marca, "devido a uma não conformidade identificada pelo fornecedor da Renault, a estrutura do airbag não suporta a tensão térmica". Com isso, em caso de colisão, o componente pode não se abrir ou se abrir de maneira incorreta. Os... Leia mais
13 NOV
Duelo híbrido e familiar: Lexus UX 250h x Toyota RAV4

Duelo híbrido e familiar: Lexus UX 250h x Toyota RAV4

O estilo mais invocado do UX ou a sobriedade do RAV4? (Fernando Pires/Quatro Rodas)Não há como não reconhecer a aura nipônica presente nos novos Toyota RAV4 e Lexus UX. Ambos carregam certa dose homeopática de futurismo em seus traços, ao mesmo tempo que preservam uma elegância um tanto conservadora na cabine.– (Fernando Pires/Quatro Rodas)Também conversam com o público americano, embora de maneira surpreendentemente inversa ao que se esperaria. O UX, apesar de pertencer a uma... Leia mais
13 NOV
Reportagem: como ganhar dinheiro sendo motorista de aplicativo

Reportagem: como ganhar dinheiro sendo motorista de aplicativo

O passo a passo de como iniciar a vida como motorista de aplicativos (Índio San/Quatro Rodas)Em tempos de crise e recessão, virar motorista de aplicativo passou a ser a solução para muita gente. Mas não é só comprar um carro, sair rodando por aí e aguardar que o celular apite.Tornar-se condutor deste serviço requer uma preparação prévia: documentação, escolha do carro, além de atenção ao modo de dirigir e a horários de trabalho.QUATRO RODAS elaborou um passo a passo para quem... Leia mais
13 NOV
Microrrobôs poderão consertar seu automóvel no futuro

Microrrobôs poderão consertar seu automóvel no futuro

Com 10 mm de diâmetro, microrrobôs cabem na ponta de um dedo (Divulgação/Rolls-Royce)Considerando que a indústria automobilística volta e meia emprega tecnologias aeronáuticas, no futuro poderemos ter robôs fazendo diagnósticos e pequenos reparos nos automóveis.Essa expectativa repousa nas pesquisas que a divisão aeronáutica da Rolls-Royce desenvolve atualmente.A empresa trabalha em parceria com as universidades de Nottinghan (Inglaterra) e Harvard (Estados Unidos) em projetos de... Leia mais