A Daimler, dona da Mercedes-Benz, e a Nissan assentaram nesta quinta-feira (3) a pedra fundamental de uma fábrica conjunta no México. Dali sairá a próxima geração de veículos compactos premium para a Mercedes e a Infiniti, submarca de luxo da Nissan.
O negócio resulta de um investimento de US$ 1 bilhão das duas empresas e criará mais de 3.600 empregos diretos até 2020.
É mais um projeto da parceria que já existe entre a Mercedes e a aliança Renault-Nissan. Neste ano, elas também divulgaram que fabricarão uma picape, a primeira da marca alemã, na Argentina, no fim da década. A Renault divulgou também nesta quinta o modelo de uma picape global, a Alaskan, mas não confirmou que esse será o modelo a ser feito na América do Sul.
Por que o México
A capacidade de produção anual da futura planta no México será de mais de 230.000 veículos. Dependendo da evolução e da demanda do mercado, haverá potencial para aumentar ainda mais esta capacidade, dizem as marcas.
A produção de veículos Infiniti começará em 2017, e os primeiros veículos Mercedes-Benz sairão da linha de produção em 2018.
"O México é uma referência mundial em termos de qualidade e eficiência, o que constituiu no principal motivo pelo qual a Daimler e a Nissan decidiram produzir suas novas gerações de carros compactos premium para a Mercedes-Benz e a Infiniti aqui", afirmou Jose Muñoz, presidente do comitê de gestão da Nissan América do Norte.
"Além de ser a primeira unidade de produção da Mercedes-Benz para carros compactos na região do Nafta (grupo de livre comércio formado por Estados Unidos, Canadá e México), ela também vai aumentar significativamente nossa presença industrial local", disse Markus Schäfer, membro do conselho da divisão de automóveis da marca alemã.
"Contribuiremos com tecnologia específica da Mercedes, bem como com treinamento e suporte proporcionados por nossa fábrica de carros compactos na cidade de Rastatt, na Alemanha, que é considerada uma referência em todo o mundo", acrescentou o executivo. "Esta estratégia comprovada vai garantir que nossa qualidade aqui em Aguascalientes seja a mesma de outras plantas da rede global."
A Daimler e a aliança Renault-Nissan também vão produzir a próxima geração de carros compactos premium em outras plantas globais, incluindo a Europa e a China.
A 'virada' do México
O México era o maior produtor de veículos da América Latina no início dos anos 2000. Em 2003, foi superado pelo Brasil. A disputa só voltou a esquentar há poucos anos, com o início da recuperação dos mercados dos EUA e do Canadá, após a crise financeira mundial.
Em 2014, o México ultrapassou o Brasil e retomou o posto de maior produtor de veículos da América Latina. Mas, ao contrário do que ocorre com a produção brasileira, a grande maioria dos veículos feitos lá não fica no país: praticamente 80% da produção é voltada à exportação, a maior vocação da indústria de veículos mexicana. Parte vai para o mercado brasileiro; mais de 70%, para os vizinhos EUA, maior mercado de carros do mundo, depois da China.
Além disso, o México é banhado por dois oceanos, Pacífico e Atlântico, facilitando o escoamento de mercadorias tanto para a Europa quanto para a Ásia.
Mas o que mais favorece a indústria automobilística mexicana são as dezenas de acordos de livre comércio com os principais mercados do mundo. Essas negociações permitem, por exemplo, que carros sejam produzidos naquele país e vendidos em outros lugares, como o Brasil, sem taxa de importação. Ou seja: com preço similar ao dos veículos nacionais.
Polo da indústria
A Nissan é a principal montadora do México, produzindo um a cada quatro carros vendidos no mercado mexicano.
Ela já tem duas unidades em Aguascalientes: era de lá que vinham o March e o Versa antes de começarem a ser produzidos no Brasil, em 2014.
Aguascalientes fica numa região central conhecida como Bajio, que se tornou um polo da indústria automotiva.
Ali há ainda fábricas de General Motors, Honda, Mazda, além da futura planta da BMW. E tudo cercado por uma série de fornecedores.
Também há uma planta da Nissan em Cuernavaca. Juntas, as três fábricas da montadora asiática têm uma capacidade de produção anual de 850.000 veículos.
A Mercedes, por ora, só produz caminhões e ônibus no México, em 3 fábricas, em Saltillo, Santiago Tianguistenco e García, empregando 8 mil pessoas.
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