Novidades

09 JUL

O que ainda falta saber sobre o Rota 2030

Fábrica da VW em São José dos Pinhais: será que um dia sairá um híbrido de lá? (Divulgação/Volkswagen)

Demorou, mas o Rota 2030 finalmente foi aprovado pelo governo. O novo programa visa dar estímulos à modernização da indústria nacional e a eficiência dos automóveis. Mas ele não saiu como planejado.

Originalmente o Rota deveria ter saído do papel em 2017, em tempo de substituir seu antecessor, o Inovar-Auto. Mas a crise política, aliada aos péssimos índices de popularidade do governo Temer, acabaram postergando o programa.

Aparentemente alguém no Planalto lembrou que este ano teremos eleições e jogo de futebol na Copa do Mundo, e o Rota acabou saindo a toque de caixa, a tempo de ser devidamente usado como palanque pelos políticos sem descumprir as regras de campanha do TSE.

O anúncio confirmou as especulações sobre como seriam oferecidos estímulos fiscais e os benefícios que as montadoras teriam direito, mas não foi muito além disso.

Na última sexta a Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), grande interessada no Rota, poderia ter adicionado mais informações sobre o tema em sua coletiva de imprensa mensal, mas acabou dando mais dúvidas do que respostas.

O Rota 2030 terá impacto direto no carro que você irá comprar nos próximos anos. Por isso, QUATRO RODAS reuniu tudo o que já se sabe – e o que ainda não ficou claro – a respeito do novo programa de estímulo à indústria automotiva.

O Urus é enorme e esportivo, mas até ele tem seus truques para economizar combustível (Divulgação/Lamborghini)

A partir de agora toda empresa que quiser vender carros no Brasil precisará apresentar uma redução no consumo médio de seus carros pelos próximos 12 anos. Essa redução é mensurada em MJ/Km (megajoule por quilômetro), mas varia de acordo com o peso do carro.

Por ser uma média, ela não impede que uma determinada marca tenha um carro “gastão”. Para isso, basta ela ter outro modelo muito econômico para compensar. Uma versão extrema dessa compensação foi feita na Europa pela Aston Martin e seu polêmico Cignet.

Essa imposição não será exatamente um problema para marcas premium, que naturalmente vêm reduzindo o consumo de seus carros por conta de regras similares presentes em outros mercados.

Para os carros desenvolvidos no Brasil, porém, a história é outra. Espere uma popularização ainda maior de recursos como start-stop, câmbio de seis marchas e, claro, motores turbo.

O IPI menor para 1.0 criou modelos como o Fiesta com compressor (Marco de Bari/Quatro Rodas)

O imposto que mais tem impacto em um automóvel no país é o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Atualmente ele varia de 7% a 25%, mas o problema é como essa alíquota é imposta.

Por décadas o IPI para automóveis é vinculado, basicamente, de acordo com o combustível e a cilindrada do veículo. As principais faixas são para motores de até 1,0 litro, entre 1,1 e 2 litros e acima de 2 litros.

Essa imposição legal fez com que algumas marcas promovessem peripécias técnicas para aproveitar o imposto menor para motores de baixa cilindrada.

Daí vieram modelos peculiares como o Ford EcoSport Supercharger, Volkswagen Gol 1.0 Turbo (em um tempo que não se falava de downsizing) e Fiat Palio Weekend 1.0 6 Marchas.

Hoje em dia os mercados mais maduros cobram impostos de acordo com a eficiência energética do carro, sendo que alguns países ainda incluem na conta o tamanho do veículo.

A Anfavea, porém, perdeu o braço-de-ferro com o governo e ainda terá que amargar o defasado IPI por cilindrada pelo menos pelos próximos cinco anos – há uma renegociação do Rota 2030 prevista para 2023.

Esse cenário poderá gerá distorções exóticas. Se o Fusion 1.0 EcoBoost fosse vendido por aqui, por exemplo, ele pagaria menos IPI que um Renault Sandero R.S..

A frenagem autônoma de emergência é obrigatória para modelos novos vendidos na Europa desde 2014 (Divulgação/Suzuki)

Uma ótima notícia para os consumidores é que, finalmente, o governo incluirá uma série de equipamentos de segurança como requisitos para que as fabricantes tenham direito à redução máxima de 2% de IPI para seus carros.

Novamente a Anfavea não deu detalhes sobre quais serão esses itens, mas Antonio Megale, presidente da entidade, pontuou que serão entre 15 e 17 dispositivos a serem regulamentados pelo Denatran.

É certo que entra nesse pacote o controle de estabilidade, que passará a ser obrigatório para todos os carros vendidos no Brasil a partir de 2022. A inclusão desses itens nos modelos nacionais, aliás, não é exatamente um grande sacrifício para as marcas, pois o ESC vem se popularizando por todo o mundo (o que aumenta sua escala de produção e reduz custos) e os projetos globais já preveem a adoção do equipamento.

A novidade é que, durante a última coletiva da Anfavea, Megale mencionou a proteção aos pedestres. Isso indica que o Brasil pode seguir a indústria europeia e exigir itens como frenagem autônoma de emergência e sistemas de proteção em atropelamentos, como airbags para transeuntes e capôs que se erguem em caso de atropelamentos.

A Chevrolet só melhorou a estrutura do Onix após o compacto zerar nos testes de impacto lateral do Latin NCAP (Latin NCAP/Divulgação)

O Rota também irá exigir das fabricantes uma série de testes de impacto, mas, novamente, não há nenhum detalhe de quais são e como eles serão feitos.

O presidente da Anfavea informou que essas avaliações poderiam ser feitas pelas próprias montadoras, acompanhadas de auditores – como já ocorre atualmente, aliás.

Isso não quer dizer, porém, que os testes serão mais rigorosos. Apesar da legislação brasileira já prever testes de impacto, eles não são tão exigentes quanto os feitos por instituições como o NCAP. Esse é um dos motivos pelo qual modelos que foram reprovados no Latin NCAP podem ser vendidos normalmente por aqui.

O órgão internacional, aliás, foi questionado por Megale, que comentou sobre os diferentes protocolos do programa e suas alterações constantes.

É verdade que o NCAP fica mais rígido antes do tempo hábil para que uma fabricante possa incorporar avanços de segurança em seus veículos (algo que pode levar até dez anos).

Por outro lado, indústria e governo perdem uma grande oportunidade de fazer uma parceria com o NCAP ou outras instituições para avaliar publicamente a segurança de todos os modelos novos que chegam ao mercado.

O novo A8 tem dois motores, mas só um movimenta efetivamente o carro (Divulgação/Audi)

Sabe aquele IPI antiquado por cilindrada? Pois ele, naturalmente, não vai existir para veículos elétricos – cujo tamanho do motor não é medido em cm³ – nem para híbridos.

A taxação para esse tipo de carro vai variar entre 7% e 20% e levará em conta a eficiência energética e o peso do veículo. Ironicamente, exatamente como poderiam ter feito para veículos convencionais.

A Anfavea falou que os cálculos que serão levados em conta são complexos e que ela irá divulgar uma espécie de cartilha explicando como será. Mas é provável que o Toyota Prius pague menos imposto que o enorme Lexus LS500h.

O que não ficou claro é como o Rota 2030 lidará com novas tecnologias, como o sistema híbrido parcial. Carros equipados com esse sistema possuem um motor elétrico para reduzir o esforço do conjunto a combustão, mas não são capazes de se mover usando apenas eletricidade.

Isso porque, na prática, esses veículos não são híbridos. Outra dúvida é como o BMW i3 seria enquadrado, pois, apesar dele se mover usando apenas energia elétrica, no Brasil ele possui um motor a combustão que pode ser usado para recarregar suas baterias.

Também não se sabe se híbridos que podem ser recarregados na tomada (plug-in) terão tarifação diferente dos modelos sem essa possibilidade.

Conceitualmente o Rota 2030 nasceu certo, repetindo os acertos do Inovar-Auto sem usar a tributação excessiva (e condenada) para desestimular quem não estiver disposto a entrar no programa.

Mas a sensação que fica é que, mesmo após meses de discussões, o plano está repleto de buracos e lacunas, sendo aprovado às pressas para atender aos desejos de uma minoria poderosa.

Fora dos microfones já se fala que o Rota foi entregue como uma obra pública, inaugurada a tempo de ser aproveitada pelos políticos às vésperas da eleição, mas com inúmeros detalhes a serem corrigidos após os holofotes serem desligados.

A expectativa é que todas essas dúvidas sejam esclarecidas nos próximos meses para que possamos, finalmente, entender qual o tamanho da evolução que os carros nacionais terão no futuro.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

21 JUN

Irmão do Creta, Kia Seltos é o SUV de baixo custo que a marca precisava

Kia Seltos: mais um SUV compacto no mercado (Divulgação/Kia)A Kia ainda tenta descobrir como ingressar com força no crescente mercado de SUVs compactos.Se com representantes como KX3 e Niro está difícil, especialmente em mercados emergentes, o jeito é criar uma solução de custo mais baixo para brigar em países como a Índia e, quem sabe, o Brasil.Foi aí que surgiu o Seltos, ilustrado nas imagens deste artigo. O nome deriva de Celtos, filho do herói Hércules na mitologia grega. Qual... Leia mais
21 JUN

Suzuki Jimny tem novidades na linha 2020; nova geração chega no segundo semestre

Enquanto aguarda pela chegada de sua nova geração, o Suzuki Jimny chegou à linha 2020 com algumas novidades. Sempre equipado com motor 1.3 de 85 cavalos de potência, câmbio manual de 5 marchas e tração 4x4, o jipinho parte de R$ 71.490. Veja os preços: 4Work: R$ 71.4904All: R$ 74.9904Sport: R$ 82.9904Sport Desert: R$ 89.990 As principais novidades estão a partir da versão 4Sport, que ganha máscara cinza nos faróis, para-choque dianteiro renovado e rodas de liga leve... Leia mais
21 JUN

Toyota vai demitir 840 e encerrar turno na fábrica de Yaris e Etios

Linha de montagem do Toyota Etios em Sorocaba (SP) (Divulgação/Toyota)A Toyota deu início nesta semana a uma estratégia para enxugar as operações nas fábricas de Sorocaba e Porto Feliz (SP). Na primeira unidade são produzidas as famílias de compactos Yaris e Etios; na segunda, os motores 1.3 e 1.5 que equipam os modelos.Trezentos e quarenta funcionários já foram demitidos e outros 500 não terão seus contratos renovados até 5 de agosto, quando o terceiro turno de trabalho será... Leia mais
21 JUN

Porsche Cayenne: primeiras impressões

Durante um tempo, o Cayenne foi malvisto pelos fãs mais puristas da Porsche. Fato é que o primeiro SUV da companhia alemã também foi o responsável por tornar saudáveis as finanças da empresa novamente, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas gerações dos esportivos “puro sangue”. Ao longo de quase duas décadas, o Cayenne foi amadurecendo quando a Porsche percebeu que ele não precisava ser uma versão SUV do 911. Faróis e lanternas ficaram mais proporcionais,... Leia mais
20 JUN

Peugeot mostra 2008 totalmente renovado e elétrico, mas que não chega tão cedo ao Brasil

A Peugeot reformulou totalmente seu SUV compacto, o 2008. Na comparação com a versão anterior, é possível dizer que só restou o nome em comum. Nesta nova geração, ele incorpora a identidade visual mais recente da fabricante, já adotada por 3008, e, principalmente, 208. O novo 2008 foi apresentado na Europa nesta quarta-feira (19), mas segue distante do mercado brasileiro. A fabricante afirmou que não há previsão de comercialização dele por aqui. Agora elétrico Na... Leia mais
20 JUN

Kia Seltos promete ser global e tem chances de chegar ao Brasil

A Kia apresentou o inédito Seltos, seu primeiro SUV compacto de caráter global. Com produção definida para acontecer na Coréia do Sul e na Índia, o modelo tem grandes chances de chegar ao Brasil. A fabricante não divulgou as dimensões do modelo, que devem ficar próximas às de seus rivais, como Honda HR-V, Jeep Renegade e Hyundai Creta, dos quais ele também recebe inspiração no desenho. As únicas medidas conhecidas são das rodas, que podem ter 16, 17 ou 18 polegadas. ... Leia mais