Novidades

22 JAN
Longa Duração: o desmonte do Chevrolet Cruze

Longa Duração: o desmonte do Chevrolet Cruze

(Xico Buny/Quatro Rodas)

Novembro de 2012: a primeira geração do Cruze passava por este mesmo momento, o desmonte após a rodagem de 60.000 km.

Ou seja, além de enfrentar a dureza normal do Longa Duração, o Cruze LTZ 2017 que você vê aqui aos pedaços tinha também a “obrigação moral” de finalizar sua jornada entre nós, no mínimo, tão bem quanto o seu antecessor. Não conseguiu.

“Sem dúvida, ele é a nova referência do Longa Duração em termos de qualidade técnica.” Assim, o nosso consultor e responsável pela execução técnica dos desmontes, Fabio Fukuda, avaliou o primeiro Cruze, em 2012.

Seis anos atrás, o Cruze de primeira geração tinha válvulas e pistões tão limpos quanto os de um motor seminovo, carroceria livre de poeira ou água e todas as análises dimensionais dentro dos limites estipulados pela fábrica.

Esses atributos justificaram a boa avaliação final. Agora, porém, a história é outra.

Nenhum sistema chegou a ser reprovado, mas há mais itens que pedem atenção.

CULPADOS OU INOCENTES

Ao retirar o cabeçote, Fukuda encontrou as válvulas de admissão bastante comprometidas pelo acúmulo de material carbonizado. “Foram surpresas distintas. No primeiro, fiquei espantado pelo nível de limpeza das válvulas, mas agora foi o contrário. Por conta do uso de injeção direta do motor atual, esperava um índice de contaminação ainda menor, mas o que vi foi uma elevada concentração de carvão”, comparou Fukuda.

Após a revisão, conferência geral dos serviços

Fukuda fazendo a conferência após a revisão (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

A procura do culpado se deu com a continuidade do desmonte. A medição de entre-pontas dos anéis de pistões, todas dentro dos limites da GM, eliminaram a possibilidade da contaminação das válvulas estarem ocorrendo de baixo para cima.

Sobravam outras duas possibilidades: ineficácia do sistema de recirculação de vapor de óleo ou falência dos retentores de válvulas.

Uma inspeção visual dos dutos de admissão, todos com paredes sem sinais de excesso de óleo, eliminaram a primeira hipótese, permitindo a indicação dos retentores como verdadeiros responsáveis.

“O simples processo de retirada degrada os retentores, o que impossibilita a sua condenação direta. Por isso, fazemos o processo de eliminação das demais possibilidades de entrada irregular de óleo que acaba gerando o carvão nas válvulas”, diz Fukuda.

Nas demais aferições feitas no motor, tudo em ordem. No bloco, diâmetro, conicidade e ovalização dos cilindros estavam dentro dos limites constantes no material de referência fornecido pela marca, assim como as medidas de munhões, moentes e de folga axial do virabrequim.

Na suspensão, elogios. “Eis um ponto em que esta segunda geração foi melhor do que a primeira. Todos os terminais, buchas, mancais e pivôs estavam em ótimo estado e sem sinais de desgaste ou fadiga. Os amortecedores, todos estanques e sem folgas, também chegaram aos 60.000 km vendendo saúde”, diz Fukuda.

O conjunto também foi aprovado durante o uso. “Gostava mais do ajuste esportivo da suspensão do Audi A3 de Longa (desmontado em maio de 2017), mas reconheço que a calibração do Cruze era impressionante. Apesar de mais confortável, o Cruze sempre demonstrou uma capacidade de contorno de curva tão boa quanto a do Audi”, diz o editor Péricles Malheiros.

Barulhos nos freios é constante e incomoda

Suspensão foi aprovada com louvor (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Sem histórico de reclamações de funcionamento, a caixa de câmbio não foi aberta. “Drenado, o óleo do câmbio estava com cheiro e coloração normais. A análise visual não detectou a presença de resíduos metálicos que justificassem a abertura da caixa automática”, diz Fukuda.

Grande destaque do novo motor 1.4 turbinado – o velho Cruze tinha um 1.8 aspirado –, o turbo sai de cena sem nenhum registro de mau funcionamento guardado na central eletrônica ou mesmo sinais de degradação relevante das pás do rotor da caixa fria, o que denunciaria ineficiência do sistema de filtragem de ar do motor.

Velas de ignição e bicos injetores de combustível também foram encontrados em bom estado, resultando em nova aprovação.

PARCEIRO IDEAL

No convívio, o Cruze se destacou por ser um ótimo companheiro de viagem. Confortável e repleto de itens de segurança, como farol alto automático, alerta de colisão e assistente de manutenção de faixa, cair na estrada com o Cruze sempre foi uma grata tarefa.

Dentre as poucas reclamações, uma se destacou por ser constante: a baixa eficiência dos faróis. Concorrentes top de linha, como Civic e Corolla, ambos com leds integrais, estão com tecnologia de iluminação duas gerações à frente do Cruze, com as convencionais lâmpadas halógenas.

Chevrolet Cruze LTZ, Honda Civic EX e Toyota Corolla XEi

Cruze recebeu reclamações pela baixa eficiência dos faróis (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O porta-malas, por sua vez, sempre deu conta do recado. Com sobra, como mostrou o teste que fizemos em junho de 2017, colocando a bagagem de uma família inteira no porta-malas.

De mochilas a mala grande: do jeito certo é possível viajar sem dor de cabeça

De mochilas a mala grande: do jeito certo é possível viajar sem dor de cabeça (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Pouco antes, em fevereiro, um teste comparativo entre os carros da frota de Longa Duração terminou com o Cruze se destacando como dono do melhor sistema de áudio original, segundo os especialistas convocados para fazer a avaliação.

Bom de dirigir, espaçoso e confiável, o Cruze atual chegou a superar a geração anterior, mas o mesmo não pode ser dito sobre a relação com a rede autorizada.

A relação com a rede GM foi de altos e baixos (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

A primeira decepção ocorreu antes mesmo da retirada do carro. Nosso carro havia sofrido um dano no vidro da porta do motorista, posteriormente trocado em garantia.

Chevrolet-Cruze---Longa

Cruze foi entregue com o vidro dianteiro esquerdo danificado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Depois, aos 10.000 km, a concessionária Pedragon, de Brasília (DF), alegou não ter as informações técnicas necessárias para fazer a primeira revisão.

Resolvida a questão, tentaram empurrar uma conta de R$ 750. Pedimos que cobrassem o que estava no site da GM e, sem que nada fosse tirado da manutenção, baixaram para R$ 251.

Na revisão dos 50.000 km, feita na Primarca, nada de tentativa de cobrar a mais, mas não deram sequer um retorno para o nosso pedido de verificação de um rangido na parte dianteira e do rádio com baixa capacidade de recepção FM.

Rádio teve problema de recepção do sinal FM (Arquivo/Quatro Rodas)

A solução só veio quando visitamos a Carrera, onde o carro ficou por três dias. “Fizemos um reaperto geral da suspensão, além da lubrificação de algumas partes móveis.

No rádio, bastou uma atualização do software para que as estações voltassem a ser encontradas com facilidade”, disse o técnico da Carrera. Nosso Cruze voltou tão silencioso quanto um zero-quilômetro, mas não notamos melhora alguma na recepção das rádios.

O novo Cruze perdeu robustez, é verdade, mas além de poucos problemas (e de gravidade moderada), ele foi elogiado do início ao fim do teste. Há pontos a melhorar, mas ele se despede de nossa frota aprovado.

Cruze: de repouso no Litoral Norte de São Paulo

Cruze se despede da nossa frota aprovado, porém, com ressalvas (Daniel Osmak)

Peças aprovadas

Bloco, virabrequim e cilindros

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

No bloco, tudo na mais perfeita ordem. Tanto os cilindros quanto o virabrequim passaram com louvor em todas as análises dimensionais, com medidas rigorosamente dentro do indicado como normal pela Chevrolet. A inspeção visual não detectou nenhum sinal de deficiência de lubrificação nas paredes dos cilindros, nos moentes do virabrequim ou nas capas de biela.

Bicos injetores, turbo e velas de ignição

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

Os bicos injetores são especiais, pois trabalham com elevada pressão, despejando combustível nas câmaras de combustão. Escaneamos a central eletrônica em busca de algum registro de falha, mas nada foi encontrado.

Estrela do conjunto de alimentação, o turbo se comportou bem do início ao fim do teste, trabalhando sem dar problema e chegando ao desmonte em plena forma, assim como as velas de ignição, com troca prevista a cada 60.000 km.

Caixa de direção

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

Sem histórico de ruídos ou funcionamento irregular, a caixa de direção chegou aos 60.000 km em excelente estado, sem sinais de vazamento ou folga nos braços axiais.

Suspensão

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

É bem verdade que precisou de alguns reapertos ao longo dos 60.000 km, mas o fato é que a suspensão, sempre elogiada pelo compromisso de performance e conforto, chegou impecável ao fim do teste. Aliás, foi melhor até do que a do Cruze de primeira geração.

Peças que demandam atenção

Carroceria e cabine

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

Fato cada vez mais raro entre os carros que passam pelo Longa Duração, encontramos sinais de infiltração de poeira na cabine. Ao retirar o carpete e as guarnições, notamos uma maior concentração nas áreas próximas às portas. Felizmente, nenhum sinal de entrada de água.

Discos de freio

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

Os discos dianteiros foram substituídos na revisão dos 40.000 km. Mesmo assim, precisam ser trocados novamente: no desmonte, foram encontrados com desvio lateral no limite (do lado direito) ou além dele (esquerdo).

Ou seja, eram os discos os responsáveis pela vibração notada na reta final do teste.

Válvulas de admissão

(Silvio Gioia/Quatro Rodas)

O sistema de recirculação de vapor de óleo do motor e os anéis dos pistões até foram tratados como suspeitos do acúmulo de carvão nas válvulas de admissão, mas a culpa era mesmo dos retentores, que deixaram de cumprir seu papel e permitiram que o lubrificante descesse pelas hastes, gerando o material carbonizado.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

14 OUT
Fiat Cronos ganha versão 1.8 automática para cliente PCD por R$ 54.655

Fiat Cronos ganha versão 1.8 automática para cliente PCD por R$ 54.655

Em 2014 eram cerca de 84 mil unidades vendidas para PCD e em 2018 foram aproximadamente 246 mil veículos destinado a esse público (Divulgação/Fiat)A Fiat lançou nesta segunda-feira (14) uma versão do Cronos destinada ao público PCD. Com a alta de mais de 200% na procura por carros do segmento durante os últimos cinco anos, a fabricante decidiu integrar o sedã ao seu grupo de veículos destinados ao segmento.Atualmente, a marca já disponibiliza versões de Mobi, Uno, Argo e Grand... Leia mais
14 OUT
Chevrolet Joy Plus chega por R$ 51.120 e aposenta o nome Prisma

Chevrolet Joy Plus chega por R$ 51.120 e aposenta o nome Prisma

Depois de revelar a nova geração da família Onix e de atualizar a versão de entrada Joy, a Chevrolet agora apresenta novidades para o Prisma Joy. A partir de R$ 51.150, o sedã de entrada passa a ser chamado de Joy Plus e aposenta oficialmente o nome Prisma. Veja, no final da matéria, os preços de toda a linha Onix. Assim como no hatch, o sedã passa a ter o mesmo desenho da última atualização do Prisma antes da virada de geração (agora chamada de Onix Plus). A carroceria... Leia mais
14 OUT
Os Eleitos 2019: os hatches compactos mais queridos pelos donos

Os Eleitos 2019: os hatches compactos mais queridos pelos donos

Ka assume liderança entre os hatches de entrada e desbanca Up!, que nem aparece mais no ranking (Christian Castanho/Quatro Rodas)Esta conquista marca o retorno do Ka ao topo da categoria após mais de uma década sem levantar o caneco – a última vez havia sido em 2008.É bom lembrar que ele também contou com a sorte, pois não enfrentou o VW Up!: o campeão de 2018 ficou de fora da disputa porque não foi um dos 45 modelos mais vendidos do mercado, critério para participar da... Leia mais
14 OUT
Aceleramos o Audi de corrida que você também pode pilotar por R$ 600.000

Aceleramos o Audi de corrida que você também pode pilotar por R$ 600.000

O RS 3 LMS é uma versão do sedã RS 3 preparada para as pistas de corrida (Leo Sposito/Quatro Rodas)A Audi pretende criar uma categoria de automobilismo no Brasil. A RS 3 LMS Cup Brasil já tem até nome, mas, segundo os executivos da empresa, ainda faltam acertos para os planos irem adiante.Entre outras coisas, a Audi está avaliando a receptividade do público.De acordo com o chefe de serviços técnicos, Daniel Paixão, a ideia é que os carros fiquem aos cuidados da fábrica, bem como a... Leia mais
14 OUT
Teste do especialista: qual barra de argila substitui melhor o polimento?

Teste do especialista: qual barra de argila substitui melhor o polimento?

Quer uma alternativa ao serviço de polimento? Então ponha a mão na massa e experimente as argilas descontaminantes (Paulo Bau/Quatro Rodas)A argila descontaminante (clay bar) é uma alternativa mais barata ao polimento e não exige o uso de politriz. Semelhante à massinha de modelar, basta molhar a lataria e esfregar o produto em movimentos de vai e vem até a superfície ficar lisa ao toque. Para saber qual é a melhor, levamos as marcas 3M, Vonixx e Finisher até o especialista William... Leia mais
13 OUT
Hyundai prende atleta em bolha arejada por gases de carro a hidrogênio

Hyundai prende atleta em bolha arejada por gases de carro a hidrogênio

Hyundai Nexo: o primeiro veículo desenvolvido pela marca com uma plataforma própria para carros a hidrogênio (divulgação/Hyundai)Lançado em 2018 na Europa, o Hyundai Nexo é um SUV movido a hidrogênio, com emissão zero de poluentes e capaz de percorrer até 600 km com um tanque.Mireia Belmonte é uma das estrelas do esporte espanhol. Nos últimos jogos olímpicos, disputados no Rio de Janeiro em 2016, a nadadora levou medalha de ouro nos 200 metros borboleta e bronze nos 400 m medley.A... Leia mais