Portas com janela corrediça e, no teto, uma escotilha (Christian Castanho/Quatro Rodas) Quem se surpreende com as exíguas dimensões e o estilo singular do Smart talvez não tenha conhecido um projeto nacional produzido por João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, um dos mais visionários da nossa indústria. O Gurgel MotoMachine revelava para os visitantes do Salão do Automóvel de 1990 uma inovadora forma de transporte urbano particular. Ainda que sem a pretensão e sofisticação do Smart, o MotoMachine tinha como principais atrativos a economia, tanto nas dimensões como no consumo. Mas essa frugalidade não escondia sua faceta de pequeno sedutor: teto rígido removível, outro de lona, estepe exposto na traseira e laterais envidraçadas (na verdade, de acrílico) faziam parte do arsenal para conquistar o público descolado. Laterais de acrílico emolduradas pela carroceria de fibra (Christian Castanho/Quatro Rodas) Seu conceito, reforçado pelo nome, era trazer a experiência de pilotar uma moto para um carro que pudesse rodar fechado. O resultado pode não agradar a todos, mas é difícil negar sua originalidade. Tecnicamente o MotoMachine derivava do BR-800, o primeiro carro com tecnologia 100% brasileira. Ele era construído sobre um chassi hexagonal. Seu motor de dois cilindros e 0,8 litro entregava modestos 34 cv e 6,6 mkgf. Só usava gasolina, pois Gurgel acreditava que o campo deveria ser preservado para produzir apenas alimentos. O motor de 34 cv também era usado pelo BR-800 (Christian Castanho/Quatro Rodas) O modelo 1991 fotografado foi o segundo Gurgel adquirido pelo paulista Felipe Bonventi, também dono de um XEF e um X-15. Em dezembro de 2005 ele achou um exemplar impecável, de uma senhora, única dona, com nota fiscal de compra e apenas 40.000 km. “Ela dizia que eu não tinha idade para gostar de um carro desses, perguntou inúmeras vezes se eu não ia revendê-lo logo em seguida, mas enfim foi com a minha cara. Na entrega do carro ela até chorou.” Ele só rodou 2.000 km desde então. Para suas dimensões, o mini-Gurgel possui espaço suficiente para não espremer seus dois ocupantes. Há um banco atrás, ao estilo 2+2, que também é porta-malas. A capota de lona fica atrás do encosto desse banco, num porta-trecos. “Ainda tem um teto de lona chamado de tampa careca, que cobre apenas a cabeça do motorista e do passageiro”, diz. Comandos são VW; nas portas, suportes para alto-falantes (Christian Castanho/Quatro Rodas) Bonventi explica que o para-brisa rebatível para cima das primeiras unidades teria sido abolido porque o Detran passaria a exigir óculos de proteção para o carro trafegar sem ele. Na baliza, as vigias de acrílico revelam-se providenciais, ajudando a ver a distância até o meio-fio. Os racionados comandos são de origem VW. O vermelho do banco de couro combina com os frisos externos. A leveza da direção a faz parecer hidráulica e o câmbio de quatro velocidades tem engates precisos. Entre os raros luxos do carro, bancos e volante de couro (Christian Castanho/Quatro Rodas) Falta torque em baixas rotações, algo esperado de um par de cilindros que soa, previsivelmente, como motor de moto. “O escapamento do MotoMachine tinha menos silenciadores que o dos outros Gurgel de mesmo motor.” O excesso de plástico do interior é outra fonte de ruídos. Dura para compensar a leveza do veículo, a suspensão não raro maltrata os ocupantes, mas mantém a estabilidade em curvas. Atrás o banco também é porta-malas: um 2+2 (Christian Castanho/Quatro Rodas) Não se sabe ao certo quantos foram feitos, mas há quem afirme que chegaram a 177. Entre bugues, jipes, veículos elétricos, minicarros e o primeiro automóvel 100% nacional, a Gurgel produziu alguns dos mais interessantes carros do país. Nenhum deles, no entanto, conseguiu aliar tanta versatilidade e diversão quanto o camaleônico MotoMachine. Antes de sua fábrica falir, em 1994, João Gurgel desenvolvia o projeto Delta, junto com o governo do Ceará (pois ali seria feito o novo carro). Pela descrição do autor, lembrava o MotoMachine. Em entrevista à QUATRO RODAS de dezembro de 1992, Gurgel falava de um veículo de dois lugares e motor de 800 cm³. Este era preparado pela Lotus inglesa para render 20 km/l. O chassi aparente de alumínio formaria o habitáculo e os para-lamas de plástico seriam substituídos facilmente em caso de colisão.
Fonte:
Quatro Rodas
Delta
Ficha técnica – Gurgel MotoMachine
Grandes Brasileiros: Gurgel MotoMachine
Mais Novidades
02 MAI
Vendas de veículos crescem 38,5% em abril, diz Fenabrave
As vendas de veículos novos subiram 38,53% em abril, na comparação com 1 ano atrás. Foram emplacados 217.359 automóveis, comerciais leves (picapes e furgões), caminhões e ônibus, segundo informou a federação dos concessionários, a Fenabrave, nesta quarta-feira (2). No acumulado do ano, a alta é de 21,3% sobre janeiro a abril de 2017, com 762.849 veículos vendidos. Por segmentos O segmento que mais cresceu nas vendas foi o de caminhões, com 6.223 unidades emplacadas em...
Leia mais
02 MAI
Design italiano é inspiração para o Fiat Cronos
O design italiano, conhecido pelas linhas atraentes e musculosas, foi a inspiração para o visual do Fiat Cronos. O sedã chega ao mercado com linhas que unem todos os elementos da carroceria, pegada esportiva e interior espaçoso, confortável e funcional. A dianteira do Fiat Cronos chama atenção pelo capô alongado e muscular, os para-choques dinâmicos que se aliam às asas laterais, guias de LED e centro cromado. A percepção de volume é reforçada pela traseira elevada e larga....
Leia mais
02 MAI
Toyota abre mais de 800 vagas com criação do terceiro turno em Sorocaba e Porto Feliz
A montadora Toyota anunciou nesta quarta-feira (2) a criação do terceiro turno nas fábricas de Sorocaba e Porto Feliz (SP). Segundo a empresa, o novo turno é inédito no Brasil. A produção deve começar em novembro deste ano, gerando 740 empregos direitos em Sorocaba, 130 em Porto Feliz e cerca de 700 vagas em contratações em fornecedores de peças (vagas indiretas). A demanda é para atender a produção do Etios e também do novo compacto Yaris, previsto para ser...
Leia mais
02 MAI
Auto-serviço: vale a pena trocar o seguro por um rastreador?
– (Arte/Quatro Rodas)Afugentada por conta dos altos preços das apólices, 70% da frota brasileira circula sem cobertura de seguro, segundo um levantamento da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg).É por isso que já faz um tempo que a solução para esses motoristas sem seguro tem sido os rastreadores, mais baratos.Porém, uma busca em sites de defesa do consumidor revela uma grande lista de reclamações, devido principalmente à não localização do veículo...
Leia mais
02 MAI
Sucessos do passado, Santana e Escort continuam à venda
Sedãs fazem sucesso no mercado chinês (Arte/Quatro Rodas)Parece ser coisa da Autolatina, mas não é. Os Volkswagen Santana e Ford Escort ainda existem no mercado chinês e fazem bastante sucesso.Mas, que fique bem claro: não são os mesmos carros que fizeram história por aqui, como o saudoso Santana ou o Escort – que já chegou no Brasil em sua terceira geração.Primeira geração do Santana foi fabricada na China entre 1985 e 2012 (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)No caso do Santana,...
Leia mais
02 MAI
GM põe 2,6 mil trabalhadores em férias coletivas por 14 dias em São José, SP
A General Motors deu férias coletivas, por 14 dias, a 2,6 mil trabalhadores a partir desta quarta-feira (2) . A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos. As atividades foram interrompidas para os funcionários da linha da caminhonete S10. De acordo com o sindicato, a medida foi adotada para manutenção do maquinário. O retorno dos empregados está previsto para 16 de maio. A montadora em São José emprega cerca de 5 mil trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer. ...
Leia mais