Novidades

18 JUN

Delegado do DF liberou motorista embrigado que atropelou ciclista um mês após novas regras da Lei Seca

A Polícia Civil do Distrito Federal desconsiderou as novas regras da Lei Seca um mês após a norma começar a valer, com mais rigor para o motorista que provocar acidentes com vítimas. Um jovem de 21 anos que estava embrigado atropelou um ciclista no dia 19 de maio e foi indiciado por um artigo do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que sequer faz referência a lesões corporais.

O artigo 306 trata da condução de "veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa". Como a pena máxima prevista é menor que 4 anos, ele foi liberado provisoriamente após o pagamento de R$ 1 mil de fiança.

No entanto, pela nova regra (que alterou os artigos 302 e 303), acidentes de trânsito como este se tornaram inafiançáveis pela Polícia Civil. Agora, apenas a Justiça pode decidir se aplica ou não.

Isto, porque a pena máxima para motoristas bêbados que provocarem acidentes com vítimas "graves ou gravíssimas" passou de 4 para 5 anos de prisão em regime fechado. (Entenda o que mudou ao final da reportagem).

Bombeiros que prestaram socorro ao ciclista, de 42 anos, disseram que ele ficou com o braço direito dilacerado e precisou passar por cirurgia. Ele foi internado no Hospital Regional de Ceilândia com "lesões no lado esquerdo e direito do corpo, nas pernas, braços e rosto".

O G1 questionou a Polícia Civil sobre o motivo do indiciamento, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. No boletim de ocorrência, o caso foi registrado como "embriaguez" e "acidente de trânsito com vítima". O processo ainda está aberto, a espera da conclusão do inquérito policial.

Sobre os crimes enquadrados nos artigos recém-alterados da Lei Seca, a corporação informou que os delegados "interpretam os fatos com os elementos que possuem no momento da apresentação da situação".

O grau de lesão da vítima "interfere diretamente na possibilidade ou não do arbitramento da fiança pela autoridade policial". No entanto, "na maioria das vezes, somente é comprovável por perícia realizada dias depois".

Justiça referendou

Dois dias depois do acidente, a Primeira Vara Criminal de Ceilândia manteve a soltura do motorista por entender que a Polícia Civil havia agido em conformidade com o Código do Processo Penal.

"O autuado foi colocado em liberdade após recolhimento da fiança arbitrada pela autoridade policial em conformidade com a previsão contida no artigo 322 do CPP."

O G1 tentou acessar os detalhes do processo e do inquérito policial, mas foi informado pelo Tribunal de Justiça que "os autos encontram-se ainda na fase de apuração". O Ministério Público não havia apresentado recurso ou oferecido denúncia.

Segundo advogados consultados pela reportagem, após a conclusão do inquérito, que vai definir o grau de lesão da vítima, o MP poderá se interpor e retomar o processo.

Seguiu o protocolo

Em outro caso, a Polícia Civil seguiu o protocolo do Código de Trânsito e o motorista ficou detido por dois dias até a audiência de custódia. Danilo Roger da Silva Santos, de 28 anos, atropelou um policial militar da reserva no dia 30 de maio e foi preso em flagrante quando tentava fugir.

O exame do etilômetro apontou que o grau de embriaguez de Santos era três vezes o permitido. Ele estava com 0,99 miligramas de álcool por litro de sangue, quando o limite legal é de 0,3 miligramas por litro.

O PM disse ao G1 nesta quinta-feira (14) que teve fratura exposta em uma das pernas e passou por duas cirurgias. "Botei umas duas placas e uns seis parafusos. Foram 14 dias de hospital. Um castigo danado. Só na muleta, cadeira de rodas."

"Não vou mais ter confiança nessa perna nunca."

A previsão dos médicos é de 90 dias para que ele volte a botar o pé no chão. Enquanto isso, a mulher e os dois filhos ajudam com o que podem dentro de casa. "Sofrem junto comigo. O dia a dia é essa agonia. Nem consigo dormir direito. Toda posição fica ruim."

O Tribunal do Júri e Vara dos Delitos de Trânsito do Gama decidiu, no dia 1º de junho, pelo pagamento de R$ 2 mil de fiança e pela liberdade provisória do motorista, até que o processo fosse concluído.

O juiz Paulo Marques da Silva defendeu que, embora a pena pudesse chegar a 4 anos de prisão (tempo mínimo para que a fiança deixe de ser uma opção legal), "a conduta em si não causou significativo abalo da ordem pública, nem evidenciou periculosidade exacerbada do seu autor" a ponto de descartar a possibilidade de pagamento de fiança. Santos é réu primário.

Mesmo assim, o magistrado estipulou algumas condições para que o motorista fosse liberado:

  1. Comparecimento a todas as etapas do processo;
  2. Proibição de sair do DF por mais de 30 dias;
  3. Proibição de mudar de endereço;
  4. Proibição de frequentar bares e outros estabelecimentos que vendam bebidas alcoólicas;
  5. Permanência dentro de casa durante a noite nos finais de semana e feriados.

O policial militar Sebastião Pires Sobrinho, de 57 anos, foi internado em um hospital particular do Gama com fratura na perna esquerda. Segundo a Justiça, ele precisou passar por cirurgia.

Fora do comum

Um terceiro caso surpreendeu o DF com uma decisão judicial 15 anos após o acidente. De um lado, a morosidade do julgamento e, de outro, uma punição superior ao que estava previsto em lei na data do crime.

O Tribunal do Júri de Brasília condenou a 9 anos e 6 meses de prisão o motorista Eduardo Tavares Ribeiro, que matou um pedestre e deixou outro gravemente ferido na Praça dos Três Poderes em 2003. A decisão é de 4 de junho.

Ribeiro dirigia embriagado e em alta velocidade na via S1 quando atropelou as vítimas, segundo a denúncia do Ministério Público. O velocímetro alcançou 145 km/h e a velocidade máxima permitida no local era de 60 km/h.

O homem vai cumprir a pena em regime inicial fechado, por homicídio culposo, mas ainda cabe recurso. Em relação à segunda vítima, a acusação de lesão corporal prescreveu.

O que mudou na Lei Seca?

As mudanças no Código de Trânsito Brasileiro foram publicadas em 20 de dezembro, mas só começaram a valer 120 dias depois, em 19 de abril. Desde então, motoristas embrigados que provocarem acidente com vítimas "graves ou gravíssimas" ou a morte de uma ou mais pessoas não podem ser liberados pela Polícia Civil após pagamento de fiança.

Ele passa a responder por lesão corporal culposa ou homicídio culposo (sem intenção de matar) e, além de perder o direito de dirigir, vai preso. No primeiro caso, a pena aumentou de 6 meses a 2 anos para 2 a 5 anos em regime fechado. Com isso, apenas um juiz pode decidir pela liberdade ou não do motorista.

No segundo caso, o tempo de encarceramento passou para 5 a 8 anos. Antes, o tempo de prisão variava de 2 a 4 anos e isso permitia à Polícia Civil aplicar fiança, segundo o artigo 322 do Código de Processo Penal (CPP). Com o pagamento, o motorista era liberado imediatamente.

A "nova Lei Seca" não alterou, porém, os procedimentos de fiscalização de trânsito ou as regras aplicadas a motoristas que forem pegos dirigindo sob efeito de álcool. O limite permitido continua sendo de 0,33 miligramas de álcool por litro de sangue e a multa caso o motorista ultrapasse este valor se mantém a R$ 2.934,70.

Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

Fonte: G1

Mais Novidades

25 NOV
Impressões: Porsche Taycan prova que dá para ser divertido e ecológico

Impressões: Porsche Taycan prova que dá para ser divertido e ecológico

Visual mantém inspiração no carro-conceito Mission E (Divulgação/Porsche)Alguns supersticiosos diziam que o mundo acabaria em 2012. E não acabou. Mas, para os puristas da Porsche, foi em 2019 que tudo mudou. Quero dizer… mudou, mas não necessariamente para pior, considerando que o Taycan, primeiro carro puramente elétrico da marca, também é um dos melhores que já dirigi.Por enquanto, tive que viajar à Alemanha para ter esse privilégio. Mas é apenas questão de tempo para os... Leia mais
25 NOV
Correio Técnico: o controle de tração faz o carro gastar mais combustível?

Correio Técnico: o controle de tração faz o carro gastar mais combustível?

Desligar o controle de tração é uma ótima forma de transformar seu dinheiro em fumaça (Marco de Bari/Quatro Rodas)Andar com o controle de tração ligado faz o automóvel gastar mais combustível? – leitor Jose Marques Neto, São Paulo (SP)Não, e o mesmo vale para o controle de estabilidade. A diferença entre eles é que o controle de tração apenas corta o envio da força do motor quando detecta perda de aderência em acelerações, sem impacto no consumo de combustível. Já o... Leia mais
24 NOV
Correio Técnico: Vale a pena modernizar motores de dois tempos?

Correio Técnico: Vale a pena modernizar motores de dois tempos?

Ford Fiesta Ghia dois tempos de 1992 (Silvio Porto/Quatro Rodas)Um motor dois-tempos com válvula de escape e injeção direta é viável?, leitor Renaldo Riffel Junior, Blumenal (SC)A boa notícia é que isso já foi feito, mas a má é que não funcionou. No início da década de 90, a Ford produziu alguns protótipos do Fiesta de terceira geração com um motor 1.2 de três cilindros e dois tempos. O propulsor tinha injeção direta de gasolina, melhorando a queima da mistura... Leia mais
23 NOV
A incrível corrida com calhambeques de até 1.000 cv que tem Piquet no grid

A incrível corrida com calhambeques de até 1.000 cv que tem Piquet no grid

Pé na Tábua: a competição é acirrada e os carros são levados ao limite nas curvas (Artur Duque/Divulgação)Para quem não conhece, o Goodwood Festival of Speed, que acontece no Reino Unido todos os anos, é um dos maiores eventos de automobilismo do mundo. Ali, pilotos, entusiastas e muitos carros clássicos se encontram e passam uma semana celebrando o mundo do automóvel. O evento acontece na Casa de Goodwood, propriedade do aristocrata britânico Lord March. São diversas categorias... Leia mais
22 NOV
Formigão, picape brasileira que está 43 anos à frente da Tesla Cybertruck

Formigão, picape brasileira que está 43 anos à frente da Tesla Cybertruck

– (Arte/Quatro Rodas)A picape Tesla Cybertruck só deve chegar ao mercado em 2021, mas foi apresentada nesta sexta-feira (22) e gerou polêmica pelo visual futurista. Só que as linhas retilíneas – que renderam comentários negativos dos nossos leitores – parecem ter inspiração no passado: o Renha Formigão, modelo nacional dos anos 1970. Por isso recuperamos a avaliação a seguir, de outubro de 1978, para mostrar que o pretenso futurismo da Cybertruck já era antecipado pela nossa... Leia mais
22 NOV
Veja como manter o carro em dia para as férias

Veja como manter o carro em dia para as férias

 (Volkswagen/Divulgação)Chega o vera?o e, com ele, festas de fim de ano, fe?rias escolares e muitas oportunidades para colocar o carro na estrada. Na?o e? a? toa que, de acordo com o Ministe?rio da Infraestrutura, neste peri?odo ha? aumento no fluxo de vei?culos em praticamente todas as rodovias e regio?es do Brasil. Seja para trajetos mais longos ou mesmo para aquele bate-volta para aproveitar um fim de semana de sol, viagens de carro exigem cuidados especiais. Ale?m das reviso?es em dia,... Leia mais