Mesmo sem rádio, versão Life tem antena e até dois alto-falantes (Leo Sposito/Quatro Rodas)
O desenho das calotas aro 14 entrega: este é o Renault Kwid Life, a tal versão básica de R$ 32.490.
Se tivesse sido lançada há dez anos, ela nem sequer teria calotas, para-choques pintados e as rodas seriam de 13 polegadas, com pneus mais baratos. Mas são outros tempos.
As calotas aro 14 são exclusivas (Leo Sposito/Quatro Rodas)
A Renault foi esperta. Preferiu não mudar o design do Kwid, seu ponto forte.
A suspensão elevada e as caixas de roda grandes, reforçadas pelas molduras plásticas – que combinam com os retrovisores e maçanetas sem pintura – fazem o compacto parecer maior e mais caro do que realmente é.
O design é o mesmo. Ponto forte do modelo (Leo Sposito/Quatro Rodas)
Em compensação, a lista de equipamentos de série é curta, como manda a tradição dos carros populares. Como nos últimos Clio, abre-se a porta com a chave na fechadura – não há chave telecomando.
O preço é baixo, mas a lista de equipamentos de série é curta (Leo Sposito/Quatro Rodas)
E não se encontra muita coisa: em vez de rádio há uma tampa e um porta-objetos, e o quadro de instrumentos não tem conta-giros ou computador de bordo.
O Kwid Life é tão simples que só tem três botões: o do hodômetro parcial, no quadro de instrumentos, e os de destravamento das portas e do pisca-alerta no console.
Restaram só os botões do pisca-alerta, do desembaçador traseiro e do hodômetro (Leo Sposito/Quatro Rodas)
Os botões dos vidros elétricos foram trocados por manivelas, que ficam nas portas só porque os franceses, que adoram soluções ousadas, ainda não descobriram como colocá-los no painel.
Na falta de ar-condicionado, sobram os comandos da ventilação com ar quente – que no Mobi Easy, de R$ 34.690, é opcional.
Janelas são abertas pelas velhas manivelas nas portas (Leo Sposito/Quatro Rodas)
Poderia ser pior: o Fiat Mobi Easy, de R$ 34.690, não tem ar quente, nem comandos internos para ajuste dos espelhos e desembaçador traseiro.
O Kwid Life, por sua vez, é o único carro à venda no Brasil sem modo antiofuscante no espelho interno. Contudo, tem Isofix e é o único de seu segmento com airbags laterais de série. É uma exceção ambulante.
Espelho interno não tem modo antiofuscante (Leo Sposito/Quatro Rodas)
O motor é o mesmo 1.0 SCe de três cilindros, que gera 66/70 cv e 9,4/9,8 mkgf de torque, com a diferença de que não há compressor de ar-condicionado agregado a ele.
Ser obrigado a manter o vidro aberto torna o motor bem mais audível, mas deixa as revisões mais baratas: o preço total dos seis primeiros serviços baixa de R$ 2.336 para R$ 2.066 no Life.
Versão Life não tem limpador e lavador traseiros (Leo Sposito/Quatro Rodas)
Em movimento, o Life é como qualquer outro Kwid: ágil nas saídas, mas lento nas frenagens. O pedal do freio só responde a contento no final do curso, o que pode ser um pouco assustador.
Mas a direção mecânica será lembrada em toda manobra: ela não é tão leve quanto se esperaria de um automóvel de 758 kg. Em movimento, porém, a falta da assistência é imperceptível.
Na prática, o Kwid Life só faz sentido para frotas de prestadoras de serviço.
Para o consumidor vale a pena pagar mais para ter na garagem a versão Zen, de R$ 36.740, com direção elétrica, vidros dianteiros elétricos, rádio e ar-condicionado, que deixaram de ser luxo para os carros de entrada há mais de dez anos.
Apesar do foco no preço, o Kwid Life tem quatro airbags e Isofix na pequena lista de itens de série. Mas falta um mínimo de conforto.