Dois alemães V8 e com mais de 600 cv: as semelhanças, porém, param por aí (Christian Castanho/Quatro Rodas) Ludwig van Beethoven e Johann Sebastian Bach são dois dos maiores compositores da música clássica alemã. É difícil apontar quem foi mais genial: alguns ficam hipnotizados pela Quinta Sinfonia, outros apontam Tocata e Fuga em Ré Menor como uma das grandes obras-primas de sua era. Escolher um deles é tão difícil quanto definir qual é o melhor sedã esportivo: Mercedes-AMG E63S ou Audi RS 7 Performance? Quem estiver atento notará que as versões radicais de Classe E e A7 não são rivais totalmente diretos, mas, como a Audi importa o RS 6 só na versão Avant (perua), cabe ao RS 7 a dura tarefa de encarar o E 63 S no Brasil. O Classe E ganhou músculos após o tratamento AMG (Christian Castanho/Quatro Rodas) Apresentado em 2016, o E 63 já está na era da condução semiautônoma. Assim como o Classe E, o carro segue ajustes preestabelecidos para controlar a distância do veículo à frente a uma velocidade de até 210 km/h. O sistema freia, acelera e até faz curvas leves sem intervenção humana. O antigo motor 5.5 V8 foi substituído pelo 4.0 V8 biturbo, que entrega 612 cv e um ronco feito para desafiar até o mais pacato dos motoristas. Mas basta assumir a direção para lembrar que o E 63 não deixou seu temperamento arisco para trás. O RS 7 Sportback circula no Brasil há três anos, quando elevou o patamar dos sedãs superesportivos com seus 560 cv. Linhas esportivas foram herdadas do belo A7 (Christian Castanho/Quatro Rodas) Se o visual é o mesmo desde 2014, a Audi mexeu na parte mais importante de um esportivo, injetando 45 cv no motor 4.0 V8 biturbo. São 605 cv embalados por uma sinfonia com deliciosos estampidos entre as trocas de marcha. Ao volante, o RS 7 é mais fácil de ser domado. A direção pesada é ruim nas manobras cotidianas, mas bem calibrada para altas velocidades. Até com as assistências eletrônicas desligadas o Audi se mostra mais previsível, fazendo exatamente o que o motorista quer. O E63 é o oposto: confortável na cidade e bastante arisco na hora da diversão. Na prática, o RS 7 é um superesportivo feito para qualquer um dirigir, enquanto o E 63 não é para amadores. Carroceria foi alargada para acomodar rodas (Christian Castanho/Quatro Rodas) Ambos vêm com tração integral, mas só o Mercedes oferece um modo de drift, no qual o veículo vira um sedã com tração traseira sem interferência do controle de estabilidade. Assim como Bach, o E 63 S pertence a uma família tradicional, cuja fama foi construída por seus antepassados – no caso da AMG, os carros preparados em Affalterbach há exatos 50 anos. As belas formas do Classe E foram ressaltadas pela carroceria alargada em 27 mm para acomodar as rodas de 20 polegadas calçadas com pneus 265/35 na frente e 295/30 atrás. Aerofólio embutido se ergue acima dos 120 km/h (Christian Castanho/Quatro Rodas) O RS 7 dá o troco trazendo um visual mais provocante do que seu rival, principalmente por conta das linhas mais esportivas do A7. As gigantescas rodas aro 21 combinam com as grandes tomadas de ar no para-choque frontal. Só o RS 7 tem um aerofólio que se ergue acima dos 120 km/h para melhorar a pressão aerodinâmica em alta velocidade. A sensação de esportividade também é maior no Audi do lado de dentro. Os bancos abraçam melhor o corpo, e o volante tem empunhadura exemplar. Madeira e alumínio dominam a bela cabine do Mercedes (Christian Castanho/Quatro Rodas) Bancos do E 63 S são muito confortáveis (Christian Castanho/Quatro Rodas) Já o E 63 brilha naquilo que a Mercedes-Benz sabe fazer de melhor. Sobra luxo por todos os lados, graças ao acabamento impecável e aos materiais de primeira qualidade empregados na cabine. Há um abismo tecnológico separando os dois. Apenas na próxima geração o RS 7 terá painel digital e uma central multimídia mais completa, itens já oferecidos no E 63 S. A idade avançada do RS 7, porém, é denunciada pela ausência das modernas assistências eletrônicas presentes no seu rival. Não há piloto automático adaptativo nem Park Assist. Interior do Audi tem estilo conservador (Christian Castanho/Quatro Rodas) Os bancos do RS 7 são mais envolventes e seguram melhor o corpo nas curvas (Christian Castanho/Quatro Rodas) O E 63 S deu um banho na pista de testes, superando o RS 7 em quase todas as provas de desempenho. O Mercedes também precisou de menos espaço para parar nas medições de 60 a 0 km/h e 120 a 0 km/h e obteve números razoáveis de consumo. Apontar o melhor compositor erudito é uma tarefa quase impossível, mas escolher o melhor sedã superesportivo é um pouco mais fácil. O E 63 S conquistou uma vitória incontestável por ter um projeto mais moderno e entregar mais conteúdo, tecnologia e desempenho cobrando R$ 51.090 a menos – a Mercedes-Benz pede R$ 699.900 pelo E 63 S, contra os R$ 750.990 do RS 7 Performance. O RS 7 ainda é um supersedã de respeito, mas foi batido pelo E63S, que é mais moderno, anda mais e custa menos.
Fonte:
Quatro Rodas
Veredicto
Teste (com gasolina)
Mercedes-AMG E 63 S
Audi RS 7
Aceleração de 0 a 100 km/h
3,3 s
3,7 s
Aceleração de 0 a 1.000 m
20,4 s
21,4 s
Velocidade máxima (dados de fábrica)
300 km/h
305 km/h
Retomada de 40 a 80 km/h (em D)
1,6 s
1,8 s
Retomada de 60 a 100 km/h (em D)
1,8 s
2 s
Retomada de 80 a 120 km/h (em D)
2 s
2,4 s
Frenagem de 60/80/120 km/h a 0 m
15,9/28/62,9 m
16,9/25,6/67,6 m
Consumo urbano
7,4 km/h
7 km/h
Consumo rodoviário
10,3 km/h
11,9 km/h
Ficha técnica
Mercedes-AMG E 63 S
Audi RS 7
Motor
gasolina., diant., longit., V8, 32V, biturbo, 3.982 cm3, 83 x 92 mm, 612 cv de 5.500 rpm a 6.250 rpm, 86,7 mkgf de 1.750 a 4.500 rpm
gasolina, diant., longit., V8, 32V, biturbo, 3.993 cm3; 605 cv entre 6.100 e 6.800 rpm, 76,5 mkgf entre 2.500 e 5.500 rpm
Câmbio
automático, 9 marchas, 4×4
automático, 8 marchas 4×4
Suspensão
duplo A (diant.) /multilink (tras.)
duplo A (diant.) e braços trapezoidais (tras.)
Freios
discos ventilados nas quatro rodas
discos ventilados nas quatro rodas
Direção
elétrica
elétrica
Rodas e pneus
liga leve, 245/35 R20 (diant.) e 275/30 R20 (tras.)
alumínio, 275/30 R21
Dimensões
compr., 499,3 cm; largura, 206,5 cm; altura, 146,4 cm; entre-eixos, 294 cm; peso, 1.955 kg; peso/potência, 3,2 kg/cv; peso/torque, 22,5 kg/mkgf; tanque, 66 l; porta-malas, 540 l
compr., 501,2 cm; altura, 141,9 cm; largura, 191,1 cm; entre-eixos, 291,5 cm; peso, 1.930 kg; peso/potência, 3,2 kg/cv; peso/torque, 25,2 kg/mkgf; tanque, 75 l; porta-malas, 535 l
Comparativo: Mercedes-AMG E 63 S x Audi RS 7
Mais Novidades
Fiat anuncia recall de 5.802 unidades; 8 modelos estão envolvidos
Mobi teve 1.313 unidades convocadas no recall da Fiat (Silvio Gioia/Quatro Rodas)
A Fiat anunciou um recall que envolve 5.802 unidades de oito modelos diferentes. O motivo é uma falha elétrica na bobina de ignição, o que compromete o funcionamento do motor.
Todos os veículos envolvidos são ano/modelo 2016/2017. No mercado desde o ano passado, o Fiat Mobi é mais afetado, com 4.131 unidades. Este é o segundo recall que envolve o carro...
Leia mais
Como ter um turbo por cilindro pode revolucionar os motores?
Ter um caracol dedicado para cada cilindro deixaria o motor mais eficiente (Garrett/Divulgação)
O futuro dos motores a combustão é dependente dos turbocompressores para forçar a entrada de mais ar na câmara. A lógica é simples: quanto mais ar, mais combustível poderá ser queimado e maior será a potência e o torque.
Tudo é muito bonito na teoria, mas a realidade precisa contornar o atraso no funcionamento do turbo. Mas o turbocompressor depende do fluxo...
Leia mais
Tudo o que você precisa saber antes de trocar o óleo do carro
Revelamos quais são os maiores erros que você nunca deve cometer ao substituir o lubrificante do motor (Reprodução/Quatro Rodas)
Nunca é demais lembrar que o óleo, além de lubrificar, limpa as superfícies internas do motor e garante seu bom desempenho.
Mesmo assim, tem gente que comete erros comuns ao trocar o produto. Ou então leva o carro ao posto de gasolina – que muitas vezes não tem o preparo ideal para fazer o...
Leia mais
Seis equipamentos que o Novo Polo tem e o Golf não
Mais recente, o Polo tem equipamentos que o Golf, mais caro e maior, não tem (João Mantovani e Leo Sposito/Quatro Rodas)
Lançado há pouco mais de um mês, o novo Volkswagen Polo começou a ser entregue aos primeiros compradores. É tão recente que seu projeto inclui tecnologias que nem mesmo o Golf – que será reestilizado apenas em 2018 – tem. Mesmo que a Volks esteja chamando o Polo de mini-Golf.
Quadro de instrumentos...
Leia mais
Teste do especialista: toalhas superabsorventes
A Rodabril foi a melhor avaliada com nota 9 (Gustavo Pitta/Quatro Rodas)
Após uma lavagem caprichada, é hora de secar o carro. Mas, para isso, faz falta um bom pano para enxugar lataria e vidros. Já ouviu falar das toalhas superabsorventes?
Feitas de poliéster e camurça sintética, elas retêm dez vezes mais água que uma toalha comum – e sem deixar vestígios de gordura ou fiapos.
“As três marcas estão de parabéns pelo alto...
Leia mais
Fiat Weekend 2018 vive: custa R$ 60.390 e não tem ar-condicionado
Com quase 20 anos de vida, a Weekend é uma das poucas peruas à venda no Brasil (Fiat/Divulgação)
A Palio Weekend é o modelo mais antigo à venda atualmente no Brasil. Lançada em 1996, a perua (que desde 2015 se chama apenas Weekend) já está na linha 2018, partindo de R$ 60.390 na versão Attractive 1.4 Flex. Sem ar-condicionado de série.
É isso mesmo: por pouco mais de R$ 60.000 você leva para casa uma Weekend com direção...
Leia mais