"Cada Fusca é o espelho do seu dono, ele se destaca por ser único". É assim que o recepcionista de São Carlos (SP) Robson de Paula Castanheiro, de 23 anos, define a paixão pelo modelo 1976 que ele adquiriu por R$ 3 mil cerca de três anos atrás quando comprou seu primeiro carro.
Nesta sexta-feira (22), é comemorado o Dia Internacional do Fusca. No Brasil, existe ainda o Dia Nacional do Fusca, em 21 de janeiro.
O veículo de Castanheiro pertencia a um tio que morava na capital e que desde a infância almejava ter um Fusca. O sonho virou realidade e durante algum tempo ele reformou e pintou de branco o carrinho que ele gostava de cuidar. Um problema grave de saúde, entretanto, o impediu de continuar com a prazerosa tarefa e foi aí que ele decidiu passar o carro para frente.
"Meu pai ofereceu para mim, falou que era uma herança de família. Mesmo sem ver o carro, na hora eu topei. Quando entrei para dirigir, gostei demais. Peguei a marginal Tietê e voltei para São Carlos, foi uma experiência única", lembrou o recepcionista.
Na ocasião, Castanheiro deu R$ 1 mil de entrada e parcelou o restante. De lá para cá, disse já ter investido cerca de R$ 8 mil em serviços de funilaria nos paralamas, troca de bancos, câmbio e outros acessórios. Para ele, cuidar do primeiro carro é também dar continuidade ao sonho do tio que não resistiu a um câncer e morreu.
"Já me ofereceram R$ 10 mil nele, mas não eu não vendi. Não tem preço. Quando sobra dinheiro, me planejo e transformando, é um projeto que não acaba", enfatizou.
A família apoia a atitude. Um dos objetivos é planejar com a namorada uma longa viagem com o carro. "Temos muita vontade de conhecer o Peru, quem sabe mais para a frente a gente não embarca nesse aventura com o Fusca", disse.
Carros antigos
Em Pirassununga (SP), o engenheiro Marcos Godoy, de 41 anos, dedica a vida restaurar carros antigos. Em meio às raridades, ele tem quatro Fuscas.
Um deles é de 1950 que pertenceu ao avô e agora está com o pai. O modelo é um dos 30 primeiros que chegaram ao Brasil e o primeiro em Pirassununga. Atualmente a cidade tem 1.955 Fuscas registrados no sistema do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), sendo de 18 de colecionadores.
O engenheiro também adquiriu um modelo de 1952 que, segundo ele, foi o segundo carro na cidade do interior de SP. “Ele veio da Alemanha desmontado em três caixas", contou.
Godoy mantém um Fusca de 1966 que era da avó dele. Ela pegou o veículo quando saiu o consórcio nacional e passou a vida toda com ele. Na coleção há ainda um modelo 1978 que era da mãe do restaurador.
De acordo com ele, os carros estão todos em bom estado e, além de rodarem na cidade, são expostos em eventos.
"Eles não têm preço. Tempos atrás surgiu um boato que recusei R$ 120 mil por um deles, mas isso não foi real. Mesmo se oferecessem, não venderia", afirmou.
O engenheiro, que aprendeu a dirigir em um Fusca, disse que a paixão pelo modelo não morre. "Relembra a história, quando eu nasci o Fusca já estava lá na família. Hoje, minha filha tem 8 anos e também adora", contou.
827 mil Fuscas
O estado de São Paulo tem 827.234 Fuscas, segundo o Detran, sendo que 6.430 têm a cobiçada placa preta, para colecionadores, que é entregue para os veículos antigos que ainda mantêm boa parte das características originais. Na região, há 5.111 Fuscas registrados em São Carlos, 3.962 em Rio Claro e 3.945 em Araraquara.
O veículo criado pelo alemão Ferdinand Porsche lançado em 1935, foi chamado de Volkswagen, ou carro do povo, na Alemanha. No Brasil, a produção começou em 1953 com peças importadas.
A fabricação brasileira começou em 1959 e foi até 1986.. Em 1993, o Fusca voltou à linha de produção e a nova fase durou até 1996. No total foram fabricados 3,3 milhões de Fuscas. No mundo todo, a produção foi de mais de 21,5 milhões de unidades.