Painel debateu se autônomos são o futuro da indústria (Bio Foto/Quatro Rodas) O que falta para que os carros autônomos se tornem presentes no nosso cotidiano e como as cidades estão preparadas para eles? Estas foram algumas das questões levantadas pelo painel “Carros autônomos: serão eles a salvação da indústria?”, durante o Fórum Direções realizado por QUATRO RODAS nesta terça-feira, 19 de setembro, em São Paulo. De acordo com Pablo Averame, vice-presidente de marketing, mobilidade e serviços conectados para a América Latina do Grupo PSA Peugeot Citroën, podemos dizer que os autônomos já estão entre nós. “A condução assistida começou há alguns anos com o piloto automático. Hoje temos o que chamamos de piloto automático adaptativo, que tem a capacidade de manter distância controlada do carro à frente. Esse é o nível 1 de automação. O nível máximo é o 5, que já não teria o condutor atrás do volante. A diferença entre o nível 1 e o 2 é que o condutor já não precisa manter as mãos sobre o volante. No 3, o motorista não precisaria estar enxergando a estrada. No nível 4 o motorista não precisaria interagir com o carro para, por exemplo, autorizar uma ultrapassagem. Daqui até o ano de 2020, pensando na Europa e nos Estados Unidos, já será possível ter carros de nível 4 nas ruas.” Perguntado sobre o estágio atual da tecnologia autônoma, Johannes Roscheck, CEO da Audi Brasil, adiantou que a fabricante alemã já está homologando no Brasil a nova geração do Audi A8, seu sedã topo de linha. Johannes Roscheck, CEO da Audi do Brasil (Bio Foto/Quatro Rodas) “A homologação inclui o sistema autônomo nível 3, que permite que o motorista desvie o foco da estrada para ler e-mails ou fazer outra coisa. Mas o motorista precisa estar presente para assumir o controle quando o carro chama. A evolução é rápida e está sendo acompanhada pela indústria conforme a disponibilidade de tecnologia. 20 anos atrás a capacidade dos computadores era 10.000 vezes menor que hoje e a gente está acreditando que esta evolução ficará cada vez mais rápida. Nós acreditamos que esta tecnologia poderá avançar muito rápido. 10 anos atrás tínhamos processadores 100 vezes mais lentos que hoje, por exemplo.” Representando as empresas de tecnologia, que também trabalham no desenvolvimento de sistemas autônomos, Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, levantou um problema que os autônomos não resolvem: a hora do rush. “Hoje, cada um de nós sai de casa mais ou menos no mesmo horário. Dirigimos uma máquina que chega ao seu destino 30 minutos, 1h depois. Quase todos os movimentos são muito parecidos no modelo da cidade de hoje. Eu vejo o projeto do carro autônomo de uma forma mais abrangente do que uma revolução na maneira de transportar. Se fizermos uma reflexão sobre isso, a indústria automobilística foi concebida sobre um conceito de conveniência e debilidade de serviços públicos. Para Fabio, um caminho é formar uma cidade conectada, interligando informações dos veículos, do transporte público e das próprias vias. Fabio Coelho, presidente do Google Brasil (Bio Foto/Quatro Rodas) “O carro autônomo pode transcender o simples fato de dirigir. Por exemplo, nos Estados Unidos o carro autônomo permite que a distância entre os veículos seja radicalmente menor, pois você não tem o elemento “falha humana” e isso permite maior fluidez do trânsito.” Há um período de transição pela frente e carros convencionais coexistirão com autônomos. E quem teria a culpa de um acidente entre os dois tipos de veículos? Fabio foi sincero: “Não sei. Há pessoas pensando nisso, cidades pensando nisso. E como tudo que envolve tecnologia de ponta, o uso precede a norma e a lei. É uma discussão ética e normativa, que dependerá de como as coisas vão evoluir. (…) A sociedade deve se reunir e encontrar um modelo a seguir. E todos sairão ganhando.” De acordo com Pablo, hoje 90% dos acidentes são causados por falha humana. “Mudar isso será um os grandes benefícios dos carros autônomos. Será uma experiência de condução diferente. (…) E a culpa de um acidente gerará uma discussão, mas o carro autônomo manterá as informações dos momentos do acidente e estas informações estarão à disposição para consulta posterior.” Mas nem todos estão dispostos a andar de um carro autônomo. Pesquisa da consultoria Gartner revelou que 55% dos americanos ouvidos não andariam em um carro 100% autônomo, mas 70% deles andariam nos semiautônomos. Perguntado sobre essa resistência, Johannes disse que bastará às pessoas ter um contato maior com os autônomos para que se tornem partidários do sistema. “É algo que deve mudar com a melhor divulgação dos autônomos e de suas vantagens, como o conforto e a conveniência, e por ser à prova de distrações do motorista. Hoje a tecnologia já permite alguma distração, caso você esteja cansado. Não permite que o motorista durma, mas não requer toda a atenção dele. Mas quem não vai gostar de poder fazer uma viagem entre o Rio e SP, 400 km, dormindo? Quando entenderem essas vantagens as pessoas vão aceitar os veículos autônomos. E esse percentual vai aumentar para 95%” A forma como a tecnologia vai influenciar na relação com o automóvel também foi abordada. De acordo com Pablo, os carros autônomos farão as fabricantes repensarem seu modelo de negócio. Johannes ainda prevê mudanças na legislação da grande maioria dos países que não permite que o motorista desvie sua atenção quando está ao volante, pois em carros autônomos isso será possível. “Quando eu era criança ver o banco do motorista girando para que ele fale com as crianças no banco de trás era ficção científica. Isso será realidade em carros de nível 4, que se tudo correr bem chegarão ao mercado em 2020 ou 2021”, disse o CEO da Audi do Brasil. De acordo com Fabio, “o cliente estará disposto a pagar por entretenimento a bordo de seu carro, ou andar de carro será quase como andar em um avião sem um monitor a frente ou algo parecido. O cliente não vai querer pegar um carro autônomo com sistemas de entretenimento que não sejam de alto nível.” Para que funcionem corretamente, carros autônomos dependerão de infraestrutura. E, assim como os equipamentos que fazem com que o carro seja autônomo, isso terá um custo. Para Johannes, esse é o caminho das “smartcities”, onde carros, pessoas e estruturas se comunicarão. Isso traria uma enorme vantagem para o coletivo. “As ruas terão sensores, os estacionamentos terão sensores. Isso será uma coisa fantástica. A Coreia do sul quer ser a primeira a fazer isso, dentro de três anos”, conta. Pablo diz que os planos da PSA é o de oferecer sistemas autônomos para os clientes de todos os segmentos e marcas do grupo, mas que o custo das tecnologias embarcadas nos automóveis dependerá da demanda. O presidente do Google, porém, prevê um futuro de tecnologia a custo mínimo, se não for zero. “Há pressão do mercado para isso. Se isso vai acontecer nos próximos 3 ou 5 anos é só uma questão de aperfeiçoar a tecnologia. Esta semana o congresso dos Estados Unidos deu parecer favorável aos autônomos. O futuro já chegou, só está mal distribuído. Só espero que o Brasil não fique na rabeira dessa evolução, pois é um grande mercado de automóveis.” – (./Quatro Rodas)
Fonte:
Quatro Rodas
Fórum Direções 2017: O caminho dos autônomos
Mais Novidades
França ameaça tirar habilitação de motorista que dirigir falando no celular
Diante do aumento de acidentes provocados pelo uso de celulares no volante, o governo francês estuda a possibilidade de endurecer as sanções no país, onde a prática já é sujeita a multa. Segundo o texto, quem estiver usando o telefone no momento em que cometer uma infração terá sua habilitação suspensa. Usar o celular no trânsito já é proibido na França. Quem desrespeitar a lei é punido com uma multa que pode chegar a R$ 3 mil, além de perder três dos doze pontos da...
Leia mais
BMW R 1250 GS chega ao Brasil em setembro por R$ 69.950
Mesmo com os lançamento das "pequenas" G 310 GS e G 310 R, a R 1200 GS continua como a moto mais vendida da BMW do Brasil, a exemplo do que acontece no resto do mundo. Em setembro, chega ao mercado brasileiro a nova geração do modelo, que ganhou motor maior e passa a se chamar R 1250 GS. Veja os preços da linha: R 1250 GS (pacote sport) - R$ 69.950R 1250 GS (pacote premium) - R$ 82.950R 1250 GS Adventure - R$ 91.950 Aposentando então a nomeclatura 1200, que vinha com a moto...
Leia mais
BMW Série 3 ganha versão de entrada 320i, que parte de R$ 187.950 em pré-venda
A BMW anunciou uma configuração mais em conta para o novo Série 3, a 320i. O modelo está em pré-venda com preços promocionais que partem de R$ 187.950 e pode ser encomendado através de um aplicativo. Depois da ação, o valor inicial passará para R$ 195.950. Em relação às versões 330i, únicas vendidas até então a partir de R$ 229.950, e que o G1 já andou, a principal diferença está na motorização. Nas 320i, o 2.0 turbo entrega 184 cavalos de potência e 30,6 kgfm...
Leia mais
26 JUL
QUATRO RODAS de agosto: nova Ford Ranger chama picapes rivais para a briga
Edição 724 da QUATRO RODAS (Arte/Quatro Rodas) (Fernando Pires/Arte/Quatro Rodas)A nova Ford Ranger mal chegou e já quer competir a posição de melhor picape cabine dupla 4×4 diesel topo de linha. QUATRO RODAS decidiu confrontá-la com suas rivais na edição de agosto de 2019, que comemora 59 anos de revista, para você saber qual é a melhor opção.Entraram no ringue VW Amarok V6 Highline, Nissan Frontier LE, Toyota Hilux SRX, Mitsubishi L200 Triton Sport HPE-S e Chevrolet S10 High...
Leia mais
26 JUL
As versões de SUVs compactos vendidos no Brasil que menos desvalorizam
A dianteira exibe nova (no Brasil) identidade visual da marca (Léo Sposito/Quatro Rodas)Você leva em consideração a desvalorização do carro quando vai à concessionária ou a uma loja de usados comprar seu carro? Dependendo do modelo e da versão escolhida, você vai perder mais ou menos dinheiro na hora da revenda.A KBB, consultoria especializada em preços de carros, forneceu em primeira mão a QUATRO RODAS uma pesquisa sobre as desvalorização de SUVs compactos no Brasil.O estudo...
Leia mais
26 JUL
Comparativo: Mercedes C 63 S e Audi RS 5 em pega de 1.000 cv e R$ 1 milhão
Dupla personalidade: AMG, mais austero; RS, mais descolado (Christian Castanho/Foto/Quatro Rodas)Olhe bem esta dupla. Como poucos, estes dois esportivos impressionam mesmo parados e com motor desligado. Para tudo! Ao juntar um Mercedes-AMG C 63 S e um Audi RS 5 Coupé, qualquer narrativa conceitual é mera perda tempo. Então, vamos às apresentações. Solicitamos à Mercedes a versão cupê, rival direta do RS 5, mas só a carroceria sedã estava disponível. Isso não chega a ser um...
Leia mais