Novidades

03 JUL

Como Lee Iacocca salvou Ford e Chrysler ao criar o Mustang e as minivans

Lee Iacocca posando ao lado do Ford Mustang (Acervo/Quatro Rodas)

Os fãs de automóveis e, especialmente, muscle cars terminaram a última terça-feira um pouco mais tristes. Faleceu Lee Iacocca, famoso por sua marcante carreira na Ford, onde criou nada menos do que o Mustang.

Só que o mago das vendas de carros, morto aos 94 anos, possui uma carreira que vai muito além de um cavalo arisco.

Como singela homenagem ao seu legado, QUATRO RODAS resgata um texto de 2004 que conta como Iacocca foi decisivo para evitar a falência da Ford nos anos 60 e da Chrysler na década de 80. Confira:

Lee Iacocca: com duas idéias geniais, ele tirou a Ford e a Chrysler do buraco
Lu Gomes

Nos anos 60 a Ford resolveu que precisava de algo novo para os jovens americanos. O Thunderbird ia bem, obrigado, mas não agradava à nova geração, que queria algo mais esportivo, divertido… e barato.

Carro-chefe da Ford no início dos anos 60, Thunderbird era “tiozão” demais para as gerações mais novas (QUATRO RODAS/)

Após muita pesquisa de mercado, descobriu-se o que o público de 18 a 34 anos queria. E Lee Iacocca seria o primeiro a explorar tal mercado.

Nascido Lido Anthony Iacocca em 25 de outubro de 1924, o neto de imigrantes italianos entrou para a Ford como engenheiro em 1946, mas logo provou que era melhor em vendas.

A Ford passava por tempos difíceis. Seus carros não vendiam bem e alguns eram grandes fracassos, como o Edsel [nota do editor: algo nessa história nos lembra os dias de hoje, não?].

Ele convenceu Henry Ford II de que algo precisava ser feito e apresentou a idéia do Mustang. Ford Jr. não ficou entusiasmado. Era um tiro no escuro, mas achou que nada tinha a perder.

No fim de 1962, Iacocca recebeu o sinal verde e um orçamento de 40 milhões de dólares.

Antes de ganhar o nome de cavalo selvagem, na verdade herdado do caça americano P-51 Mustang, da Segunda Guerra, outros foram sugeridos, como T5, Special Falcon e Torino. Os projetistas pressionavam pelo nome Cougar, depois usado em outro modelo.

Ford Mustang, a grande joia criada por Iacocca (Acervo/Quatro Rodas)

Antes de entrar em produção, o Mustang já era uma sensação. Foi um alvoroço quando um pré-série foi o pace car numa corrida no Alabama. Uma curiosa multidão de 10.000 pessoas cercou-o por mais de uma hora.

Em 17 de abril de 1964, o Mustang vinha ao mundo, na versão cupê e conversível – no ano seguinte veio a fastback. Foi uma loucura! Foram comercializados mais de 22.000 nas primeiras horas.

Preço básico: 2.368 dólares, o equivalente hoje a 19.500 dólares [nota do editor: valor corrigido pela inflação até 2019]. Foram quase 420.000 vendidos nos primeiros 12 meses e mais de 1 milhão em dois anos.

O Mustang praticamente salvou a Ford da falência. Lee Iacocca virou, então, capa da Time e da Newsweek. Em 1965 tornou-se vice-presidente.

Mustang é referência entre os muscle cars até hoje (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O homem tinha estilo. Usava pesquisas de mercado, ouvia as pessoas e assumia o risco de novos produtos. Mas também deu suas mancadas. A mais notória é o Ford Pinto, que se incendiava com uma batida na traseira.

Em 1975 começaram os problemas com Henry Ford II, enciumado com seu sucesso. A tensão cresceu até que o patrão o botou na rua em julho de 1978. “Às vezes você simplesmente não gosta de alguém”, disse a Iacocca.

Quatro meses depois assumiu a presidência da Chrysler, que estava à beira da bancarrota. Iacocca pediu ajuda ao governo federal, e este emprestou 1,5 bilhão de dólares em 1980 para a empresa, que se comprometia a levantar outros 2 bilhões.

Iacocca encontrou novas fontes de crédito, cortou custos, fechou fábricas e persuadiu os sindicatos a aceitarem um salário menor.

Dodga Caravan, lançado em 1984, foi o carro responsável pela febre das minivans nos anos 80 (divulgação/)

Em 1984 teve outra ideia genial, ao criar a primeira minivan americana. A Dodge Caravan e a Plymouth Voyager venderam no primeiro ano 210.000 unidades. A concorrência logo imitaria a idéia. Ele se tornou celebridade.

Sua autobiografia, Iacocca (1984), vendeu mais de 7 milhões de cópias e virou um guia para executivos do mundo. Seu segundo livro, Talking Straight (1988), também se tornou best seller mundial.

Ele se aposentou da Chrysler em 1992 e hoje, aos 79 anos, dedica-se a fabricar a E-Bike, uma bicicleta movida a bateria elétrica [nota do editor: Iacocca fundou a EV Global Motors, fabricante focada em veículos elétricos, em 1999, mas o negócio não prosperou como ele imaginava. Ele estava muito à frente da onda dos veículos eletrificados].

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

20 MAR
VW fará CUV do Polo em São Bernardo; SUV abaixo do T-Cross será em Taubaté

VW fará CUV do Polo em São Bernardo; SUV abaixo do T-Cross será em Taubaté

T-Track vai encarar os menores SUVs do mercado tendo o motor turbo como ponto forte (Du Oliveira/Quatro Rodas)Polo é de ponto de partida para dois novos projetos de aventureiros (Christian Castanho/Quatro Rodas)O Volkswagen T-Cross, que chega às concessionárias no final deste mês, é apenas o primeiro de três modelos que a fabricante terá para concorrer com SUVs compactos no Brasil.Essa aposta tardia, porém audaciosa, exigirá que a Volks terá que faça mudanças em algumas de suas... Leia mais
20 MAR

Renault Sandero e Logan ganham central com Android Auto e Apple Carplay

Central multimídia tem funções inéditas em carros da Renault (Reprodução/Internet)Os Renault Sandero e Logan já são vendidos como linha 2020. Não há qualquer mudança no visual – o que deve ficar para uma segunda linha 2020, a ser lançada no segundo semestre, como adianta o site Autos Segredos.O que muda? Os preços estão sensivelmente mais baixos e os dois compactos têm nova central multimídia, chamada Media Evolution.Trata-se de mais uma atualização da central lançada em... Leia mais
20 MAR

Mesmo com livre comércio, carro mexicano não ficará mais barato no Brasil

Brasil e México agora possuem livre comércio para automóveis e autopeças. Isso significa que não há mais cotas de importação e exportação entre os dois países. Mas o que isso muda, na prática, para o consumidor? “Num primeiro momento, não vai mudar muita coisa, porque o Brasil não estava usando todas as cotas”, disse José Luiz Gandini, presidente da Abeifa, a associação das importadoras de veículos. “Uma ou outra empresa ficavam no limite [das cotas]. Mas,... Leia mais
20 MAR

Resumão QUATRO RODAS: inscreva-se na nossa newsletter!

QUATRO RODAS te deixa por dentro de todas as novidades sobre carros (Christian Castanho/Quatro Rodas)Para trazer o mundo automotivo para ainda mais perto de você, chegou o Resumão QUATRO RODAS! É a nossa newsletter gratuita, que traz um compilado com as melhores notícias da semana para você.Todas às quintas-feiras de manhã, você receberá um e-mail a você com nossas reportagens mais legais da semana: impressões, comparativos, testes, segredos, notícias que estão bombando, dicas de... Leia mais
20 MAR

Longa Duração: pneus do Jeep Compass chegam ao fim perto do desmonte

Pneu em fim de vida do nosso Compass e um novo: diferença visível (Renato Pizzuto/Quatro Rodas)Foi por bem pouco que os pneus do Compass não chegaram aos 60.000 km com desgaste além do limite tolerado – pela lei, a profundidade dos sulcos não pode ser inferior a 1,6 milímetro. “Desde cerca dos 50.000 km, o Compass vem dando claros sinais de perda de qualidade de direção por conta do desgaste dos quatro pneus. Sobre asfalto molhado, então, tornou-se perigosamente arisco”, diz o... Leia mais