Design da Série 10 era exclusivo do Brasil (Xico Buny/Quatro Rodas) Ávidos consumidores de picapes, os americanos parecem não se dar conta de que esses utilitários nasceram para o trabalho. Estilo, conforto e desempenho tornaram-se prioridades a partir de 1955, quando a GM lançou a Cameo Carrier. Criada pelo designer Luther Whitmore Stier, ela trazia pintura em dois tons, motor V8, câmbio automático, direção hidráulica e freios assistidos. Situação diferente do Brasil, onde a produção da picape 3100 começou só em 1958. “Conhecido como Chevrolet Brasil, era uma solução local”, diz André Beer, executivo da GM do Brasil por quase 50 anos. Nesta C-10 Chevy SL 1978, a decoração externa maquiava o desenho de 14 anos, como as faixas e rodas com calotas e sobrearo – espelhos retrovisores eram do Opala (Xico Buny/Quatro Rodas) O resultado final era um utilitário rústico, com falhas de acabamento decorrentes da má qualidade da matéria-prima e outras deficiências do projeto. O ponto positivo era seu velho seis cilindros em linha de 4,3 litros e 142 cv. Importado, gozava de boa reputação pelo torque e confiabilidade. Ele foi nacionalizado, mas o resto do utilitário era inferior ao americano de 1960: a dianteira se apoiava sobre um eixo rígido e os pedais de embreagem e freio brotavam do assoalho. O estilo nada refinado lembrava sua origem: um caminhão em menor escala. Imitação de madeira e câmbio de 4 marchas com alavanca no assoalho (Xico Buny/Quatro Rodas) O que poucos sabiam é que Luther Whitmore Stier chegou ao Brasil em 1957, quando assumiu o departamento de estilo. Sua primeira missão foi adequar o desenho da nova geração à linha de produção em São Caetano do Sul (SP). O resultado veio em 1964, com os modelos C-14 e C-15. Denominada internamente de C-1404, a picape de chassi curto (2,9 m de entre-eixos) estava 15 cm mais baixa, facilitando o acesso à cabine. Havia ainda a C-1414, única do país com cabine dupla para seis pessoas. Já a C-15 era maior (3,1 de entre-eixos) e era chamada internamente de C-1505, tendo só cabine simples. A grande novidade era a suspensão dianteira independente com molas helicoidais, melhorando conforto e comportamento. Tudo lembrava um automóvel: os pedais eram suspensos, a dianteira mantinha os quatro faróis e a coluna A inclinada evidenciavam a preocupação com a aerodinâmica (Stier era engenheiro aeronáutico). Manteve o câmbio manual de três marchas com alavanca na direção. C-10 1978 esbanjava estilo e personalidade (Xico Buny/Quatro Rodas) O modelo 1967 recebeu nova grade, com dois faróis maiores, novo painel de instrumentos, alternador no lugar do dínamo e motor recalibrado para 151 cv. Por fim, a primeira passou a ser sincronizada e foram oferecidas versões 4×4 transformadas pela Engesa. O conforto aumentou em 1971, com a oferta da direção hidráulica. Como nos EUA, as picapes passaram a se chamar só C-10 em 1974. Dois anos depois, surgia a versão Chevy 4, impulsionada pelo quatro cilindros do Opala. Com parcos 17,0 mkgf, a solução foi adotar o câmbio M20 de quatro marchas com alavanca no assoalho e reduzir a relação do diferencial. Estepe ficava dentro da caçamba da C-10 (Xico Buny/Quatro Rodas) O motor fraco foi amenizado na linha 1978 com a versão Chevy SL. Essa C-10 ganhou um banho de loja: bancos individuais, painel e laterais de portas da Veraneio Luxo, roda aro 15 com calota e sobrearo, faixas laterais, espelhos do Opala e opção de câmbio de quatro marchas para as versões seis cilindros, como neste exemplar, que se encontra aos cuidados da oficina Garage do Guilherme. Raríssima, a Chevy SL durou menos de um ano. Mas no mesmo ano nasceu o xodó dos profissionais: a D-10, com um Perkins 3.8 diesel de 77 cv e 30 mkgf. Depois veio a A-10, de quatro cilindros a álcool (89 cv e 17,1 mkgf). Em 1980, a grade passou a ser produzida em plástico e os freios ganharam hidrovácuo e discos dianteiros. Picape carregava listras preta na lateral além do nome C 10 (Xico Buny/Quatro Rodas) Em 1981, o 4.3 de seis cilindros deu lugar ao 4.1 de quatro do Opala, gasolina ou álcool. Após 20 anos da Série 10, vinha a nova série 10/20. Por sua vez, o americano Luther Stier jamais deixou o Brasil: aposentou-se aqui e permaneceu em São Paulo até morrer, em 2010, aos 97 anos. Motor: longitudinal, 6 cilindros em linha, 4.278 cm³, comando de válvulas simples no bloco, carburador
Fonte:
Quatro Rodas
Ficha técnica – Chevrolet C-10 Chevy SL 1978
Potência: 151 cv a 3.800 rpm
Torque: 32,0 mkgf a 2.400 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Dimensões: comprimento, 484 cm; largura, 197 cm; altura, 184 cm; entre-eixos, 292 cm Peso: 2.270 kg
Pneus: 6.50 x 16
Grandes Brasileiros: Chevrolet Série 10
Mais Novidades
22 MAR
Porsche Cayenne ganha versão com carroceria ‘cupê’
Um carro pode ser SUV e cupê ao mesmo tempo? Para a Porsche (e várias outras marcas), isso é possível. Os alemães revelaram nesta quinta-feira (21) o Cayenne Coupé, uma variante da terceira geração do utilitário esportivo. A diferença para o SUV “convencional” está na queda do teto, mais suave na versão Coupé. Segundo a Porsche, os traços fazem deste o Cayenne mais esportivo da linha. Além do teto, a fabricante fez pequenas modificações na coluna A e no...
Leia mais
22 MAR
McLaren 600LT: aceleramos supercarro que só 4 brasileiros poderão comprar
Pacote com teto de fibra de carbono é opcional (Christian Castanho/Quatro Rodas)Era uma manhã nublada de sexta-feira, mais convidativa a se ficar na cama do que qualquer outra coisa. Mas o alarme do celular gritava e era necessário acordar, porque a missão do dia seria muito, muito especial: ser o primeiro jornalista a acelerar em solo brasileiro o McLaren 600LT. Estamos falando de uma derivação (ainda mais) envenenada do 570S e com produção limitada, que terá apenas quatro unidades...
Leia mais
22 MAR
Clássicos: Cord 810, o carro que dava uma pitada de século 21 aos anos 30
O Cord foi o primeiro carro dos EUA com tração dianteira (Christian Castanho/Quatro Rodas)As portas do Salão de Nova York de 1935 foram abertas com 15 minutos de antecedência, medida necessária para dispersar a multidão que se aglomerou para ver automóveis como Duesenberg Modelo J, Auburn 851 Speedster e Cord 810.Os três eram criações do projetista Gordon Buehrig, mas foi o Cord 810 que se tornou um ícone automotivo dos anos 1930 em função da engenharia de vanguarda, do estilo...
Leia mais
22 MAR
Longa Duração: Toyota Prius é baixo demais, e quem sofre é o assoalho
Prius: fragilidade excessiva dos defletores de ar inferiores (Christian Castanho/Quatro Rodas)Assim que estreou em nossa frota, em fevereiro de 2018, notamos que a dianteira do Toyota Prius era muito baixa. Desde então, valetas, lombadas e rampas de garagem viraram sinônimos de atenção redobrada. Mesmo assim, o passar do tempo (e dos obstáculos) imprimiu algumas marcas em nosso híbrido.Desenvolvido para proporcionar baixo consumo, o Prius é um projeto com especial cuidado na...
Leia mais
22 MAR
Lexus UX custará entre R$ 169.990 e R$ 209.990, diz concessionária
A Lexus ainda se prepara para lançar seu menor SUV, o UX. A programação é ter o modelo nas lojas no mês que vem. Mas a rede de concessionárias se apressou, e já anuncia uma pré-venda nas redes sociais, inclusive com preços. Procurada, a concessionária de São Paulo confirmou a informação ao G1, e deu maiores detalhes. O UX será oferecido em três versões. Confira os preços abaixo: Dynamic - R$ 169.990Luxury - R$ 189.990F-Sport - R$ 209.990 O modelo foi...
Leia mais
21 MAR
Eis o novo Chevrolet Onix, ou seria Prisma? Veja detalhes e painel do sedã
Nova geração do Prisma será rebatizada como Onix Sedan (AutoHome.cn/Internet)O novo Chevrolet Onix – quer dizer, Prisma – foi revelado oficialmente na China.O modelo já tinha sido mostrado em imagens vazadas de patente em outubro do ano passado, mas só agora apareceu oficialmente em uma versão esportiva. Também vem circulando por aí um flagra do interior.Antes de mais nada, vamos desfazer a confusão dos nomes: o gigante asiático vai aproveitar a alcunha do nosso hatch para...
Leia mais