Novidades

07 NOV
Grandes Brasileiros: Ford Belina Luxo Especial

Grandes Brasileiros: Ford Belina Luxo Especial

O requinte externo da Belina estava nos frisos e pneus faixa branca (Xico Buny/Quatro Rodas)

O jacarandá-da-baía é considerado a mais valiosa das madeiras nacionais. A textura lisa e as listras pretas contrastando com o fundo marrom conferem uma estética própria a objetos de decoração, móveis de luxo e instrumentos musicais.

Um material tão belo que foi escolhido pela Ford para a decoração externa da Belina Luxo Especial.

Apesar de ter sido desenvolvida em conjunto com a Renault francesa, essa versão da Belina surgiu na capa da QUATRO RODAS de março de 1970 com um visual tipicamente americano.

A Belina Luxo Especial trazia a faixa imitando a jacarandá (Xico Buny/Quatro Rodas)

A inspiração foi a prima Country Squire, que desde os anos 50 deixava a fábrica de Detroit com apliques na carroceria imitando madeira.

Esse esmero tinha uma razão: a Belina brigava com a forte VW 1600 Variant, que desde 1969 reinava solitária no segmento das peruas. Não bastava à Ford demonstrar a superioridade da Belina: ela também precisava parecer superior à concorrente.

A batalha publicitária foi interessante. A VW se vangloriava do motor escondido da Variant (que resultava em um porta-malas dianteiro e outro traseiro), enquanto a Ford apresentava a Belina como “o carro que não tem nada a esconder”, em referência ao motor dianteiro e ao amplo porta-malas de 855 litros (1.680 litros com os bancos traseiros rebatidos).

No interior, volante do Aero Willys (Xico Buny/Quatro Rodas)

O acabamento exibia frisos, cromados e pneus de faixa branca. O interior se equiparava ao do Corcel GT, com tapete de buclê e a rara opção do banco dianteiro inteiriço, apesar da alavanca do câmbio no assoalho.

Trazia rádio, luzes de cortesia e para-brisa com desembaçador, lavador e limpador com duas velocidades. O enorme volante era o mesmo do Aero Willys.

Ela era estável sem abrir mão do conforto, mérito da tração dianteira e do acerto da suspensão: independente por braços sobrepostos à frente e eixo rígido atrás.

O painel com uma boa dose de detalhes cromados (Xico Buny/Quatro Rodas)

Com direção leve e precisa, o comportamento era mais previsível que o da Variant: tendência ao subesterço, carregada ou não. Os freios dianteiros a disco eram eficientes.

Outra vantagem da Belina era o motor de quatro cilindros em linha, de 1,3 litro e 68 cv. Não era o mais adequado aos 994 kg da perua, mas era silencioso, econômico e contava com um sistema de refrigeração selado com vaso de expansão, praticamente dispensando a verificação periódica do nível do líquido de arrefecimento.

Na prática, a temperatura ficou abaixo de 80oC durante as provas dedesempenho. Superdimensionado, o motor suportava altas rotações sem grande esforço. Com 12 litros a mais que o Corcel, o tanque de 63 litros garantia boa autonomia na estrada.

Logo Corcel com Luxo Especial no interior da Belina (Xico Buny/Quatro Rodas)

O modelo 1971 trouxe pequenas alterações: a grade foi redesenhada e ganhou o emblema do cavalo no centro. As lanternas dianteiras foram reposicionadas logo abaixo do para-choque, e o painel passou a ser pintado na cor da carroceria. A suspensão foi revista e ficou mais silenciosa graças a novos coxins de borracha.

Em 1972, pistões maiores elevaram a cilindrada para 1,4 litro, resultando em 75 cv e 11,6 mkgf de torque. Era o mesmo motor XP (extra performance) do Corcel GT, mas com carburador de corpo simples.

As lanternas traseiras passaram a ser horizontais, luzes de ré foram adicionadas, e o volante passou a ser o mesmo do Galaxie.

Estepe no interior do porta-malas, ficava do lado esquerdo (Xico Buny/Quatro Rodas)

Foi o último ano da versão. No mesmo ano, a publicidade informava que os painéis imitando jacarandá poderiam ser instalados nas concessionárias, em qualquer versão.

“Acredito que eles encerraram a versão e ficaram com um grande estoque de painéis na fábrica”, diz Sérgio Minervini, dono desta Luxo Especial 1971.

Uma versão mais requintada da Belina só voltaria a ser ofertada em 1975, com o surgimento da versão LDO (luxuosa decoração opcional), que se estendeu pela segunda geração da perua. 

Perua foi bem recebida pelos fãs da família Corcel (Xico Buny/Quatro Rodas)

De lá para cá, as Belinas Luxo Especial ficaram na mesma situação do jacarandá-da-baía: foram quase extintas, o que elevou consideravelmente seu valor no mercado de automóveis antigos.

Ficha técnica – Ford Belina Luxo Especial 1971

  • Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.289 cm³, comando de válvulas simples no bloco, carburador de corpo simples; 68cv a 5.200 rpm; 10,4 mkgf a 3.200 rpm
  • Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira
  • Dimensões: comprimento, 447 cm; largura, 160 cm; altura, 145 cm; entre-eixos, 243 cm; peso, 994 kg
  • Pneus: 6.45-13

Teste QUATRO RODAS – setembro de 1970

  • Aceleração: 0 a 100 km/h em 21,2 s
  • Velocidade máxima: 136,88 km/h
  • Consumo: 11,9 km/l
  • Preço (março 1970): CR$ 17.707
  • Preço (atualizado IGP-DI): R$ 102.630

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

27 MAR
Coronavírus faz circulação de veículos cair pela metade no Brasil

Coronavírus faz circulação de veículos cair pela metade no Brasil

Estudo revela que tempo gasto no carro e viagens por semana caíram muito devido ao Covid-19 (Arquivo/Quatro Rodas)A principal orientação das autoridades de saúde para conter a pandemia da Covid-19 tem sido o isolamento total da população. Ou seja, não sair de casa.O resultado já pode ser percebido, inclusive, pelo movimentos nas vias brasileiras.De acordo com levantamento da empresa de tecnologias automotivas Wings, o tempo gasto por dia dentro do veículo caiu 50,35% no período de 18... Leia mais
27 MAR
Menor Custo de Uso 2020: os sedãs médios mais baratos de manter

Menor Custo de Uso 2020: os sedãs médios mais baratos de manter

Prius: custa caro na saída, mas pelo menos o híbrido “devolve” parte do investimento com seu baixo consumo de combustível (Fernando Pires/Quatro Rodas)O primeiro filtro deste comparativo foi feito com a seleção dos dez modelos mais vendidos em 2019 – o Prius foi o décimo colocado.Mas, apesar de ser o último a entrar no baile, o híbrido conquistou a primeira posição da categoria com muita facilidade – até porque o preço de tabela não é levado em conta, já que a proposta... Leia mais
27 MAR
Novo Renault Sandero só chega em 2022, mas projeção antecipa o visual

Novo Renault Sandero só chega em 2022, mas projeção antecipa o visual

Novo Sandero terá visual inspirado no Clio europeu (Kolesa/Reprodução)O Renault Sandero acabou de ganhar uma reestilização. Mas a nova geração já está a caminho e chegará ao Brasil em 2022 – e pode atrasar até 2023. O modelo terá visual inspirado no Clio europeu e, para antecipar as novidades, o site Kolesa já criou uma projeção.De acordo com informações do parceiro Autos Segredos, o hatch (assim como o irmão Logan) terá uma atualização profunda da plataforma B0,... Leia mais
27 MAR
Novo Chevrolet Tracker: motor 1.2 aproveita muito do 1.0, mas o que muda?

Novo Chevrolet Tracker: motor 1.2 aproveita muito do 1.0, mas o que muda?

Novo Tracker tem dois motores que são muito parecidos entre si – e de propósito (Arte/Quatro Rodas)A família de motores CSS Prime, que equipa os novos Chevrolet Onix e Onix Plus, e agora também o novo Tracker, é novinha. E segue estratégias interessantes para simplificar a produção e também as futuras manutenções.Criados a partir de um motor usado pela Opel (falaremos mais disso adiante), os CSS Prime não têm injeção direta nem árvore contrarrotativa (usada para atenuar as... Leia mais
27 MAR

Recall: aviso aos donos dos AMG E 63 S, S 63 L, S 63 Coupé, G 63 e GT 63 S

 (Mercedes-Benz/Divulgação)Sistema envolvido: linhas de alimentação aos turbocompressores.Razões técnicas: constatou-se uma possível inconformidade produtiva no material (borracha) das linhas de alimentação (mangueiras) de óleo para os turbocompressores.Riscos e implicações: tal inconformidade poderia, ao longo do tempo, ocasionar vazamentos de óleo lubrifi cante sobre superfícies quentes do motor. Em situações extremas, não se descarta o início de incêndio no compartimento... Leia mais
26 MAR

Onix, Uno, Sandero: 10 carros que mudaram de nome no Brasil

Difícil encontrar uma pessoa que não tenha passado em algum momento da vida, mesmo que da maneira mais breve e branda possível, por uma crise de identidade.Com estes dez carros aconteceu ou está para acontecer o mesmo: para eles, a crise foi tão grande que todos trocaram de nome.Nossa lista tem alguns exemplos clássicos e bem conhecidos, mas também alguns surpreendentes. E tem até modelo que trocou de nome não uma, mas sim duas vezes.É a estreia da seção Top Ten, já conhecidíssima... Leia mais