A RS 6 vai ao escritório, busca o bebê no médico e leva a filha mais velha na prova do vestibular. Esta perua é mais rápida que os portões do Enem
Se toda a indústria automotiva coubesse em uma sala de aula, a Audi estaria entre os primeiros da turma. É a marca que mais investe em peruas – a melhor silhueta que há -, e manja muito de química. Descobriu sozinha que um “carro de mãe” pode ser misturado com um motor V8 4.0 biturbo de 605 cv.
O resultado é a solução homogênea destas páginas, a RS 6 Avant. Repare no visual: não há truques de estilo para ressaltar esportividade. Assim como o professor de português condena clichês, a marca abriu mão de recursos desgastados, como pinças de freio vermelhas, rodas pretas ou faróis com lente escurecida.
Este sleeper tem visual discreto – na medida do possível -, pois é difícil passar despercebido com um bólido de 4,98 m.

O disco de freio dianteiro mede 15,4 polegadas, o mesmo que uma roda do VW Up! (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Das aulas de redação, a Audi aprendeu os superlativos. A Avant tem 1.950 kg, rodas aro 21, máxima de 305 km/h e porta-malas para 565 litros. O disco de freio dianteiro (de cerâmica) mede 15,4 polegadas – o mesmo que uma roda do VW Up!
A matéria ficou tão extensa que não cabe em uma aula só – precisa de dobradinha: aproveitamos o tempo extra e fomos para a pista de testes.
No asfalto de Limeira (SP), a perua RS 6 foi de 0 a 100 km/h em 3,6 segundos – resultado quase parelho ao monstro Nissan GT-R, que marcou 3,3 segundos. Os números de retomada são igualmente surpreendentes (veja na página ao lado), assim como os de frenagem.
Apesar de ter 1.950 kg, o pedal de freio funciona como uma âncora. Precisamos de apenas 15,9 metros para ir de 60 km/h à parada total.

Na pista, o RS 6 fez o 0 a 100 em apenas 3,6 segundos (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Nos minutos finais da avaliação, a única nota baixa: 6,5 km/l em ciclo urbano e 10,7 no rodoviário (com gasolina). Mas vale lembrar: trata-se de um V8 de 605 cv instalado em um carro de quase 2 toneladas.
Por dentro, o acabamento é impecável. Os bancos simulam assentos do tipo concha, e até quem viaja atrás conta com abas laterais para garantir suporte ao corpo em curvas. Contudo, só há quatro vagas – e não faltará candidatos a uma voltinha.

Tela central é rebatível e exibe dados do carro (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A lista de equipamentos inclui ar-condicionado de quatro zonas, direção com ajuste elétrico, acabamento de couro e painéis de carbono, faróis full led, sistema de visão noturna e alerta de pressão dos pneus.

Interior com o pacote Design RS tem detalhes em azul, Alcantara e fibra de carbono aparente (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O sistema de som foi desenvolvido em conjunto com a grife Bang & Olufsen. No canto do painel, dois twitters erguem-se quando o multimídia é acionado. Uma tela retrátil entra em ação, no centro do painel, e exibe a imagem da câmera de ré.

Encostos traseiros têm abas para dar suporte ao corpo (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O RS 6 pertence a uma geração anterior da Audi – a marca está em processo de renovação da linha. Então, a perua ainda não recebeu o Virtual Cockpit. Ocentro do quadro de instrumentos é digital, mas conta-giros e velocímetro são analógicos.

Painel mescla relógios analógicos com display digital (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O motorista pode escolher entre quatro modos de condução (Christian Castanho/Quatro Rodas)
UM CARRO EM VÁRIOS
No começo do texto, defendemos que peruas têm a melhor configuração possível. E isso não é exagero. Comportam famílias com conforto e muito espaço para bagagem (565 litros, mais do que os SUV de porte semelhante), oferecem posição de dirigir igual à de sedãs ou hatches, têm comportamento dinâmico mais seguro e tendem a ir melhor em testes de colisão e frenagem.

O porta-malas é para 565 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Tudo isso somado ao motor V8 4.0 da marca, a RS 6 é o único carro que você precisa ter na garagem. Dependendo da localidade e condições do piso, essa Avant pode superar até o Audi R8.
O superesportivo recém-reestilizado é o último da marca equipado com motor aspirado (V10 5.0), e a perua conta com dois turbocompressores. Em outras palavras, sofre bem menos com perda de potência em altitudes elevadas.
Mas não existe almoço grátis. Lembra da história do exagero nos superlativos? Opreço não é diferente: R$ 669.990. É uma pechincha se comparada ao R8, que sai por R$ 1,17 milhão e tem desempenho semelhante, ou uma insanidade, se comparado ao valor de um apartamento em região nobre para a filha morar após a faculdade.
Mas um problema de cada vez: o primeiro passo é chegar a tempo no dia de prestar o Enem.

Freios de cerâmica e rodas de 21 polegadas (Christian Castanho/Quatro Rodas)