Novidades

24 ABR

Tribunal de Tóquio estipula fiança de US$ 4,5 milhões para Carlos Gohsn

Um tribunal de Tóquio aprovou nesta quinta-feira (25) uma solicitação da defesa do ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o brasileiro Carlos Ghosn, determinando fiança de 500 milhões de ienes (US$ 4,5 milhões de dólares), informou a corte em comunicado.

Ghosn foi preso no Japão no dia 19 de novembro do ano passado e, desde então, deixou a presidência do conselho das três montadoras que comandava: da Nissan, da Mitsubishi e da Renault. Ele foi solto sob pagamento de fiança em no dia 6 de março último, após mais de 100 dias detido, e aguardava o julgamento em liberdade, sob regras rígidas. Mas foi preso novamente no dia 4 de abril por novas acusações das autoridades.

O brasileiro estava à frente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Juntas, as 3 marcas foram o grupo que mais vendeu carros no mundo em 2017 e em 2018.

Veja abaixo o que se sabe sobre o caso até agora.

Quem é Carlos Ghosn?

De família libanesa e cidadania francesa, nasceu no Brasil, em 1954, na cidade de Porto Velho (RO). Mais tarde, Carlos Ghosn se mudou para a França e cursou engenharia na Escola Politécnica e Escola de Minas de Paris.

Em 1996 entrou para a Renault, onde atuou como presidente do conselho e presidente executivo.

Em 1999, passou a exercer os mesmos cargos na Nissan, parceira da francesa. Também em 1999 teve início a aliança Renault-Nissan, idealizada por ele e que, anos depois, passou a contar também com a Mitsubishi.

Ghosn passou a ser considerado como um "titã da indústria" por salvar a Nissan da falência com uma estratégia radical (e bem-sucedida) de corte de custos no início dos anos 2000.

Em 2017, o executivo deixou a presidência da Nissan para dedicar-se às parceiras Renault e Mitsubishi, na qual também passou a ser presidente do conselho.

Quais são as acusações contra ele?

1) Violação das leis financeiras de 2010 a 2015

  • Em dezembro, a promotoria indiciou Ghosn por declarações falsas nos relatórios financeiros da Nissan.
  • Segundo a investigação, ele teria deixado de declarar cerca de R$ 167 milhões de seu salário entre os anos fiscais de 2010 e 2015.
  • A montadora também foi acusada formalmente por ter repassado esses documentos fraudulentos aos reguladores.

2) Violações financeiras de 2015 a 2018 e quebra de confiança

  • Em janeiro, o executivo foi indiciado pelos promotores pelos mesmos crimes, mas em relação a março de 2015 e março de 2018 (os últimos três anos fiscais japoneses);
  • A Nissan também foi indiciada pelos relatórios falsos referentes ao período;
  • Ghosn também foi acusado de quebra de confiança, ofensa imputada em geral àqueles que ocupam altos cargos e se aproveitam da posição para cometer infrações.

3) Repasse de dívida pessoal à Nissan

  • Uma terceira denúncia da promotoria contra Ghosn diz que ele teria empurrado para a Nissan um prejuízo de US$ 16,6 milhões em investimentos particulares;
  • O brasileiro também teria feito pagamentos equivalentes a US$ 14,7 milhões a um empresário saudita, utilizando dinheiro da Nissan para cobrir prejuízos pessoais, segundo a BBC.

4) Transferências para Omã

  • Procuradores disseram que Ghosn deu US$ 5 milhões de prejuízo à Nissan durante um período de 2 anos e meio, que se estendeu até julho de 2018, violando sua obrigações legais com a empresa e visando o ganho pessoal;
  • Segundo a agência de notícias Kyodo, o prejuízo envolve a transferência de fundos por meio da subsidiária a conta de uma concessionária de Omã chamada Suhail Bahwan Automobiles (SBA);
  • Esses US$ 5 milhões teriam sido transferidos por meio de uma empresa libanesa a um fundo controlado pelo filho de Ghosn, Anthony, nos Estados Unidos, o Shogun Investments LLC, que teria investido a quantia em 30 empresas diferentes, indicaram fontes próximas ao caso à agência Reuters.
  • O dinheiro também teria sido utilizado como parte da compra do "Schachou" (patrão em japonês), um iate luxuoso avaliado em US$ 13,2 milhões.
  • A Nissan já tinha dito que os pagamentos de sua subsidiária feitos à SBA era questionáveis; a Renault também levantou suspeita sobre o mesmo esquema;
  • Esta quarta acusação da promotoria, feita em abril, levou Ghosn de volta à prisão. Ele aguardava o julgamento em liberdade, após deixar a prisão sob fiança.

Outras suspeitas

Casamento em Versailles

  • A primeira denúncia da Renault contra Ghosn surgiu em fevereiro deste ano. A montadora suspeita que o executivo foi favorecido em um patrocínio da empresa ao Palácio de Versailles, na França;
  • Segundo o jornal "Le Figaro", ele teria ganhado o aluguel de um dos salões do local, no valor de 50 mil euros, para realizar sua recepção de casamento em 2016;
  • A defesa de Ghosn afirmou que ele "pagou todos os gastos de seu casamento", embora tenha admitido que "a sala de Versalhes foi posta à disposição sem faturamento";
  • O caso está sendo investigado.

Carnaval no Rio

  • A France Presse diz que Ghosn e sua esposa teriam convidado 8 casais de amigos para o carnaval no Rio em 2018. A viagem custou US$ 260 mil e foi paga com recursos da empresa, segundo documentos consultados pela agência.
  • "As relações de amizade não excluem as comerciais e elas podem até se ajudar", afirmou à AFP um advogado de Ghosn.

Recebimento ilegal na Mitsubishi em 2018

  • A Mitsubishi acusa o executivo de receber, de forma ilegal, 7,8 milhões de euros
  • De acordo com a marca, os pagamentos foram feitos por uma assinatura criada para gerar sinergias entre Mitsubishi e Nissan, mas o contrato que foi utilizado para os pagamentos foi feito por uma pessoa não autorizada pela Mitsubishi
  • As irregularidades teriam acontecido entre abril e novembro de 2018

Quais os próximos passos?

  • A Justiça ainda não decidiu se aceitará as acusações dos promotores contra Ghosn, tornando-o réu. Se isso acontecer, a previsão é de que o julgamento ocorra em meados deste ano e ele pode ser condenado a até 15 anos de prisão;
  • Ghosn foi libertado após 108 dias de detenção mediante o pagamento de uma fiança de R$ 33,8 milhões e diversas condições, como vigilância em tempo integral e proibição de sair do Japão. Mas voltou à prisão menos de 1 mês depois, após uma quarta suspeita.
  • Com a apresentação formal dessa acusação, em 22 de abril, ele deve continuar preso.

O que diz Ghosn

Em seu primeiro depoimento ao tribunal japonês, no início de janeiro, Ghosn se declarou inocente das acusações e disse que agia com autorização dos diretores da Nissan.

Na primeira entrevista, no fim daquele mês, ao jornal japonês "Nikkei", Ghosn acusou diretores da montadora de armarem um complô contra ele e de traição porque eram contra uma possível fusão com a Renault, que o brasileiro defendia.

No último dia 9 de abril, Ghosn divulgou um vídeo gravado antes de voltar a ser preso, onde voltou a dizer que foi alvo de uma traição dos diretores da Nissan e que é inocente.

Qual a situação dele na Renault, na Nissan e na Mitsubishi?

  • A Nissan retirou o brasileiro da presidência do conselho logo após a prisão, e criou um comitê especial para buscar um substituto. Em abril deste ano, destituiu Ghosn do conselho.
  • A Mitsubishi também optou por destituir Ghosn do cargo de presidente do conselho.
  • Logo após a prisão, a Renault decidiu não demitir o executivo, que seguia como presidente-executivo e do conselho. A montadora francesa também fez uma investigação interna e disse que não encontrou indícios de fraudes nos pagamentos do executivo entre 2017 e 2018. Em janeiro deste ano, o ministro da Economia da França pediu para que a Renault substituísse Ghosn. Parte das ações da Renault pertencem ao governo. Dias depois, Ghosn renunciou. Jean-Dominique Senard e Thierry Bolloré foram escolhidos para formar a nova liderança da Renault.

Nissan e Renault vão se separar?

Logo após a prisão de Ghosn, a imprensa japonesa reportou que, em reunião com funcionários, o atual presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, disse que a parceria com a Renault "precisa ser revista" porque o relacionamento com a parceira francesa "não é igual".

A imprensa lembrou ainda que era desejo de Ghosn fazer uma fusão entre as duas montadoras, mas que a Nissan seria contra e estaria tentando barrar a negociação. O brasileiro chegou a mencionar isso em entrevista meses após a prisão.

No entanto, ainda em novembro, as 3 montadoras reafirmaram compromisso com a aliança, em comunicado. Em janeiro, o presidente da Nissan afirmou que a parceria com a Renault "não está em perigo".

Apesar de a aliança não ter comunicado oficialmente a destituição de Ghosn do comando, ele já não está mais no quadro de executivos no site da Renault-Nissan-Mitsubishi.

Quem mais está envolvido no caso?

O ex diretor-representante da Nissan, Greg Kelly, foi preso no mesmo dia de Ghosn – 19 de novembro de 2018. Considerado braço-direito do brasileiro, o americano foi acusado de supervisionar as transações caracterizadas como fraudes.

Kelly foi solto em 25 de dezembro, após pagar fiança equivalente a R$ 2,47 milhões e responderá em liberdade.

Fonte: G1

Mais Novidades

13 AGO
Clássicos: Concorde, o calhambeque artesanal de R$ 350.000 dos anos 70

Clássicos: Concorde, o calhambeque artesanal de R$ 350.000 dos anos 70

O fora de série tem 38 anos, mas com corpinho de 88 (Christian Castanho/Foto/Quatro Rodas)João Storani foi um dos primeiros a preservar carros antigos no Brasil, um precursor em meio a colecionadores como Roberto Lee, Og Pozzoli e Flávio Augusto Marx.Sua predileção por americanos como Duesenberg, Peerless e Pierce-Arrow o levou a criar o Concorde, fora de série com nome de avião supersônico e visual da década de 1930.Empresário bem-sucedido, Storani iniciou o projeto em 1974 com os... Leia mais
13 AGO
Guia de Usados: Nissan Sentra é sedã para quem compra carro por metro

Guia de Usados: Nissan Sentra é sedã para quem compra carro por metro

Com 4,62 m, ele tem o mesmo tamanho de um Corolla (Acervo/Quatro Rodas)O Nissan Sentra de sétima geração chegou ao Brasil no final de 2013 como boa alternativa aos líderes Civic e Corolla. Importado do México, assumiu de vez a personalidade de tiozão, cativando pelo bom nível de equipamentos de série.Começando pelo porte: são 4,62 metros de comprimento e 2,70 entre os eixos, que o tornam bem parecido ao Altima, sedã de categoria superior. A versão de maior sucesso é a... Leia mais
12 AGO
Toyota Yaris 2020 antecipa central com função que estará no novo Corolla

Toyota Yaris 2020 antecipa central com função que estará no novo Corolla

Principal alteração no modelo está na conectividade (Divulgação/Quatro Rodas)O Toyota Yaris chega à linha 2020 sem alterações em sua carroceria. Porém, o hatchback japonês se adapta ao mercado e traz enfim cetral multimídia com Android Auto e Apple Car Play, a partir da versão XL Plus Tech.Tais interfaces estarão presentes também na nova geração do Corolla, segundo informação do UOL Carros, que será apresentada ao Brasil em setembro.A única versão com alterações externas... Leia mais
12 AGO
Mercado: quando vale a pena comprar um carro perto de sair de linha

Mercado: quando vale a pena comprar um carro perto de sair de linha

Pacote do Fox Connect lembra o da antiga série Run (Divulgação/Volkswagen)Fox Connect é exemplo de projeto antigo com bom custo/benefício (Divulgação/Volkswagen)Comprar um carro recém-lançado tem suas vantagens, mas dificilmente uma delas será o custo/benefício. Carros que viveram seu auge no passado ou estão perto de acabar tendem a levar a melhor nisso.O Volkswagen Fox mudou pela última vez em 2014 (apesar de manter a mesma plataforma desde 2003) e ficará em linha pelo menos... Leia mais
12 AGO
BMW inicia pré-venda do X2 M35i, de 306 cavalos, por R$ 313.950

BMW inicia pré-venda do X2 M35i, de 306 cavalos, por R$ 313.950

O BMW X2 ganhou uma nova configuração topo de linha no Brasil. Equipada com motor mais potente e visual esportivo, a versão M35i está em pré-venda por R$ 313.950 - as primeiras unidades serão entregues em setembro. O grande diferencial do X2 M35i está no motor 2.0 turbo, com 306 cavalos de potência e 45,9 kgfm de torque, sempre com câmbio automático de 8 marchas. De acordo com a BMW, o modelo vai de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos. Como comparação, a versão de entrada... Leia mais
12 AGO
Audi A4 Avant e A5 Sportback ganham equipamentos e pacote S-Line de série

Audi A4 Avant e A5 Sportback ganham equipamentos e pacote S-Line de série

A Audi anunciou a chega de novidades para a perua A4 Avant e o sedã A5 Sportback. Agora com mais equipamentos e pacote S-Line, os modelos partem de R$ 209.990 e R$ 231.990, respectivamente, por tempo limitado. Os preços ficarão maiores após a ação especial. Depois do período promocional, não especificado pela marca, os valores subirão para R$ 219.990 no A4 Avant e R$ 248.990 no A5 Sportback. Ambos são equipados com motor 2.0 turbo de 190 cavalos de potência e 32,6 kgfm... Leia mais