Novidades

10 NOV
Andamos no primeiro Honda Civic feito no Brasil, 20 anos atrás

Andamos no primeiro Honda Civic feito no Brasil, 20 anos atrás

Honda Civic LX 1997

Este Civic 1997 realmente acabou de sair da fábrica (Caio Mattos/Honda)

O ano de 1997 ficou marcado por estreias. No tênis, o brasileiro Guga conquistou seu primeiro título em Roland Garros. A ovelha Dolly foi capa de jornais e revistas por ser o primeiro mamífero clonado no mundo.

Para a Honda, 1997 também foi histórico pela inauguração de sua fábrica em Sumaré (SP). E o Civic LX prateado deste post é o primeiro automóvel a sair da linha.

Honda Civic LX 1997

Nacionalizado em outubro de 1997, o Civic tinha poucas diferenças em relação ao importado desde o ano anterior (Caio Mattos/Honda)

Das marcas que haviam estreado no Brasil após a abertura das importações de automóveis, em 1992, a Honda era a primeira a instalar uma fábrica por aqui. No final da década de 90, isso foi um acontecimento que mudaria a história da indústria nacional ao colocar os carros feitos no país em um novo patamar de qualidade.

Veja aqui como foi nosso encontro com o primeiro Civic feito no Brasil

Você também pode assistir no YouTube

O Honda Civic nacionalizado tinha, no começo da produção, 40% dos componentes feitos por aqui mesmo. Mas, até 1998, todas as peças de estamparia chegavam importadas, já que o maquinário ainda não estava instalado na fábrica. Processos de solta e pintura, porém, eram feitos no Brasil.

Honda Civic LX 1997

Versão LX era bem completo, mas tinha motor mais simples (Caio Mattos/Honda)

O exemplar prata da versão LX e com câmbio automático que você vê acima é o primeiro Civic nacional. Chassi número 000001, esteve guardado como uma joia nas últimas duas décadas. Até agora.

Honda Civic LX 1997

Porta-malas tinha abertura interna e 286 l de capacidade (Caio Mattos/Honda)

É um carro de 20 anos que, literalmente, está como se tivesse acabado de sair da fábrica. Os Firestone F-570 não têm uso, os para-choques salientes estão alinhados, o tecido aveludado não tem marcas, os plásticos não têm manchas e sequer há evidências de odorizante de supermercado no interior. É, de fato, um carro único.

Honda Civic LX 1997

Frisos, retrovisores e maçanetas não eram pintados. E não há problema algum nisso (Caio Mattos/Honda)

Com menos de 400 km rodados, este exemplar seria um sonho para especuladores (ele estava com 319 km quando colocamos nossas mãos nele). Para nós, é uma máquina do tempo.

Esse Civic nos leva a uma época de hodômetro analógico, volante com aro fino, ar-condicionado com comandos horizontais e acendedor de cigarro na tomada de 12V.

Honda Civic LX 1997

Tom claro de cinza predomina no interior do Civic (Caio Mattos/Honda)

O rádio com toca-fitas é lindo – era um acessório que vinha de série no Civic – mas opcional em diversos modelos. Naquela época, som automotivo ainda era coisa para lojas de acessórios. Essa história de equipamento de áudio original não era um padrão na indústria.

Infelizmente não estávamos com nossas fitas cassete com Jon SecadaVirgulóides e Spice Girls. Mas a tarde de volta ao passado valeu cada minuto.

Honda Civic LX 1997

Toca-fitas permitia a instalação de disqueteira, vendida como acessório (Caio Mattos/Honda)

Até o contato com a pequena chave, tradicional, de plástico e metal com dentes serrilhados ajudou a reviver tempos que se foram. Andar em um Civic sem usar uma chave eletrônica presencial, nem start-stop, foi um momento marcante. 

Honda Civic LX 1997

Marcação do chassi nos vidros é só mais um indício de quão especial é essa unidade (Caio Mattos/Honda)

Sento-me atrás do volante, regulo o assento impecável, giro a chave e o motor 1.6 acorda de primeira – com toda a saúde de um zero-km. No entanto, nada do característico ruído do VTEC – esse 1,6-litro não tem comando variável, já que essa tecnologia era exclusiva da versão EX.

Coloco a alavanca de câmbio em D4 – posição que habilita as quatro marchas disponíveis – e a diversão começa. Não é pelos 106 cv e 14,2 mkgf deste propulsor com comando de válvulas simples, mas pelo feeling que o carro passa.

Honda Civic LX 1997

Quadro de instrumentos tem apenas mostradores analógicos (Caio Mattos/Honda)

É a direção hidráulica desmultiplicada, a pronta resposta do acelerador por cabo e o comportamento da suspensão independente do tipo duplo A nas quatro rodas, ainda que suas buchas estejam um pouco ressecadas – e que fiquem assim, em nome da originalidade. Em termos de conforto, era um carro acima da média para a época. E até para hoje, com todas as considerações necessárias.

Honda Civic LX 1997

Tecido aveludado forrava os bancos e parte das portas (Caio Mattos/Honda)

Com 4,45 m de comprimento, 2,62 m de entre-eixos, 1,79 m de largura e 1,41 m de altura, este Civic de sexta geração tinha o espaço interno como ponto forte. Curioso é que estas são as dimensões de um Honda City atual. Avaliar um carro de 20 anos é um choque até neste sentido, pois nem sempre fica evidente como os automóveis cresceram (e até mudaram de categoria).

Vinte anos atrás, esse Civic era considerado um modelo de grande porte.

Honda Civic LX 1997

Espaço traseiro do Civic era melhor que o de Vectra e Marea (Caio Mattos/Honda)

Compactos cresceram, mas não se igualam aos médios de antigamente. Você não vai encontrar acabamento de toque macio no painel e nas portas de um City, nem suspensão traseira independente.

Honda Civic LX 1997

Sem trocas sequenciais, seletor do câmbio tem posições que limitam o uso de apenas duas ou três marchas (Caio Mattos/Honda)

Em termos de equipamentos, este Civic LX 1997 estava em pé de igualdade com a grande maioria dos compactos de hoje. A versão de entrada, LXB, tinha direção hidráulica com ajuste de altura, rádio toca-fitas, vidros elétricos nas quatro portas com auto-down para o motorista, travas e retrovisores elétricos, brake light, banco traseiro bipartido e abertura interna do porta-malas e do bocal do tanque.

Airbag para o motorista se tornaria item de série no modelo 1998, meses depois.

São itens considerados até banais hoje, dependendo do modelo, mas vale lembrar que até 2003 os carros poderiam ser vendidos (dentro da lei) sem o retrovisor direito.

Honda Civic LX 1997

Chave era pequena e bastante simples: sinal de uma época em que chave canivete era incomum (Caio Mattos/Honda)

A versão LX somava apenas o ar-condicionado, que àquela época não era padrão mesmo em carros médios (hoje, só seis modelos são vendidos sem o equipamento). Mas ainda tinha o câmbio automático como opcional.

Já a versão EX  tinha a mais dois airbags dianteiros, freios ABS e piloto automático. Curioso é que mesmo o EX (a versão mais cara da gama) também era vendido com câmbio manual: os brasileiros ainda não estavam acostumados com os automáticos

Honda Civic LX 1997

Versão LX era vendida apenas com rodas de aço aro 14? com calotas (Caio Mattos/Honda)

Os preços, na época, variavam entre R$ 25.950 a R$ 35.700. E não era barato. Esse valor, corrigido pelo índice IPC-Brasil, da FGV, leva os números para R$ 86.907 e R$ 119.561. 

Honda Civic LX 1997

Atualizando os preços, o Civic de 20 anos atrás custa praticamente o mesmo que um novo (Caio Mattos/Honda)

Não passa longe do Civic de décima geração, vendido hoje com preços entre R$ 87.900 e R$ 124.900.

Outros tempos

A sexta geração do Honda Civic havia desembarcado no Brasil em 1996 e pouco mudou quando nacionalizada. A suspensão foi recalibrada, o isolamento acústico foi reforçado, a padronagem dos tecidos foi trocada e, enfim, adaptaram os motores do sedã para queimar nossa gasolina com álcool.

Honda Civic LX 1997

Honda Civic de décima geração tem o tamanho de um Accord de 1997 (Caio Mattos/Honda)

Sim, motores, no plural. Havia dois 1.6: o com comando de válvulas simples (D16Y7), com 106 cv e 14,2 mkgf das versões LXB e LX, e o com comando de válvulas variável VTEC (D16Y8), com 127 cv e 14,8 mkgf, da versão topo de linha EX.

Eram propulsores 1.6 contra os 2.0 dos Chevrolet Vectra (110 cv) e Fiat Tempra (105 cv). Esse pequeno valente já seguia a tendência de downsizing antes de isso ser moda.

Honda Civic LX 1997

Motor 1.6 16V sem comando variável rendia 106 cv (Caio Mattos/Honda)

Na época, QUATRO RODAS testou o Civic com os dois motores. O Civic LX com câmbio manual foi de 0 a 100 km/h em 12,9 s e teve consumo médio de 11,9 km/l. Já o Civic EX automático fez o 0 a 100 km/h em 13,7 s e teve consumo médio de 14,6 km/l.

Até hoje o Civic de sexta geração não saiu de nossas ruas. Exemplares em estado impecável são raríssimos, mas o sedã abriu as portas para os mais de 630.000 unidades comercializadas em mais de 20 anos. A história do modelo começou por aqui, oficialmente, em 1992, quando a 5ª geração começou a ser importada do Japão.

Honda Civic LX 1997

(Caio Mattos/Honda)

Não está claro quanto tempo é necessário esperar até um carro se tornar um clássico – se isso ocorrer. Mas, sem dúvidas, esse Civic é digno do título. E ainda dá tempo de garantir um a preços módicos. Na FIPE, um Civic LX 1.6 1997 está cotado a R$ 11.994. Isso, claro, considerando um carro usado no mercado.

Um Civic 1997 zero-km, como o que a Honda guarda, não tem preço. Assim como a experiência de colocar as mãos em um deles, vinte anos depois de ele ter nascido.

Ficha técnica – Honda Civic 1.6 LX Automático

  • Motor: gasolina, transversal, 1.590 cm3, 4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro, 106 cv a 6.200 rpm e 14,2 mkgf a 4.600 rpm
  • Câmbio: automático, 4 marchas, tração dianteira
  • Suspensão: duplo-A na  dianteira e na traseira
  • Freios: discos (dianteira), tambor (traseira)
  • Direção: hidráulica
  • Rodas e pneus: aço, 185/65 R14
  • Dimensões: comprimento, 445 cm; altura, 141 cm; largura, 170,5 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.092 kg; tanque, 45 litros

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

18 JUN

Citroën apresenta série limitada para toda linha em comemoração aos seus 100 anos de história

A Citroën apresentou uma série especial no Brasil em comemoração aos seus 100 anos de história no mundo. Disponível para C3, Aircross, C4 Cactus e C4 Lounge, as unidades são limitadas de acordo com os modelos, no total de 550 exemplares. Veja os preços e as quantidades: C3 100 anos: R$ 71.990/100 unidadesAircross 100 anos: R$ 75.490/100 unidadesC4 Cactus 100 anos: R$ 104.490/300 unidadesC4 Lounge 100 anos: R$ 107.490/50 unidades Todos modelos passam apenas por mudanças... Leia mais
18 JUN

Especialistas apontam riscos em reduzir carga horária para tirar carteira de motorista e de ‘cinquentinhas’

Com a resolução 778, publicada nesta segunda-feira (17), mas que entra em vigor em 90 dias, o processo para tirar CNH e ACC deve ficar mais simples e barato. Isso porque o número de aulas caiu. No caso da CNH da categoria B, para dirigir carros, o número de aulas práticas caiu de 25 para 20. Além disso, não há mais a exigência do uso do simulador. Caso o aluno queira, ainda poderá fazer até 5 horas/aula no aparelho. Elas devem ser ministradas antes de o candidato ter as... Leia mais
18 JUN

Longa Duração: quase tudo vibra ou range no Renault Kwid após 53.000 km

Kwid: de novo assolado por tremores (Péricles Malheiros/Quatro Rodas)Logo após sair da revisão dos 50.000 km, o Renaul Kwid foi alvo de muitos elogios. “Desde zero-quilômetro, esta é a vez que ele está em melhor forma”, disse o editor Péricles Malheiros.“Esqueça aquele Kwid com o qual nos acostumamos. Parece outro carro”, disse o piloto de testes Eduardo Campilongo, responsável por acompanhar a manutenção dos carros da frota de Longa Duração.De fato, o Kwid parecia novo de... Leia mais
18 JUN

Especial PcD: o que os carros perdem para entrar no teto de R$ 70.000

Jeep Renegade para PcD (Acervo Quatro Rodas/Quatro Rodas)As marcas perceberam um grande filão no segmento PcD (pessoa com deficiência), mas também se depararam com o obstáculo do limite de R$ 70.000 para a isenção total (IPI e ICMS). Restou pegar a calculadora para ver como enquadrar os modelos, em especial os SUVs compactos. Surgiram as versões especiais para PcD. Só que muitos fabricantes cortaram na lata… e no plástico e nos equipamentos. Nessa equação, a roda de liga leve é o... Leia mais
17 JUN

Citroën lança série para celebrar 100 anos e promete dobrar vendas

Citroën C4 Cactus 100 Anos (Divulgação/Citroën)A Citroën comemora 100 anos como fabricante de automóveis em todo o mundo, e resolveu envolver a divisão brasileira nas celebrações.Por isso, lançou nesta segunda-feira (17) a série… 100 Anos , limitada a 550 unidades, para toda a gama de automóveis da marca comercializados no país. Serão 100 exemplares de C3, 100 do Aircross, 300 do C4 Cactus e 50 do C4 Lounge.C3 tem a mesma pintura contrastante da versão Urban... Leia mais
17 JUN

Suzuki Vitara é o importado que menos desvaloriza em um ano, diz estudo

Vitara (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)Que a desvalorização de um veículo começa a acontecer assim que ele sai da concessionária, todo mundo já sabe. E que essa desvalorização é geralmente maior quando se trata de um carro importado, também. Para rastrear o sobe-e-desce das marcas e modelos, a KBB, consultoria especialista em preços de carros, divulgou quais foram os veículos importados mais e menos desvalorizados com base no valor de um veículo zero-km no ano anterior. No... Leia mais