– (Marco de Bari/Quatro Rodas) Era o auge da euforia da abertura do mercado aos importados quando surgiu o Kadett GSi, no fim de 1991, acrescentando uma importante vogal ao nome da versão GS, lançada em 1989. O fim da era do carburador, que abriu espaço para a injeção eletrônica no país, ofereceu um presente a mais para o consumidor brasileiro, o GSi conversível. O carro nasceu com um único concorrente nacional na mesma versão, o Ford Escort 1.8 XR3. Mesmo com os primeiros BMW, Mercedes e Alfa roubando atenções nas ruas, o GSi conversível conseguiu se tornar um dos carros mais exclusivos do mercado, embarcando o que havia de mais atual em tecnologia entre nossos fabricantes – e envolvendo uma complexidade de produção inédita em nossa indústria. Enquanto o Ford era todo produzido localmente em parceria com a Karmann Ghia, as estruturas metálicas do GSi eram fabricadas aqui para então serem enviadas ao estúdio Bertone na Itália. Era lá que as chapas ganhavam as formas do conversível. Feito isso, a carroceria voltava ao Brasil, onde a mecânica era instalada e o carro recebia pintura, acabamento e capota. – (Marco de Bari/Quatro Rodas) Claro que essa cara logística somava status a um carro que, por si só, já se destacava pelos recursos e conveniências. Por outro lado, na Europa, a linha Kadett estava sendo substituída pelo primeiro Astra. Mas que vantagens o GSi oferecia para enfrentar o cobiçado XR3? Quando foi lançado, muitas. Partindo-se do princípio de que o Escort esportivo usava um motor 1.8 de 97 cv, contra o 2.0 de 121 cv do GSi, eram previstos os resultados do comparativo entre os dois, que QUATRO RODAS realizou em dezembro de 1991. Nele, o Chevrolet alcançou 175,4 km/h de máxima, contra 168,4 km/h do Ford, e acelerou de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos, ante 12,18. Em contrapartida, a avaliação destacava a maior economia do XR3 – mesmo 10% pior que na versão fechada, enquanto o GSi só piorou 2% em relação ao hatch. Em março de 1993, haveria uma inversão desse comportamento em outro comparativo da revista. Aproveitando as vantagens da Autolatina, o XR3 acabara de ser promovido ao motor AP-2000i da Volkswagen, além de um estilo todo novo. Agora os dois modelos poderiam se enfrentar de igual para igual, ou quase. Se o novo motor dava ao XR3 116 cv, ainda menos que os 121 cv do GSi, eles foram suficientes para levá-lo a 186,4 km/h, contra 183,3 km/h do Chevrolet. E ainda manteve uma pequena vantagem na aceleração e no consumo. De qualquer forma, seria impróprio reduzir os atrativos do Kadett GSi conversível aos números de desempenho. E ninguém mais isento para destacar as qualidades do GSi que um apaixonado por Ford, o ortopedista paulista Sérgio Minervini, dono deste exemplar 1995 branco e de outros carros que já ilustraram esta seção. – (Marco de Bari/Quatro Rodas) “Ele tem suspensão traseira regulável, trio elétrico, painel digital, volante escamoteável, bancos Recaro, freios a disco nas quatro rodas, vidros PPG e lanternas alemãs. É difícil acreditar que é nacional”, diz ele. Minervini conta que o sistema de capota elétrica italiano custava 4.000 dólares e que, quando era danificado, as seguradoras avaliavam como perda total. Segundo o colecionador, elas preferiam pagar o valor do carro todo. – (Marco de Bari/Quatro Rodas) A abertura elétrica do teto era um equipamento que ainda faltava ao GSi nos dois comparativos de QUATRO RODAS. Isso contou a favor do XR3, que já possuía esse recurso, mas Minervini se lembra que ainda no decorrer de 1993 a capota elétrica passou a constar na lista de equipamentos do Chevrolet. Tanta tecnologia e comodidade deste e de outros modelos de luxo ou esportivos nacionais não evitaram que o consumidor desse segmento pendesse progressivamente para modelos importados equipados com o que havia de mais moderno e uma dose extra de status. – (Marco de Bari/Quatro Rodas) O GSi não completaria cinco anos de mercado. Já o Kadett duraria um pouco mais, até a GM conseguir nacionalizar a nova geração do Astra em 1998. Desde que o GSi e o XR3 saíram de linha, nossa indústria nunca mais produziu conversíveis de série.
Fonte:
Quatro Rodas

Ficha técnica – Chevrolet Kadett GSi
Teste QUATRO RODAS – Março de 1993
Grandes Brasileiros: Chevrolet Kadett GSi conversível
Mais Novidades
Morre Nelson Fernandes, o criador do primeiro carro 100% nacional
Não se engane pelaampla grade: o motor é traseiro (Sergio Berezovsky/Quatro Rodas)Nascido em 24 de fevereiro de 1931 e falecido nesta quarta-feira (29), Nelson Fernandes foi uma espécie de Preston Tucker brasileiro. Com ótimo tino empreendedor, nos anos 1950 ajudou a construir o clube de campo Acre e o Hospital Presidente, ambos em São Paulo capital.Os dois empreendimentos foram erguidos através de um sistema de venda de ações que, na prática, financiou sua construção. É algo que...
Leia mais
Chevrolet Cruze sai de linha no mundo inteiro, menos na América do Sul
Chevrolet Cruze se tornou um carro exclusivo da América do Sul (Divulgação/Chevrolet)Em menos de dois anos o Chevrolet Cruze passou de carro global a um produto comercializado apenas na América do Sul.A General Motors encerrou a produção do sedã médio na fábrica de Shenyang, na China, para abrir espaço para novos produtos.O modelo rapidamente foi retirado do site local da Chevrolet, que passa a ter apenas Onix (o equivalente ao nosso Onix Plus), Monza e Malibu XL em sua oferta de...
Leia mais
Segredo: SUV popular da VW terá frente de Golf e base de projeto indiano
Dianteira do Golf 8 inspirará o visual do projeto A0 SUV (Divulgação/Volkswagen)A Volkswagen já desenvolve para lançar entre 2021 e 22 globalmente, inclusive na Índia, a nova geração do Skoda Fabia, hatch subcompacto da marca checa (subsidiária do grupo) posicionado abaixo do VW Polo.Caso seja lançado, o novo Fabia será responsável por estrear uma família de subcompactos usando uma versão simplificada da plataforma MQB A0, conhecida como MQB A0 IN.Dessa base também deve surgir...
Leia mais
Novo Seat Leon é um Volkswagen Golf mais simples e sem grife
Dianteira lembra a do Golf e também os Audi de entrada. Pudera: a espanhola Seat faz parte do Grupo Volkswagen (Seat/Divulgação)A fabricante espanhola Seat, integrante do Grupo Volkswagen, lançou esta semana na Europa a quarta geração do hatch médio Leon.O modelo será vendido por lá com múltiplas opções de matriz energética: TSI (gasolina, híbrido e híbrido plug-in); TDI (diesel) e TGI (gás natural comprimido).A modalidade plug-in do carro é a que mais chama atenção. A...
Leia mais
Os bizarros carros para PcD soviéticos que eram conduzidos com uma só mão
SMZ S-3D tinha motor de moto e foi produzido até 1997 (Reprodução/Internet)Os carros voltados a clientes PcD podem estar na moda no Brasil hoje, mas nos longínquos tempos da extinta União Soviética eles já eram comuns.Após a Segunda Guerra Mundial (ou Grande Guerra Patriótica, como era chamada na União Soviética), a Rússia e outras repúblicas soviéticas enfrentavam problemas de mobilidade para o grande número de veteranos de guerra com deficiência física.Buscaram a solução...
Leia mais
Fake news do hodômetro: como escapar de carro com quilometragem adulterada
– (Mauro Souza/Quatro Rodas)A desconfiança é comum no mercado de usados. E costuma recair naqueles seis dígitos no quadro de instrumentos. Então vem a dúvida: a quilometragem exibida no hodômetro é real ou fake news? Para ter certeza do crime (está previsto no Artigo 171 do Código Penal), precisaríamos de um equipamento que se conectasse à central eletrônica, como as concessionárias têm. Mas você pode ter uma ideia só com a inspeção visual. Afinal, com os hodômetros...
Leia mais