Novidades

27 NOV

Dirigimos a Ford F-150 Raptor, a picape que anda como um Mustang

Você não daria passagem para um carro com esta frente? (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quem escuta falar sobre motor V6 biturbo, câmbio de dez marchas, carroceria de alumínio e suspensão esportiva pode até pensar que estamos falando de um esportivo.

Até estamos, só que ele está disfarçado na forma de uma picape com 5,89 metros de comprimento e 1,99 de altura.

A Ford F-150 Raptor esteve no Salão do Automóvel pela segunda vez. Por sorte, neste ano a marca trouxe duas unidades: enquanto uma aparecia em selfies no estande da marca, outra levantava poeira no campo de provas de Tatuí (SP).

A Raptor tem apliques foscos e abole qualquer tipo de cromado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Criada para um mercado em que o espaço interno e a capacidade de reboque são mais importantes que a capacidade de carga, a Raptor foi feita para andar em terra, areia, pedras e até no asfalto como qualquer outra picape 4×4.

Só que ela pode fazer isso rápido. Bem rápido.

A Special Vehicle Team (SVT), divisão esportiva da Ford, se inspirou nos Baja usados em competição para criar sua versão.

Entre-eixos tem 3,70 m – 2 cm a mais que um Renault Kwid (Christian Castanho/Quatro Rodas)

É por isso que, em vez de ser rebaixada e usar pneus de perfil menor, a F-150 Raptor utiliza enormes BFGoodrich All Terrain que fazem as rodas aro 17 parecerem 14 – que é o diâmetro dos discos dianteiros – e amortecedores de competição da Fox Racing.

Não à toa, a suspensão tem 33 cm de curso na frente e 35 cm atrás.

Nesta segunda geração da Raptor, o V8 6.2 de 411 cv deu lugar a um V6 3.5 biturbo com injeção direta e indireta (convencional, no coletor de admissão) de 450 cv e 70,5 mkgf, potente mas distante dos 655 cv e 76 mkgf que esse motor gera no superesportivo Ford GT.

Já o câmbio automático de dez marchas é compartilhado com o Mustang e é todo feito de alumínio, assim como a carroceria da F-150. Isso representou uma redução de 220 kg no peso, que chega a 2.584 kg.

Não parece, mas é pouco: basta ver que a Ranger Limited pesa 2.261 kg mesmo sendo 53 cm mais curta.

Além de muito espaço e inúmeros porta-copos e porta-objetos, a F-150 Raptor dispõe de equipamentos que você nunca sentiu falta no seu automóvel de passeio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A Ford não permitiu que testássemos a Raptor em nossa pista, mas anuncia seu 0 a 100 km/h em 5 segundos. Em nosso teste, o Mustang precisou de 4,5 segundos, enquanto a Ford declara 4,3 segundos.

O trânsito na pista de Tatuí é controlado. Para passar por cada um dos trechos sem atrapalhar os testes da Ford que estão em curso, é preciso pedir permissão via rádio.

Mas isso não impediu que o engenheiro de desenvolvimento Luís Gozzani, também o piloto mais experiente do campo de provas, pisasse fundo nos trechos liberados.

Bancos dianteiros têm ventilação e aquecimento,dispõe de equipamentos que você nunca sentiu falta no seu automóvel de passeio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Bancos traseiros têm aquecimento (Christian Castanho/Quatro Rodas)

No carona, me esforço para vencer a força da aceleração e conseguir enxergar o velocímetro bem perto dos 160 km/h. Eu ficaria impressionado com tamanha aceleração no asfalto, mas aquela pista era de cascalho e completamente irregular.

À frente, uma rotatória. Ela é contornada duas, três vezes com a picape de lado, assim como o piloto Ken Block faria nas gravações dos seus vídeos Gymkhana.

Só que na Raptor tudo parece fácil. Ela escorrega quase como em câmera lenta, enquanto o volante é contraesterçado e as rodas traseiras giram em falso, espalhando terra pelo gramado ao redor.

Ar-condicionado automático é dual zone (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Abaixo do seletor de tração, controle para manobrar reboque (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Minha vez. “A única exigência para que você dirija aqui é que isso esteja ativado”, me diz Luís apontando para o botão do controle de estabilidade. Só o controle de tração permaneceu desligado. “Este carro é filho único”, completa.

A unidade exposta no Salão é da linha 2019, que ainda não está à venda nos Estados Unidos e terá bancos Recaro e amortecedores que se adaptam às condições do piso em tempo real.

Já a Raptor que estava disponível na pista é modelo 2017 e segue as especificações para o mercado chinês: tem quatro luzes no teto para cumprir as regras locais, mas abre mão dos refletores laranja nos faróis, obrigatórios nos EUA.

Em vez de amortecedores ajustáveis, tem seis modos de condução – além dos quatro modos de tração e da opção de bloquear o diferencial traseiro.

Suspensão da Raptor tem curso maior que o vão livre, de 29,2 cm (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Mantenho a tração em 4×2 e alterno para o modo Sport esperando que o controle de estabilidade fique mais permissivo. Mas é só começar a escorregar um pouco mais que ele entra em ação para forçar saídas de dianteira, estragando a diversão.

Amortecedores Fox Racing têm reservatório externo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O que chama atenção nesse primeiro momento é a precisão da direção elétrica, muito direta para os padrões das picapes. Ela ainda ganha peso com o modo Sport, enquanto o acelerador fica mais preciso e o câmbio passa a trocar as marchas quando a rotação do motor chega perto de 6.000 rpm.

Há ajustes para lama e areia, neve e chuva, e um próprio para encarar pedras em baixa velocidade. Mas recorro ao mais especial dessa segunda geração da Raptor: o modo Baja.

Motor V6 3.5 Biturbo é a alma da Raptor (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nessa versão, a F-150 tem diferencial central Torsen de deslizamento limitado, como a Mitsubishi L200 e a VW Amarok. Ele controla a distribuição de torque entre os eixos, permitindo usar a tração 4×4 em pisos aderentes ou em alta velocidade.

Agora com as rodas dianteiras ajudando a levantar poeira, o controle de estabilidade fica, enfim, mais tolerante. Se não dá para colocar a Raptor de lado sem ser punido pela picape, resta aproveitar a aderência maior para andar rápido.

É aí que os amortecedores com reservatório externo fazem seu trabalho: você passa por buracos, valetas e elevações de terra sem sentir quase nada.

 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A suspensão é extremamente macia, a ponto de manter a carroceria nivelada ao passar pelos mais diferentes relevos. Ninguém sente pancadas secas, balança violentamente de um lado para o outro ou sente medo de capotar, como aconteceria em qualquer outra picape.

Porque, claro, não foram feitas para isso. A Raptor é até gentil e parece querer contar vantagem pelo seu baixo peso a todo momento.

Onde as outras picapes superam a Raptor? Quando são usadas como picape. A versão esportiva leva no máximo 549 kg na caçamba, 156 kg a menos que uma Fiat Strada Cabine Simples com motor 1.4 de 88 cv.

No reboque puxa até 3.628 kg, melhor que os 2.680 kg da Ranger, mas distante dos 7.750 kg de uma RAM 2500.

O raro caso de saídas de escape duplas sem cromados (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A Raptor existe para impressionar e divertir. Para todo o resto os americanos compram as outras versões da picape. E como compram! A linha F-150 lidera as vendas nos Estados Unidos há 36 anos.

Enquanto a versão de entrada custa US$ 28.155, a Raptor 2019 não sairá por menos de US$ 57.335, ou R$ 212.140 com o dólar a R$ 3,70. Na China, uma equivalente à destas fotos custa o equivalente aR$ 310.000.

Ainda não será desta vez que a Ford trará a F-150 Raptor de forma oficial. Embora também não esteja confirmada, a Ranger Raptor tem chances maiores de ser vendida no Brasil.

O jeito é recorrer a importadores independentes, que trazem a versão há anos. O preço fica ao redor dos R$ 500.000, pois varia de acordo com o pacote de equipamentos e a cotação do dólar. O desempenho é de esportivo, o preço também.

Alguns carros foram feitos para ser comprados sem levar a razão em consideração. A Raptor é desses. Se não leva ou traciona muita carga, garante emoções como nenhuma outra picape.

Preço: R$ 500.000 (imp. independente)
Motor: V6 gasolina, dianteiro, DOHC, 24V, biturbo, injeção direta e indireta, 3.496 cm³; 84,5 x 89 mm, 11:2, 450 cv a 6.000 rpm, 70,5 mkgf a 3.500 rpm
Câmbio: automático, 10 marchas, tração 4×4
Suspensão: McPherson (dianteira), eixo rígido (traseira)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 315/70 R17
Dimensões: comprimento, 589 cm; largura, 217 cm; altura, 199,4 cm; entre-eixos, 370,8 cm; vão livre, 29,8 cm; peso, 2.584 kg; tanque, 136 l; caçamba, 1.495 l; cap. de carga, 549 kg.
Desempenho: 0 a 100 km/h em 5 segundos; veloc. máxima, 160 km/h, limitada eletronicamente (dados de fábrica)

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

17 JAN

Ford Fiesta abandona câmbio Powershift, motor 1.0 turbo e carroceria sedã

Reestilizado no fim de 2017, Fiesta perde cada vez mais espaço no portfólio da Ford (Ford/Divulgação)O Ford Fiesta teve um enxugamento drástico da gama. No configurador do site oficial no Brasil já não constam mais as configurações 1.6 Powershift (automatizada de dupla embreagem) e 1.0 EcoBoost (três cilindros turbo) do hatch.Por sua vez, o Fiesta Sedan foi totalmente tirado de catálogo. Importado do México, o modelo teve as vendas interrompidas entre 2015 e 2017, quando foi... Leia mais
17 JAN

Novo Fiat Tipo Sport tem visual agressivo e coração manso

Versão Sport passa a ter equipamentos que deixam o visual mais nervoso (Divulgação/Fiat)Após lançar as versões Mirror e Street no ano passado, a Fiat apresentou uma novidade para a linha Tipo: a opção Sport. Apesar do nome, a esportividade se concentra no visual, mesmo que o modelo tenha estreado duas motorizações para a linha – mais mansas do que as disponíveis anteriormente.Baseado na versão S-Design, o Tipo Sport recebe novos para-choques na frente e atrás, saias laterais,... Leia mais
17 JAN

Hyundai HB20 chega à linha 2019 com versões mais equipadas

O Hyundai HB20 chegou à linha 2019 mais equipado: agora ele tem central multimídia com TV digital desde a versão Comfort Plus e bancos de couro de série na Premium. Também com aumentos e reduções nos preços, o hatch parte de R$ 44.490, enquanto o sedã começa em R$ 48.990. As novidades são aplicadas tanto para o hatch, quanto para o sedã. Para ambos a configuração mais barata é a Unique, que permanece equipada com sistema mais simples, sem tela sensível ao toque, mas... Leia mais
17 JAN

Teste do especialista: compressores portáteis são eficientes?

Três modelos são famosos no mercado (Paulo Bau/Quatro Rodas)Antes de pegar a estrada, a calibragem dos pneus é regra. Porém, nos postos, a fila pode fazer o motorista pensar em desistir. Quando pintar essa dúvida, pense em comprar um compressor de ar 12V.Escolhemos os três modelos mais comuns à venda e levamos para um teste com o técnico João Moura. “O  Schulz é o mais completo, enquanto o Bremen dá o troco com o menor ruído. O Tramontina até ganha do segundo colocado por ter... Leia mais
17 JAN

Teste: Toyota Hilux SRV 2019 tem poucas mudanças, mas quer se manter líder

Grade e para-choque novos chamam a atenção (Christian Castanho/Quatro Rodas)O mercado de picapes está cada vez mais concorrido. Além de Toyota Hilux, Chevrolet S10, Ford Ranger, VW Amarok, Mitsubishi L200 e Nissan Frontier. E vêm aí Renault Alaskan, Mercedes-Benz Classe X, JAC (ainda sem nome) e uma nova RAM (que demora: é esperada somente para 2022).A oferta cresce não apenas em número de modelos, mas também de versões. Para o consumidor, quanto mais opções, melhor. Para as... Leia mais
17 JAN

Volkswagen Golf GTI TCR chega a 290 cavalos em versão inspirada nas pistas

Enquanto a nova geração do carro ainda está em desenvolvimento, a Volkswagen revelou nesta quinta-feira (17) o Golf GTI TCR para ser uma versão ainda mais potente de ser famoso hatch. Inspirado no Golf utilizado em corridas, o modelo chega a 290 cavalos - 45 cv a mais que o GTI Performance - e faz de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos. Trabalhando com câmbio automatizado de dupla embreagem, o motor 2.0 TSI alcança velocidade máxima de 250 km/h, que pode opcionalmente ser... Leia mais